Professoras e professores de Canindé de São Francisco retomam aulas, após greve, nesta segunda, dia 30

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Após 13 dias de paralisação, sendo 5 deles ocupando o prédio da secretaria municipal de educação, professoras e professores da rede de ensino de Canindé de São Francisco decidiram suspender na última sexta-feira, dia 27, a greve da categoria. O retorno das aulas aconteceu nesta segunda-feira, dia 30.

A decisão pelo final do movimento grevista veio após a garantia da gestão do prefeito Weldo Mariano, em audiência com o SINTESE, de que no próximo dia 16 de novembro irá receber os representantes do Sindicato para apresentar proposta sobre a devolução e continuidade do pagamento do adicional de 1/3 nos salários para professoras e professores que têm 25 anos ou mais de carreira.

As professoras e professores deliberaram ainda paralisação no dia 16 de novembro, para acompanhar a audiência, e nova assembleia para decidir sobre os encaminhamentos de luta, diante da proposta que será apresentada pela prefeitura.

“Finalizamos a greve, mas a luta dos professores de Canindé não acaba por aqui. Estaremos vigilantes e dia 16 de novembro temos uma nova missão de acompanhar a audiência entre SINTESE e prefeitura. Não vamos arrefecer, não vamos aceitar nenhum direito a menos”, fez questão de colocar o coordenador do SINTESE na região do Alto Sertão, professor Cloverton Santos.

É importante destacar que os problemas da educação em Canindé de São Francisco estão longe de ser de ordem financeira. O município está entre os que têm a maior receita do estado de Sergipe, ou seja, dinheiro tem, o que falta é vontade política e uma boa gestão por parte do prefeito Weldo Mariano.

Abandono da educação

Ao logo dos 13 dias de greve, professoras e professores fizeram questão de denunciar também que a gestão de Weldo Mariano não tem desrespeitado apenas o direito de professoras e professores, mas a educação do município como um todo.

A falta de compromisso é vista quando o assunto é transporte e alimentação escolar. Antes mesmo da greve, por diversas vezes, estudantes deixaram de ir às aulas porque não havia transporte escolar. Atualmente há uma ameaça das empresas que prestam serviço para a prefeitura de Canindé de São Francisco, realizando o transporte de estudantes, de suspender o serviço por falta de pagamento.

Com relação a alimentação escolar o que se vê é um total descaso com o aspecto nutricional e descumprimento do que estabelece o Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Os lanches prontos (biscoitos e sucos de caixa) têm sido os principais alimentos ofertados aos estudantes, isso, quando algo é oferecido.

Sabemos que a alimentação escolar, pelo o que determina o PNAE, deve ser rica e diversas, atendo as necessidades dos estudantes nas diferentes faixas etárias e período de estudo. Deve ser comida “de verdade”, que contribua para o desenvolvimento cognitivo e aprendizagem dos estudantes.

Sabemos ainda que muitas das vezes, infelizmente, a alimentação escolar é a única alimentação digna que nossos estudantes têm acesso ao longo do dia. Ou seja, ao negar alimentação escolar de qualidade a prefeitura de Canindé ainda contribuí para o triste cenário da fome.

Quando o assunto é estrutura das escolas a precariedade também tem sido marca da gestão de Weldo Mariano. As salas de aula não são climatizadas ou sequer têm ventiladores suficientes. O calor é intenso em Canindé e, principalmente no período da primavera e do verão, é comum professores e estudantes passarem mal, dentro da sala de aula, chegam até a desmaiar, devido ao forte calor. A necessidade de reformas gerais nos prédios das escolas municipais é urgente.

Professor da rede municipal de ensino de Canindé, Zé Dias, esteve junto a suas companheiras e companheiros de luta nestes 13 dias de greve e fez questão de apontar que as maldades de Weldo Mariano não são somente contra os professores, mas, sim, contra a educação como um todo.

“As escolas municipais estão praticamente abandonadas. As nossas escolas, nessa estação do ano, as salas são muito quentes. Não tem climatização, não tem ventilador suficiente, não existe ar-condicionado. É insuportável ministrar aulas nessas condições. A alimentação escolar também deixa a desejar, quando tem, nem sempre é de qualidade. Com relação ao transporte escolar, volta e meia os estudantes deixam de ir para a escola porque não há transporte para pegar e levar. No geral, a rede de ensino de Canindé tem diversos problemas, infelizmente”, conta o professor.

A situação é tão grave que as professoras e professores temem a falta de alimentação escolar e de transporte escolar para estudantes agora no retorno da categoria, após a greve.

Greve não trará ônus aos estudantes

As professoras e professores de Canindé de São Francisco reafirmar que nenhum estudante será prejudicado pelo movimento grevistas e que o calendário escolar será reformulado e que todas as aulas a serão repostas