Olhando de fora ninguém imagina que o pequeno prédio, cercado de frondosos pés de cajá, que abriga o Colégio Estadual Frei Inocêncio, oferece grande risco à segurança e a vida de estudantes, professoras, professores e demais funcionários da escola. A unidade de ensino está localizada no povoado Sobrado, em Nossa Senhora do Socorro.
O Colégio foi inaugurado na década de 1970 de lá pra cá, mais de 50 anos se passaram, e nenhuma grande reforma foi feita no prédio da unidade de ensino.
O resultado da falta de manutenção foi um princípio de incêndio na cozinha da escola, no último mês de maio. Um curto-circuito queimou o micro-ondas e várias tomadas da cozinha. Graças a agilidade da equipe do Colégio danos maiores não foram gerados.
Mas o risco de um novo foco de incêndio se iniciar, a qualquer momento, não está descartado e agora está ainda mais iminente já que as tomadas queimaram e os eletrodomésticos da cozinha estão ligados em extensões, o que pode provocar uma sobrecarga elétrica.
Além do uso de extensões, fios elétricos expostos são vistos em várias partes do Colégio, o que também pode gerar acidentes pela facilidade de contato de estudantes e professores com os mesmos.
Por conta da instabilidade elétrica, gerada pela total falta de renovação e manutenção da rede, apenas um bebedouro de água funciona em toda a escola. Atualmente, de acordo com informações presentes no site da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), 384 estudantes estão matriculados no Colégio Estadual Frei Inocêncio.
Trezentos e oitenta e quatro estudantes e apenas um bebedouro.
Instalar ventiladores nas salas de aula só foi possível porque professoras e professores fizeram uma “cotinha”, ou seja, tiraram dinheiro do próprio bolso, para comprar a fiação elétrica necessária para a instalação.
Professoras e professores, que passam por um processo de desvalorização, de perda e congelamento de direitos, tiveram que sacrificar ainda mais suas vidas financeiras para ofertar condições menos insalubres de ensino e aprendizagem a seus estudantes.
Até agora a propaganda do governador do estado, Fabio Mitidieri e do secretário de estado da educação, Zezinho Sobral, não passou nem perto do Colégio Estadual Frei Inocêncio, que segue enfrentando problemas graves das mais diversas ordens e que podem culminar em uma tragédia fatal.
Caixa d’água representa risco
Outro grave problema é a caixa d’água da unidade de ensino, que corre sério risco de desabamento, o que poderia gerar uma tragédia sem precedentes na escola.
Ao invés de ter o peso sustentado por pilares de concreto, a caixa d’água está sendo sustentada por uma base de madeira. O peso é muito grande e se torna ainda mais arriscado porque frequentemente a caixa d’água transborda.
Em uma das vezes que a caixa d’água transbordou a sala da direção ficou inundada. O computador e a CPU da diretora da escola queimaram, trazendo prejuízos para a unidade de ensino. Os funcionários da escola afirmam que já foi feito de tudo para evitar o transbordamento da caixa, já foram trocadas bomba e boia, mas nada adiantou.
A Secretaria de Estado da Educação precisa tomar uma providência urgente com relação a caixa d’água. Deixar do jeito que está é negligência e cumplicidade, caso um acidente grave ocorra e ameace ou tire a vida de algum membro da unidade de ensino.
O SINTESE denunciou ao Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil o potencial risco de incêndio e de desabamento da caixa d’agua, por meio de ofício. Um outro ofício também foi enviado a Seduc exigindo que medidas sejam imediatamente tomadas.
A dirigente do SINTESE e representante do Sindicato no Conselho do Fundeb, professora Adenilde Dantas, que está acompanhado de perto a situação do Colégio Estadual Frei Inocêncio, também fez a denúncia junto ao Conselho Estadual do Fundeb, no último dia 11 de junho e esteve pessoalmente no setor de engenharia da Seduc para cobrar providências.
“É muito grave a situação. Estamos falando de um risco real, de uma tragédia anunciada, caso a Seduc não assuma sua responsabilidade e tome todas as providências cabíveis. Não estamos falando somente de uma estrutura ruim, que de fato também é uma realidade no Colégio Frei Inocêncio, estamos falando de ameaça à segurança, integridade física e vida crianças, adolescentes, professores e funcionários. Os ofícios enviados pelo SINTESE aos Bombeiros, Defesa Civil e para a própria Seduc são mais que um alerta: são um pedido de socorro. É urgente”, relata a professora Adenilde Dantas.
Estrutura pequena e precária
E os problemas do Colégio Estadual Frei Inocêncio não param por aí. A estrutura física da escola também é precária.
Atualmente o banheiro feminino está desativado. Dos quatro box com vazo sanitário, apenas três têm portas, com isso as meninas não tinham qualquer privacidade e então o banheiro foi desativado. Agora para fazer suas necessidades as meninas contam apenas com dois banheiros: o feminino para pessoas com deficiência e o masculino para pessoas com deficiência.
O banheiro masculino foi recentemente reativado, a situação, que perdurou meses, era ainda pior para os meninos que na época só contaram com um banheiro.
Lembrando, mais uma vez, são 384 estudantes matriculados no Colégio Estadual Frei Inocêncio.
Embora tenha um terreno imenso, a área construída da unidade de ensino é muito pequena. Os estudantes não contam com quadra esportiva, nem com refeitório. O pequeno espaço coberto do pátio serve para tudo: é onde as crianças e jovens fazem educação física, fazem suas refeições e interagem na hora do recreio.
A biblioteca foi desativada para dar espaço a mais uma sala de aula, pois há uma grande procura pela comunidade local para matricular seus filhos e filhas no Frei Inocêncio. Os livros estão na sala que hoje funciona, ao mesmo tempo, a coordenação e direção da escola e a sala dos professores.
Há espaço físico, há procura por matrículas, mas não há compromisso ou vontade por parte da Secretaria de Estado da Educação em realizar a ampliação do Colégio.
“Embora todas as dificuldades, há um bom trabalho sendo desenvolvido por professoras e professores no Frei Inocêncio, com isso há uma grande busca por matrícula, mas a escola não tem como absorver estes estudantes, que acabam tendo que ir para escolas bem distantes de sua comunidade, porque o espaço construído é muito pequeno, embora haja espaço suficiente para ampliação. O que a gente vê no Frei Inocêncio é fruto de descaso, de negligência e de insensibilidade por parte da Secretaria de Estado da Educação, ao longo de anos, e este ciclo precisa ser rompido de imediato, com reforma e com ampliação da unidade de ensino, antes que seja rompido por uma tragédia”, faz o alerta a dirigente do SINTESE, professora Adenilde Dantas.