A forma como a mídia faz a cobertura dessas tragédias naturais espetaculariza de tal forma que impede a população de entender como e porque acontecem esses fenômenos. Entender é fundamental para que possamos saber como nos precaver e evitar tantas mortes. Parece ser intencional para impedir a compreensão da sociedade sobre causas e conseqüências, inclusive, como cidadãos, reinvidicar maior atuação do Estado na prevenção e precaução de tais fenômenos.
A maneira como a imprensa burguesa trata estes acontecimentos (vulcões, terremotos e enchentes), ao invés de provocar reflexões na sociedade sobre o nosso lugar em relação a natureza, secundariza informando que aconteceu o fenômeno e quantas mortes provocaram, numa clara tentativa de culpa divina. O debate apenas é gerando como interrupção de trânsito, perda do imobiliário de alguém, casas que desabam, ou seja, algo que interrompeu a nossa rotina urbana. A idéia trabalhada é que, nós urbanos, estamos além da natureza, somos seres sobrenaturais que não dependemos da natureza para seguir nossa vida de compromissos. Assim, ninguém está preocupado em preservação da natureza ou mesmo de cobrar respeito com as áreas de preservação permanente, deixando terreno livre para especulação e o lucro.
Uma das principais preocupações dos meios de comunicações é estabelecer um limite de cobertura jornalística que estabeleça a ausência de uma reflexão sobre a idéia de limite que devemos ter sobre a natureza. Entretanto, temos limites de ocupação no planeta Terra. Não se pode ocupar o fundo dos mares, os arcos vulcânicos, as bordas de placas tectônicas ativas, como o Japão e o Chile, ou áreas de marés com nos Bairros Coroa do Meio, Aruana e Jardins em Aracaju sem conseqüências. A natureza tem seus limites e revida na intensidade de sua destruição.
O que está acontecendo agora com as usinas nucleares japonesas atingidas pelo grande terremoto do dia 11 de março é mais um alarmante indicativo do tipo de tragédia que pode atingir o mundo globalmente. O país construiu Usinas Nucleares em áreas de riscos em regiões altamente sísmicas. Agora estamos vivendo uma situação de vazamento nuclear que poderá ter proporções mundiais. Podendo ter outros tremores de terra nos próximos dias que, com certeza, agravará, ainda mais, a situação das usinas nucleares.
O terremoto é uma vibração que se movimenta pela crosta terrestre e afetam uma área relativamente grande, como uma cidade inteira. Vários fatores podem causar terremotos: Erupções vulcânicas, Impactos de meteoros com a terra, Explosões subterrâneas (um teste nuclear subterrâneo, por exemplo) ou Estruturas rochosas que desmoronam (como uma mina). Mas a maioria dos terremotos que ocorre naturalmente são causados pelos movimentos das placas terrestres (placas tectônicas).
Somente ouvimos falar sobre esses fenômenos na mídia quando acontecem fortes tremores de terra em grandes cidades que causam destruições e mortes. Entretanto, eles ocorrem todos os dias no nosso planeta. Estudos têm mostrado que acontecem mais de três milhões de terremotos todos os anos pelo planeta o que gera uma média de 8 mil por dia ou um a cada 11 segundos. A vasta maioria destes 3 milhões de tremores é extremamente fraco. Mas um bom número dos tremores mais fortes aconteça em lugares não habitados, onde ninguém os sente, entretanto, o processo de colonização capitalista de todo mundo está levando áreas antes desabitadas a serem excelentes espaços de exploração. Assim os grandes terremotos, quando ocorrem em áreas populosas chamam a atenção e a mídia que os transforma no espetáculo da informação.
Estima-se que os terremotos já causaram cerca de 1,5 milhões de mortes humanas ao longo dos anos. Geralmente, não é o tremor de terra em si que mata, é a destruição de estruturas feitas pelo homem e outros desastres naturais conseqüentes dos terremotos, tais como os tsunamis (ondas gigantes como aconteceu no Japão), as avalanches e os deslizamentos de terra. Os estudos sobre esse fenômeno resultaram na proposição pelos cientistas da teoria das placas tectônicas para explicar uma série de fenômenos peculiares na terra, tais como o movimento aparente dos continentes ao longo do tempo, as regiões de atividade vulcânica e a presença de enormes sulcos (falhas) no fundo do oceano.
A teoria básica é que a camada superficial da terra, a litosfera, é formada por muitas placas que deslizam sobre uma zona do manto externo. Nos limites entre estas placas enormes de solo e pedra, três coisas diferentes podem acontecer: as placas podem se deslocar para lados diferentes, na medida que as duas placas estão se separando, rochas quentes derretidas fluem das camadas do manto abaixo da litosfera. Este magma (lava) sobe para a superfície (do fundo do oceano). Quando a lava se esfria, ela endurece e forma novo material de litosfera, ou seja, as rochas magmáticas, preenchendo a fenda; as placas podem colidir, assim elas se movimentam uma em direção à outra geralmente deslizando para baixo da outra. A placa que submerge, afunda nas camadas mais baixas do manto, onde derrete devido o elevado calor. Quando elas se encontram e nenhuma está em posição para submergir ambas se empurram uma contra a outra para formar montanhas; e as placas deslizam uma contra a outra em direções opostas não se encontrando diretamente. Nestes limites de transformação, elas são empurradas bem próximo uma da outra. Uma grande quantidade de tensão se forma nos limites das falhas Os cientistas identificam quatro tipos de falhas, caracterizados pela posição do plano de falha, a fissura na rocha e o movimento de dois blocos de rocha. A falha geológica, bloco de rocha posicionado acima do plano, empurra para baixo ao longo da placa inferior. A placa inferior empurra para cima, de encontro à rocha superior. Estas falhas ocorrem onde a crosta está sendo separada, devido à pressão de limites de placas divergentes. Em todas as situações acontecem os tremores de terra.
O Brasil pelo fato de está situado em cima de uma única placa tectônica não acontecem tremores em grande intensidade. Apesar disso, alguns tremores são identificados no país, causados principalmente por pequenos desgastes ou rachaduras ocorridos na nossa placa tectônica ou por reflexos de terremotos ocorridos em regiões vizinhas, como a Cordilheira dos Andes.
Em 2006, moradores do município de Propriá em Sergipe e de cidades Alagoanas à margem do São Francisco ficaram assustados com os tremores de terra. Não houve vítimas, mas o tremor balançou casas e prédios. O observatório sismológico de Brasília confirmou o tremor, informando que na região existe uma falha geológica de pequena dimensão, nada que preocupe realmente. Entretanto, esclareceu que o tremor chegou a 3,3 na Escala Richter, talvez até 3,5 diante das informações que obtiveram de populares. O observatório não descarta novos tremores na região, exatamente onde o Governo do Estado quer instalar uma Usina Nuclear.
A possibilidade do Estado de Sergipe ser palco para instalação de uma Usina Nuclear deve ser revisto. O debate atual, em todo mundo, são os governos investindo em energia renovável (eólica, solar, ondas do mar, e hidráulica). O Estado não necessita de uma bomba relógio em seu território. O cenário que a população japonesa, retirada das proximidades das usinas nucleares, devido os riscos de contaminação estão vivendo hoje, poderemos está vivendo no futuro. O Estado e o povo sergipano não precisam viver isso. A exploração da natureza tem limites e ela está dando sinais disso.