Um novo instrumento de autorização promete intensificar a supervisão de cursos superiores de pedagogia do País. A medida, publicada pelo MEC (Ministério da Educação), no último dia 28, pretende incluir algumas exigências no currículo de formação universitária, como a estipulação de que 70% da carga horária do curso seja voltada a formação do professor e a verificação da bibliografia específica do curso.
O documento, que autoriza a instituição de novos cursos e a manutenção dos já existentes, determinará a inclusão de brinquedoteca, laboratórios de informática e ensino e um maior contato dos estudantes com alunos desde o primeiro ano da faculdade. Além disso, o MEC se responsabiliza por checar se a bibliografia utilizada pelos alunos está adequada para o curso.
Para a coordenadora do colegiado de pedagogia da Fundação Santo André, Marta Olivi, a proposta trará perda no conteúdo específico do ensino. “Nesta alteração, acredito ter havido uma perda na formação, diminuindo a carga horária de formação específica, que será agora complementada nos cursos de pós-graduação”, explica. Segundo Marta, a solução do ensino no Brasil não se resolve com mudanças no ensino superior, mas sim a partir da educação básica.
Na visão da coordenadora do curso de Pedagogia da Umesp (Universidade Metodista do Estado de São Paulo), Mara Pavani da Silva Gomes, a pesquisa realizada pelo MEC está desvinculada da prática observada nos dias de hoje. “Precisamos analisar melhor esta proposta. Não há como preparar para ensinar sem políticas claras com relação aos estágios”, observa a educadora.
Outro ponto destacado por Mara é a necessidade de que os alunos aprendam e, para tanto, é indicado que os cursos colaborem preparando efetivamente o futuro professor comprometido com a educação.
O ingresso na carreira é outra medida usada pelo MEC como forma de valorização do magistério. No segundo semestre deste ano, será lançado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira) uma matriz para uma prova nacional de concurso para professores, que será aplicada em sua primeira edição no primeiro semestre de 2010. Com a prova, será constituído um banco de professores formados com uma nota que poderá ser utilizada para contratação.
Cursos são reprovados em avaliação
Um processo de avaliação da Comissão de Especialistas nomeada pelo MEC apontou que 17 dos 60 cursos de pedagogia e normal superior do País estão em fase de extinção. Os 49 cursos de pedagogia e 11 cursos de normal superior sob supervisão apresentaram conceitos insatisfatórios no Enade (Exame Nacional de Avaliação do Desempenho de Estudantes) realizado em 2005. Durante as visitas realizadas pela Comissão, aspectos como o projeto pedagógico do curso, a infra-estrutura da instituição e a composição do corpo docente foram levados em conta. (Colaborou Natália Fernandjes)
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