Para aqueles que conhecem pela primeira vez o forródromo do município de Areia Branca, situado a 32km de Aracaju, é difícil acreditar que os dois pequenos pavilhões que ficam em sua entrada abrigam o Colégio Estadual Governador João Alves Filho. Atualmente, de acordo com dados disponíveis no site da Secretaria de Estado da Educação (SEED), a unidade de ensino atende a 562 estudantes, do 8º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio.
O prédio pertence ao munícipio de Areia Branca e foi cedido ao Governo do Estado para que o Colégio funcionasse. Antes de servir com colégio os dois pavilhões, que contam com seis salas ao todo (três em um pavilhão e outras três no outro), eram usados, na época dos festejos juninos, por órgão como Polícia Militar, Secretaria de Saúde, Defesa Civil, entre outros, para dar apoio aos eventos que aconteciam no forródromo.
Estrutura precária
O espaço é totalmente inadequado para o funcionamento de um colégio. Não há área de lazer e socialização, os estudantes passam o intervalo nos estreitos corredores do prédio. Não há quadra de esporte. As aulas de educação física são realizadas no forródromo.
Em uma das salas o forro do teto está prestes a desabar e mesmo na iminência de um acidente, as aulas continuam sendo ministradas neste espaço, pois não há outra sala disponível. Não há espaço suficiente para guardar todos os livros didáticos da unidade de ensino, com isso eles ficam empilhados no corredor da sala dos professores e embaixo de mesas. Apesar de ter computadores, a sala de informática não funciona, os equipamentos estão desligados e amontados sobre o balcão da sala.
Os bebedouros são sujos e ficam ao lado do banheiro. Os estudantes disseram que a água tem gosto ruim e que preferem trazer água de casa a beber a água que sai do bebedouro. Em ambos os pavilhões, duas das três salas de aula ficam lado a lado com os banheiros utilizados pelos estudantes e algumas vezes o mau odor que sai dos banheiros adentra as salas de aula.
Os professores Colégio Estadual Governador João Alves Filho contam que como o Colégio fica em um ponto mais alto do forródromo, quando há festas muitos foliões utilizam os corredores da unidade de ensino como “camarote” e após a festa o local fica tomada por garrafas de bebida quebras e bitucas de cigarro. Isso acontece porque não há nada que impeça o acesso ao corredor, basta subir e pular a mureta para entrar na unidade de ensino.
Alimentação inadequada
Como em boa parte das escolas estaduais de Sergipe a alimentação dos estudantes do Colégio Estadual Governador João Alves Filho se resume a broa, biscoito Maria e suco de caixa, em total desacordo com o estabelecido pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Dos três freezers pertencentes à cozinha da unidade de ensino, apenas um funciona. O fogão também está quebrado, das seis bocas somente uma está fucionando. O cardápio enviado pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) está fixado na parede da cozinha. No entanto, é impossível executá-lo, não só pelo problema com o fogão, mas também porque nem todos os gêneros alimentícios estabelecidos no cardápio chegam ao Colégio.
Quando o SINTESE esteve na unidade de ensino, no final do mês de julho, na dispensa de alimentos havia, além de muitos pacotes de biscoito Maria e muitas caixas de suco de caju, arroz, massa de milho e feijão. No freezer havia carne, no entanto não tinha nenhum tempero, nem sal, para realizar o preparo dos alimentos. A merendeira narrou que quando quer fazer algo diferente ou ela ou alguns alunos têm que trazer temperos de casa.
Falta de funcionários
Outro grave problema enfrentado pelos professores e estudantes do Colégio Estadual Governador João Alves Filho é a falta de funcionários. Não há merendeira no turno da tarde, somente pela manhã.
A merendeira do turno da manhã acumula uma série de funções devido ao problema de falta de funcionários. Ela faz a limpeza da escola, já que os dois executores de serviços básicos estão de licença. A merendeira auxilia também em serviços da secretaria do colégio, pois faltam funcionários no setor administrativo. Ela contou que às vezes chega a trabalhar 12 horas em um único dia.
“É um absurdo a situação do Colégio Estadual Governador João Alves Filho em todos os aspectos. A começar pelo local que jamais deveria estar abrigando uma escola e depois as condições precárias para funcionamento. Uma escola não funciona apenas com estudantes e professores em sala de aula, ela precisa de merendeiras, de auxiliares administrativos, de executores de serviços básico para que seja assegurado o bom andamento das aulas. O processo de ensino e aprendizagem também perpassa por alimentação adequada e de qualidade, por espaços limpos, amplos e prazerosos. Mas infelizmente o que o governo do estado oferece aos filhos dos trabalhadores são escolas feias, caindo aos pedaços, salas e banheiros sujos, suco de caixa e broa”, aponta a diretora do departamento de Base Estadual do SINTESE, professora Ubaldina Fonseca.