Colóquio de Narrativas Negras e Indígenas, mais uma vez, promove multiplicidade de saberes

306

No último sábado, dia 20, construímos mais um Colóquio de Narrativas Negras e Indígenas para além do 19 de abril e do 20 de novembro, que acontece na Central Única dos Trabalhadores (CUT), com o tema “(In)visibilidade e multiplicidade dos saberes decoloniais”.

Um dia muito especial, construído pelo Coletivo Antirracista do SINTESE Kilomaloca, no qual saberes populares e conhecimentos científicos se entrelaçaram em uma dança repleta de cores, magia, lugares e pessoas. Histórias compartilhadas em forma de narrativas com o público presente.

Tivemos a honra de trazer para esta atividade, para dividirem um pouco de seus sabres e ancestralidades, a parteira e rezadeira do sertão sergipano, Zefa da Guia; a mestra em cultura popular, líder comunitária, Josefa do Sítio Alto; o ex-cacique, ancião do povo Xokó, Heleno Lima Xokó e o professor, pesquisador e artista, Wendel Salvador.

Dona Zefa da Guia falou sobre os mais de 5 mil partos que já fez, sobre os cuidados da saúde das mulheres da região, sobre as ervas que curam, sobre espiritualidade e bondade. A nossa mestre em cultura popular, Josefa do Sítio Alto, contou sobre a história do seu povoado, localizado em Simão Dias, um povo sofrido, esquecido por anos pelas políticas públicas, mas muito guerreiro e batalhador, que mesmo nas dores e perdas fazem canções para não esquecerem que aquele pode ter sido um dia ruim, mas novos dias virão e com eles as vitórias.

O ex-cacique, Heleno Xokó, contou sobre a luta de seu povo pela terra, sobre as tentativas dos homens brancos de apagarem a história e a identidade do povo Xokó e sobre a resistência do Xokó pela terra, pela história, por retomada de sua cultura e pela ancestralidade. O professor da Rede Estadual de Ensino, Wendel Salvador, sempre presente nas atividades do Coletivo Kilomaloca, compartilhou com o público os estudos que está fazendo e trouxe um debate sobre “De-colonização das retinas: imagem e imaginário”, que tratou como as imagens construídas de negros e indígenas, ao longo da história, contribuíram para reforça estereótipos e preconceitos e sobre a necessidade de se descontruir e reconstruir essas imagens.

Para a dirigente do SINTESE e membro do Coletivo Kilomaloca, professora Arlete Silva, não há dúvidas, que mais uma vez, realizamos um espaço de forte e ancestral, que todas e todos presentes saem regados de novos saberes e de novas energias.

“Cada vez mais os nossos Colóquios se superam pelos debates e narrativas que vem sendo trazidas e este sentimento é compartilhado não só por nós do SINTESE, mas por todo público que sempre se faz presente. Para quem não pôde participar, vem para o próximo Colóquio, se faça presente, neste que é um espaço de formação, de troca e de fortalecimento. Esperamos você”, faz o convite a professora Arlete Silva.