Professores, pais e alunos da Escola Estadual Desembargador João Bosco de Andrade Lima, localizada no conjunto Bugio, em Aracaju, fizeram nesta quinta-feira, 12, ato para exigir da Secretaria de Estado da Educação (SEED) a reforma urgente do prédio que abriga a instituição. Inaugurada em 1982 a Escola, que atende crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, nunca passou por nenhuma reforma em sua estrutura física.
A professora do 4º ano, Rita Lanei, conta que há muitos anos a comunidade escolar solicita uma reforma no prédio. “Estamos a 30 anos clamando por esta reforma. Este ato de hoje é uma resposta ao descaso do governo. Acreditamos que a mobilização na rua seja a única forma de chamarmos atenção para a situação calamitosa da Escola João Bosco. Não podemos mais ficar assim. Reforma já!”, pede a professora.
A Escola está tomada por rachaduras, tanto nos muros com dentro das salas de aula. Nas salas as rachaduras vão do chão até as paredes, o que coloca em risco alunos, professores e funcionário. Para ter uma ideia de dimensão do problema, no ano de 2012, a Defesa Civil esteve na escola e deu um laudo de que a instituição deveria passar por uma reforma urgente, antes que o prédio fosse totalmente condenado. A SEED, ao invés de seguir o parecer dado pela Defesa Civil, apenas rebocou as rachaduras maiores. Novas rachaduras continuam a aparecer a cada dia.
A funcionária da escola, Daniela Santos, coloca que a situação é preocupante e que não há condições de trabalho, nem de aprendizagem em um ambiente tão problemático. “Se a Secretaria de Educação não fizer uma reforma urgente, a escola vai ter que parar. Não dá para deixar do jeito que está. A escola não oferece estrutura digna para alunos e professores. É uma vergonha as crianças terem que sair de suas salas de aula para protestar por um direito que é delas”, observa Daniela.
Condições precárias
Alunos e professores são obrigados a conviver com ratos e baratas, não só no pátio, mas também dentro das salas, corredores e banheiros. Há apenas um bebedouro, em condições precárias, para atender a todos os alunos. A merenda escolar é irregular, na maioria das vezes são oferecidos alimentos prontos como bolachas e broa. Quando há alimentos para serem preparados na escola, não são suficientes para uma refeição completa. Se tem arroz não tem feijão, se tem feijão, não tem carne, e mesmo quando tem todos os ingredientes, faltam os temperos para prepará-los. Várias vezes os professores tiveram que tirar dinheiro do próprio bolso para comprar os temperos que faltavam.
Os professores acreditam que a água utilizada para cozer alimentos e para beber pode estar contaminada, já que caixa de água da fica no chão e está afundando na terra. O reservatório é muito próximo ao muro da escola, onde do lado externo os moradores da região depositam uma grande quantidade de lixo, que pode estar contaminado o solo e consequentemente a água reservada na caixa.
Não há serventes para fazer a limpeza diária da escola, a sujeira está por toda parte. O calor e o mau cheiro predominam no ambiente, já que os ventiladores estão quebrados e a fossa entupida. A dona de casa, Antônilda dos Santos, tem três filhos que estudam na Escola. Ela diz que por conta do mau cheiro os professores liberam os alunos mais cedo.
“Ninguém aguenta ficar dentro da escola muito tempo, o cheiro de fossa é insuportável. Os professores estão liberando os alunos mais cedo porque não têm condições de dar aula. Queremos reforma já! Não podemos mais aceitar que nossos filhos estudem em um lugar tão imundo com este”, desabafa a mãe.
Aprendizagem e lazer negados
Apesar de ter uma grande área, a Escola Estadual Desembargador João Bosco, não tem espaço para atividades esportivas e lazer para as crianças que lá estudam. A parte da escola que deveria ser utilizada para estes fins é tomada por mato e buracos de rato. O laboratório de informática não funciona, os computadores estão nas bancadas, fora das caixas há quatro anos e nunca foram ligados porque se forem ligados toda a escola fica sem energia.
Os alunos do 4º ano, Lucas Góes e Adjan dos Santos, sonham com uma escola melhor. “A gente queria que tudo fosse limpo, que os muros não fossem pinchados e que tivessem uma quadra para jogar bola. Mas a nossa escola é imunda, a gente não consegue nem beber água direito porque o bebedouro é sujo. O banheiro também é sujo, tudo é sujo”, apontam as crianças.
A aluna do 5º ano, Maísa Karen, quer que a reforma chegue o mais rápido possível. “Gosto muito de estudar, mas a escola não está boa para estudar. Queria muito que esta reforma acontecesse logo para a escola ficar mais bonita e melhor para nós. Precisamos de reforma urgente”, solicita a menina.
O diretor da Base estadual do SINTESE, Roberto Silva dos Santos, que participou do ato, conta que o Sindicato tomará medidas para que as intervenções necessárias sejam feitas na instituição de ensino. “A situação da escola é insalubre e põe em risco alunos, professores e funcionários. O SINTESE vai enviar ofício para a Defesa Civil, Ministério Público Estadual e Vigilância Sanitária para que a Secretaria de Estado da Educação seja obrigada a tomar providências urgentes. Não há condições da escola funcionar no prédio em que está hoje”, afirma Roberto.