Comunidade escolar faz ato para pedir segurança e condições de ensino e aprendizagem

557
Em reunião que ocorreu no início do mês de julho, a comunidade escolar decidiu fazer ato para chamar atenção da população e das autoridades

Cansados da falta de estrutura, da falta de segurança e da sujeira, professores, estudante, mães e pais Em reunião que ocorreu no início do mês de julho, a comunidade escolar decidiu fazer ato para chamar atenção da população e das autoridades do Colégio Estadual Santos Dumont, localizado no bairro Atalaia, em Aracaju, fazem nesta quinta-feira, 23, ato em frente à unidade de ensino, a partir das 13h. A ideia é chamar atenção da população e das autoridades para o total descaso que o Governo do Estado tem dedicado àquela comunidade escolar.

Insegurança

O Colégio lida com o quantitativo insuficiente de merendeiras, executores de serviços básicos e vigilantes, mesmo antes da greve dos servidores, os estudantes já sofriam com a falta de uma alimentação adequada, com sujeira e com falta de segurança na unidade de ensino.

 A prova da insegurança vivida pela comunidade escolar foi no último dia 12 de junho, quando ladrõesMatagal toma conta das dependências do Colégio armados e encapuzados invadiram o Colégio no turno da noite, horário em que funciona na unidade de ensino o Pré-vestibular do governo do estado (Pré-SEED), e roubaram pertences dos estudantes. As aulas do Pré-SEED, no Colégio Estadual Santos Dumont, foram suspensas por mais de 15 dias, após o ocorrido muitos estudantes ficaram temerosos de retomar as aulas.

Para Michele Correia, mãe da estudante Monique Correia, que cursa o 8º ano do ensino fundamental no Colégio Estadual Santos Dumont, os sentimentos são de medo e de humilhação. “Não tem condições de ter aula diante desta situação. Minha filha e os demais alunos estão expostos ao risco. Me sinto humilhada porque o Estado não reconhece que nós pagamos impostos e este dinheiro não está sendo designado de forma correta para a educação. O problema que vivemos aqui no Colégio Santos Dumont também é visto em várias outras escolas estaduais. Vamos lutar pelo nosso direito e pelo direito de nossos filhos a uma escola decente e segura”, afirma.

A exposição à violência e o problemas com a falta de limpeza e alimentação chegaram a tal ponto, que desde o fim da greve dos professores e retorno das atividades do Colégio, que os estudantes do turno da manhã estão sendo liberados às 9h:30 e os do turno da tarde às 15h:30.

O sentimento de insegurança também toma conta da equipe pedagógica. A falta de vigilantes faz comA alimentação oferecida aos estudantes se resume a broa, rocambole e “suco” de caixinha que, por vezes, a coordenação e direção do Colégio tenham que assumir a portaria e controlar entradas e saídas.

A professora de educação física, Maria Risonete dos Santos, diz que os estudantes recorrentemente sofrem com a falta de segurança tanto no entorno como dentro da unidade de ensino. Ela conta que em 2014 houve uma tentativa de furto na quadra durante uma aula de educação física, no turno da tarde. Para a professora o governo do estado deveria assumir sua responsabilidade e garantir condições dignas para professores e estudantes e mais segurança para a comunidade.

“O Colégio é de todos nós e temos que exigir do governo qualidade, exigir o que está na lei. O governo diz que está tudo em ordem dentro das escolas estaduais. Faz propaganda para criminalizar professor, diz que saímos de greve e que os estudantes foram prejudicados. Mas o governo esquece de dizer que os professores estão sem receber o reajuste do piso, que ensinamos em escolas com estrutura precária, sem segurança, sem alimentação escolar, sem material didático e pedagógico. A situação no Colégio Estadual Santos Dumont é a pior possível, toda esta indefinição causa angustia em nós professores e nos estudantes. Estamos nos sentido inseguros e desamparados. O governo não mostra o que estamos passando”, coloca a professora Maria Risonete dos Santos.

Alimentação inadequada e sujeira

A alimentação escolar dos estudantes do Colégio Estadual Santos Dumont se resume a lanches prontosA falta de executores de serviços básicos faz com que estudantes convivam com banheiros imundos como: rocambole e broa, acompanhados sempre do de uma caneca de néctar de fruta em caixa, o famoso “suco” de caixinha. Uma alimentação rica em açúcar, de baixo teor nutricional e que vai de encontro ao estabelecido pelo Plano Nacional de Alimentação escolar. 

A Resolução 26/2013 do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que dispões sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica, é clara ao colocar que é assegurado aos estudantes da educação básica o direito a uma alimentação escolar adequada e saudável, que compreenda o uso de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis. (Resolução 26/2013 – PNAE, Art. 2, parágrafo I).

Outro sério problema enfrentado por professores e estudantes é a falta de executores de serviços básicos para realizar a limpeza da unidade de ensino. Devido a isso os estudantes são obrigados a conviver com a sujeira e a utilizar banheiros imundos.

Para o vice-presidente do grêmio estudantil do Colégio Estadual Santos Dumont, Jhonata Santos Trindade, o descaso, a falta de segurança e todo o conjunto de privações vividos por professores e estudantes do Colégio Santos Dumont tem gerado a falta de estimulo, medo e desanimo.

“Percebo que meus colegas estão perdendo o estimulo para vir à escola. Eu sempre gostei da escola, de estudar e tudo isso que estamos vivendo aqui também me desanima. A escola deveria mudar a sociedade, mas ao invés disso a violência e o descaso do governo é que estão mudando a escola. Sinto que meu direito e dos meus colegas a educação de qualidade nada representa para este governo. Basta olhar para os lados para ver que aqui onde estudo não há condições de trabalho para os professores, nem de aprendizado para nós estudantes”, desabafa Jhonata Santos Trindade.