Contra reforma do ensino médio, BNCC e desmonte do Estado brasileiro são tratados no último pré-congresso

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BNCC, contra reforma do ensino médio e a política de desmonte do Estado brasileiro foram temas do último pré-congresso

BNCC, contra reforma do ensino médio e a política de desmonte do Estado brasileiro foram temas do último pré-congresso

No último sábado, dia 07, o SINTESE realizou em Aracaju o último pré-congresso. O evento é etapa preparatória para o XVI Congresso Estadual dos Trabalhadores em Educação que acontece de 08 a 11 de novembro no Iate Clube de Aracaju.

“Os pré-congressos foram espaços de ‘esquenta’ do debate para chegarmos a maior instância deliberativa do sindicato que é o congresso, afiados e dispostos para a luta. O cenário é difícil, mas é somente com o debate, a reflexão e a resistência que poderemos superá-lo. E é no nosso congresso que vamos debater a formular nosso plano de lutas para os próximos dois anos”, disse a presidenta do SINTESE, professora Ivonete Cruz.

Fomentaram o debate com o magistério da capital e das cidades de São Cristóvão, Barra dos Coqueiros e Nossa Senhora do Socorro os professores Iran Barbosa, Romero Venâncio da Universidade Federal de Sergipe e André Martins da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os três trataram respectivamente da Base Nacional Comum Curricular, Reforma do Ensino Médio e da Resistência dos Trabalhadores frente às Políticas de Desmonte do Estado Brasileiro.

O professor Iran Barbosa lembrou que o debate de currículo não é um debate novo e que o ensinado e aprendido nas escolas é sempre alvo de disputa de dois projetos. Um projeto defende a educação como instrumento para a emancipação dos indivíduos para que eles possam influir e transformar a sociedade em algo justo e solidário e em outra vertente àqueles que entendem a educação em um viés mercadológico e que beneficia pequenos grupos.

Para Iran o debate de currículo não pode estar descolado do modelo de sociedade que queremos

Para ele a Base Nacional Comum Curricular nos moldes que está sendo apresentada é fragmentada, padronizadora, reduz a aprendizagem, centraliza no controle e é totalmente voltada para o mercado editorial. Em sua proposta o governo federal nunca coloca no debate as condições que o magistério público vivencia hoje.  Isso sem contar com o total alijamento da sociedade no processo de discussão.

Iran aponta também que A BNCC encaminhada apresenta retrocessos preocupantes para diversas áreas do conhecimento. Na História querem voltar a uma compreensão que foi superada no século XIX. Temos que resistir. “A BNCC facilita o trabalho sujo de satanizar, excluir a privatizar a escola pública”, finaliza.

Reforma do Ensino médio é descolada da realidade

Romero Venâncio começou sua fala ratificando que a Reforma do Ensino Médio é uma falácia enquanto projeto educacional e se ancora em uma peça publicitária.

Para Romero a contra reforma do ensino médio é uma falácia ancorada em uma bonita propaganda

Ele lembra que o mesmo governo que “propõe” o Ensino Médio em Tempo Integral (modalidade que consequentemente demanda o dobro de recursos que atualmente são utilizados) é aquele que conseguiu aprovar a PEC 55 que congelou os investimentos públicos para os próximos 20 anos.

“O que temos aqui é uma contra reforma, pois esse projeto é totalmente descolado da realidade, fomentado por pessoas sem experiência pedagógica, que segrega o ensino público e privilegia o ensino privado”, afirmou.

Romero também destaca que o Brasil desde 2013 vem vivendo um momento claramente conservador e que no leque das políticas públicas a serem alteradas a Educação é uma delas.

Ofensiva aos direitos sociais

Teto dos gastos públicos, terceirizações, privatizações, contra reformas (trabalhista e previdenciária), fim da estabilidade dos servidores públicos. Esses são os pilares do desmonte do Estado brasileiro apresentado por André Martins, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Para André Martins é preciso ir além da insatisfação com o atual cenário é preciso lutar para revertê-lo

Ele apresentou detalhes de como cada um desses pilares são formulados e em como a Educação é um dos grandes alvos, pois a contra reforma do ensino médio e a Base Nacional Comum Curricular querem tornar os cidadãos brasileiros legitimadores das políticas neoliberais.

“Temos um conjunto de formulações que integram o projeto neoliberal que visa ampliar a exploração e legitimar a desigualdade para afirmar o interesse da elite”, afirma.

Para combater essa ofensiva, André reafirma que é necessário ir além da insatisfação. É preciso que compreendamos o que está acontecendo e que nos tornemos sujeitos da defesa dos nossos direitos. É dialogar não somente nos espaços de trabalho, mas com as famílias, nos grupos religiosos que se faz parte. É colocar em prática a micropolítica, pois nossos atos agora é que vão dizer produzirão impactos para o futuro.