O sentimento de medo está presente na Escola Estadual Felisberto Freire, localizada no município de Itaporanga d’ Ajuda. Na tarde de terça-feira, 21, ladrões invadiram a escola, roubaram diversos equipamentos e picharam nas paredes ameaças a professores da unidade de ensino. Um das mensagens se dirigia diretamente ao professor Julierme de Almeida Santos e dizia: “Julierme você é o próximo”.
Em outra parede estava escrito, com a mesma tinta, o nome da professora Ana Karina. O nome da professora estava grafado acima de uma figura pichada pelos ladrões. Além da ameaça aos professores foi também deixado o seguinte recado: “O psicopata voutou”(sic).
Os invasores arrombaram armários, espalharam documentos, quebram grades, reviram mesas, cadeira e rasgaram a tela de projeção para data show. As aulas na Escola Estadual Felisberto Freire foram suspensas nesta quarta-feira, 23.
Sem segurança
A recorrência de casos de violência contra as comunidades escolares de Sergipe tem preocupado severamente o SINTESE. Em diversos espaços o Sindicato tem exigido das autoridades providências que garantam não só a segurança na escola, e em seu entorno, mas também a integridade física de professores, estudantes e funcionários das unidades de ensino.
“Diante de tal violência o que tem se visto são medidas de caráter provisório, que são tomadas pelos órgãos responsáveis a cada nova tragédia. Não há um planejamento no qual o Estado cumpra com o seu papel no que tange a adoção de uma política efetiva de segurança, que busque garantir a integridade física de quem trabalha a seu serviço”, avalia a vice-presidente da SINTESE, professora Ivonete Cruz.
Para a vice-presidente da SINTESE a violência nas escolas não pode ser tratada de forma alheia as graves questões sociais que estão inseridas no contexto das comunidades escolares, nem tão pouco ser tratada com medidas individualizadas de repressão.
“Temos a compreensão que as mazelas sociais se refletem nas unidades de ensino. Problemas sérios como o desemprego, a violência doméstica, o uso de drogas, a falta de políticas públicas de saúda, de educação, cultura, segurança, entre outras, geram sempre a violência social. Hoje, professor, estudantes e funcionário de escolas são vítimas do modelo atual de sociedade e as ações de violência que se repetem têm deixado sequelas, físicas e psicológicas, para o resto de suas vidas”, reflete a professora Ivonete Cruz.
Comissão que ficou no papel
Após o atentado ocorrido contra a vida do professor Carlos Cristian, em agosto de 2014 , que o deixou paraplégico, foi formada uma comissão para discutir políticas públicas, emergenciais e de longo, com o objetivo de buscar alternativas e soluções para a violência que assola as escolas.
A comissão era composta por representantes do SINTESE, das secretarias de Estado da Educação, da Segurança Pública e Política para Mulheres, do Comitê Estadual pelo Desarmamento, Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, Delegacia Especial de Proteção a Criança e ao Adolescente, representantes dos pais e responsáveis pelos estudantes, entre outros.
Algumas reuniões foram feitas entre os meses de agosto e setembro de 2014. No entanto, a comissão foi destituída sem que nenhuma medida efetiva fosse tomada. Desta forma, os episódios de violência nas escolas continuam sendo tratados isoladamente pelo governo do estado.
Ofício
O SINTESE enviou ofício ao governador de Sergipe, Jackson Barreto, no intuito de agendar audiência para tratar sobre o fato ocorrido na Escola Estadual Felisberto Freire.