Na última quinta-feira (02) mais um caso de violência na escola chocou a sociedade sergipana, a vítima dessa vez foi a diretora da Escola Estadual Lourival Fontes. A unidade de ensino está localizada no bairro Santo Antônio.
Na manhã desta sexta-feira (03), a presidenta do SINTESE Ângela Melo acompanhada das professoras Leila Moraes e Ana Luzia Costa, que também fazem parte da direção do sindicato, visitaram a escola. O quadro encontrado na escola é de apreensão. No turno da manhã só houve aulas, de forma parcial, em duas das quatro turmas, pois as educadoras ainda estavam abaladas com o ocorrido no dia anterior, quando um aluno agrediu a diretora. A professora Carla Valéria também recebeu a visita das integrantes do sindicato.
“O sindicato veio prestar solidariedade aos membros da escola e exigir que a Secretaria de Estado da Educação trate a questão da violência na escola de forma profunda e pedagógica, pois a política adotada tem sido de considerar isoladamente as situações ocorridas, quase numa linha de banalização dos fatos. Se faz necessário um debate pedagógico que envolva a comunidade escolar no sentido de buscar alternativas para a solução dos problemas”, apontou a presidenta.
A professora Ana Luzia Costa, que já ministrou aulas na escola, contou que a falta de condições estruturais, de material didático e de apoio pedagógico da Secretaria de Estado da Educação têm sido obstáculos para que a unidade de ensino possa desenvolver um trabalho educativo que envolva a comunidade. A escola inclusive já foi interditada por problemas na estrutura física.
“A escola não pode continuar sendo o lugar do medo, com seguranças armados, grades, entre outros. É preciso debater projeto pedagógico e exigir da Secretaria de Estado da Educação as condições objetivas para que este projeto seja efetivamente implantado. A escola não pode continuar sendo o lugar do medo, mas da cultura, do saber, do esporte, etc”, apontou Leila Moraes, diretora executiva do SINTESE.
Ou seja, ir uma equipe de psicólogos para ter uma conversa com os professores no dia seguinte do ocorrido e implantar segurança armada não são formas de resolução para o problema da violência dentro e no entorno das escolas. Para isso são necessárias ações continuadas por parte dos gestores com a participação de todos os sujeitos que fazem parte da comunidade escolar.
O atual modelo de escola acaba não permitindo a integração dos atores sociais que fazem parte dela (pais, mães, responsáveis, professores, funcionários). Falta a discussão pedagógica, as unidades de ensino não possuem estrutura física adequada ou alimentação escolar em quantidade e qualidade que supra as necessidades nutricionais de crianças e adolescentes, falta material didático, uma política consistente e ampliada de formação para os professores da rede estadual. A falta da cultura, do esporte, entre outros aspectos da vida faz com a escola se torne um depósito ou até uma prisão.
Para o sindicato a questão da violência que hoje adentra as escolas precisa ser discutida e analisada de forma ampliada, a partir das causas que a provoca e não somente pelos seus efeitos. Logo após o ocorrido com o professor Carlos Cristian (que foi alvejado por um aluno) ocorreram algumas reuniões, na Secretaria de Estado da Educação – SEED, com participação do sindicato e diversos representantes de secretarias (Segurança Pública, Inclusão Social) e também de movimentos sociais onde foram iniciadas discussões sobre ações coletivas no combate a violência, mas quando o debate afunilou para as ações que seriam empreendidas pela SEED não houve avanços e as reuniões deixaram de acontecer.
“Até quando esses episódios serão tratados como fatos isolados”, questiona a professora Ângela Melo.