Salas sem ventilação, paredes infiltradas, banheiros em péssimo estado, telhado com buracos, rede elétrica comprometida. Ao descrever tal cenário qualquer pessoa poderá achar que estamos falando de uma casa abandonada, mas infelizmente estamos falando de uma unidade de ensino da rede estadual, estamos falando do Colégio Estadual José Rollembreg Leite, localizado no bairro José Conrado de Araújo, em Aracaju.
É neste colégio, com todos os problemas descritos acima (e tantos outros) que a Secretaria de Estado da Educação (SEED) implantou o ensino médio em tempo integral. Por mais inacreditável que pareça, o Colégio Estadual José Rollembreg Leite foi transformado em Centro Experimental de Ensino Médio, ou seja, adolescente, meninas e meninos, passarão o dia inteiro em um Colégio sem qualquer estrutura para recebê-los de forma digna.
Não há espaço adequado para que os estudantes façam suas refeições, o Colégio não conta com refeitório, além disso, a cozinha é pouco equipada. A quadra esportiva não tem cobertura e o piso é de cimento batido. A biblioteca está alagada e com o teto comprometido. O telhado do Colégio é esburacado por isso quando chove não só a biblioteca, mas também as salas de aula ficam alagadas. Os quadros das salas de aula estão velhos e esburacados inviabilizando completamente seu uso. Os ventiladores das salas estão quebrados, os que as tornam verdadeiras “saunas de aula”. O Colégio também não conta com vestiários e nem laboratórios.
A diretora do departamento de base estadual do SINTESE, professora Cláudia Oliveira, esteve no Colégio Estadual José Rollembreg Leite na semana passada e pôde constatar todos os problemas da Unidade de Ensino. De acordo com a professora Claudia, no dia em que ela esteve no Colégio havia uma pequena equipe de monta da SEED, que faria alguns reparos no prédio.
“As aulas no Colégio Estadual José Rollembreg Leite estavam prevista para começar na segunda-feira, dia 15. Pelo número de pessoas trabalhado e pela quantidade de problemas que existe é impossível sanar tudo em alguns dias de trabalho. Os reparos feitos pela SEED são apenas para maquiar uma realidade cruel, de desrespeito a estudantes, professores e funcionários daquela Unidade de Ensino. Queremos saber do Secretário de Educação, senhor Jorge Carvalho, como é possível manter adolescente por sete horas em um local que sequer daria para passar um turno? Como é possível desenvolver o ensino e a aprendizagem em um ambiente que não oferece o mínimo de dignidade e conforto a estudantes e professores?”, indaga a diretora do SINTESE.
A professora Claudia Oliveira fez questão de destacar que essa não é a realidade apenas Colégio Estadual José Rollembreg Leite, que muitas outras unidades de ensino onde a SEED impôs a implantação do ensino médio em tempo integral, por meio dos Centros Experimentais de Ensino Médio, também não têm qualquer condição de receber estudantes em tempo integral.
“Na semana passada fizemos a denúncia sobre Colégio Estadual Prof. Raimundo Mendonça de Araújo, localizado em Indiaroba, que a partir do ano letivo de 2017 começou a funcionar com Centro Experimental de Ensino Médio. Além da completa falta de estrutura, como em boa parte dos Colégios da rede estadual de ensino: salas sem ventilação, falta de refeitórios e vestiários, banheiros em péssimas condições… denunciamos também a precariedade da alimentação servida aos estudantes na horário do almoço. Meninos e meninas comiam macarrão sem tempero com salsicha cozida na água e mais nada. Muitos estudantes levam comida de casa, pois macarrão e salsicha era a única coisa que escola estava disponibilizando. Então além da falta de estrutura, os estudantes dos colégios em tempo integral estão também tendo que enfrentar uma alimentação que não atende suas demandas nutricionais. A realidade de Indiaroba não é e não será uma realidade isolada e o SINTESE está provando isso”, afirma a professora Claudia Oliveira.
A diretora do SINTESE fez questão de mais uma vez de colocar que o Sindicato não é contra ao ensino em tempo integral, mas é contra a forma como a SEED o implantou tal modelo.
“O modelo de ensino médio em tempo integral imposto pela SEED é excludente e autoritário, passou por cima da vontade de comunidades escolares que disseram não a tal modelo, não se preocupou em garantir uma estrutura mínima para que os colégios pudessem receber estudantes e professores em tempo integral. Exclui estudantes do ensino fundamental e estudantes que não podem cursa o ensino médio em tempo integral. Retira professores de suas locações. Todo o processo irá reduzir o número de matrículas da rede estadual e quanto menos estudantes matriculados menos verbas chegarão para a educação de nosso estado. Compactuar com o modelo de ensino médio em tempo integral imposto pela SEED é compactuar com a derrocada da educação pública de Sergipe”, pontua a diretora do SINTESE, professora Claudia Oliveira.
Vale ressaltar que até o início da semana passada haviam apenas 63 estudantes matriculados para o ensino médio em tempo integral do Colégio Estadual José Rollembreg Leite. Para que a unidade de ensino funcione de acordo com os critérios do MEC e receba verbas federais precisa alcançar um total de 120 estudantes matriculados na modalidade integral.
O SINTESE fará ofício denunciando a situação do Colégio Estadual José Rollembreg Leite e irá protocolar no Ministério Público Estadual e no Ministério Público Federal.