A Secretaria de Estado da Educação (SEED) anunciou em sua página da internet na última quarta-feira, 4, que abriu edital para realizar processo seletivo que visa contratar professores das áreas de biologia, filosofia, sociologia e arte. Ao todo, de acordo com a nota da SEED, serão preenchidas 128 vagas.
Embora os contratos sejam temporários, (com prazo de vigência de um ano com possível de prorrogação de mais um ano), para o SINTESE esta é mais uma medida descabida e desacertada promovida pelo Secretário de Estado da educação, Jorge Carvalho.
Ora, como a SEED pode convocar um concurso, mesmo que para uma contratação máxima de dois anos, se o Secretário Jorge Carvalho tem apostado em uma política de entrega das escolas estaduais as redes municipais (municipalização); no fechamento de turmas e turnos; e ainda pretende implantar (a toque de caixa e repique de sino) o Ensino Médio em tempo integral em 18 escolas da rede estadual acabando com o Ensino Fundamental nestas escolas?
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Outro ponto delicado e questionável é: serão abertas vagas para as disciplinas de sociologia e filosofia, disciplinas estas que com a reforma do Ensino Médio (Projeto de Lei nº 34 – PL 34, antiga MP 746), capitaneada pelo governo golpista de Michel Temer e apoiada pelo Secretário de Estado da Educação, Jorge Carvalho, não serão mais obrigatórias na grade curricular do Ensino Médio. De acordo com a reforma de Temer, filosofia e sociologia passarão a ser abordadas de forma transversal dentro de outros itinerários formativos. Com a aprovação do PL 34, que modifica a estrutura curricular do Ensino Médio, o que será feito com este professores?
“Para nós do SINTESE, este concurso soa no mínimo como algo contraditório, uma vez que a política adotada por Jorge Carvalho é de desmonte da educação e total apoio a reforma do Ensino Médio, promovida pelo presidente ilegítimo e golpista, Michel Temer”, expôs a presidenta do SINTESE, professora Ivonete Cruz.
A presidenta do SINTESE lembrou que com a implantação do Ensino Médio integral nas 18 escolas da rede estadual e com o fim do ensino fundamental nestas unidades de ensino vários estudantes ficarão sem ter onde estudar e muitos professores ficarão sem ter onde trabalhar. A presidenta colocou ainda que os recursos oriundos do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) estão diretamente relacionados ao número de estudantes matriculados na rede, ou seja, menos estudantes menos verba.
“De cima para baixo Jorge Carvalho vem implantando nas comunidades escolares o Ensino Médio integral. Desde o início de sua gestão tem entregado escolas estaduais para as redes municipais e fechado turmas e turnos, com isso o número de estudantes tem reduzido e vai reduzir ainda mais na rede estadual com o fim do ensino fundamental nas escolas que for implantado o Ensino Médio integral. Com isso, teremos redução de verbas para a educação do estado e não se conseguirá garantir manutenção e reforma das escolas e muito menos valorização dos professores”, avalia a presidenta.
O SINTESE se preocupa com os rumos da educação do estado e como o destino dos professores efetivos da rede. “Em um cenário como este de caos e desmonte da educação estadual, nos questionamos: como a SEED pode contratar novos 128 professores se está acabando com o Ensino Fundamental em uma série de escolas da rede? Onde estes professores concursados, efetivos da rede estadual serão recolocados e estes novos 128 contratados vão ficar onde? Como a SEED pode contratar novos professores se se nos últimos dois anos não assegurou sequer o pagamento do piso salário do magistério aos professores que estão na rede?”, interroga a professora Ivonete Cruz.
SINTESE não é contra ao Ensino Médio integral e sim contra o autoritarismo
A professora Ivonete Cruz fez questão de deixar claro que o SINTESE não se opõe a implantação do Ensino Médio integral, para o Sindicato o problema central está na forma autoritária como a SEED vem tratando do assunto.
“É importante esclarecer que o SINTESE não é contra ao Ensino Médio Integral, mas sua implantação deve ser feita com base em estudos, com planejamento e acima de tudo consultando os mais interessados neste processo: estudantes, professores, mães, pais e funcionários das escolas”, enfatiza a professora.
A presidente do SINTESE destacou também que grande parte das escolas da rede estadual não tem estrutura física adequada para receber estudantes em tempo integral, e que além dos problemas na estrutura física, a falta de alimentação escolar é outro imenso problema que paira sobre as escolas da rede estadual de Sergipe.
“Atualmente a esmagadora maioria das escolas da rede estadual não tem sequer condições estruturais de receber jovens em sua dependência em um único turno o que dirá em dois. Os banheiros são fétidos; não há espaço para banho; quando existem áreas destinas a recreação dos estudantes as mesmas estão completamente abandonadas; as salas são conhecidas como saunas de aula, pois os ventiladores não funcionam. Falta alimentação escolar. A SEED pretende manter estes adolescentes sete horas nas escolas a base de broa e suco de caixa? Não podemos aceitar isso”, finaliza Ivonete Cruz.