Diante dos recorrentes casos de violência que têm afligido as escolas da Rede Estadual de Sergipe, o SINTESE realizou nesta quinta-feira, 23, ato pelas ruas do conjunto Bugio com a participação de professores, estudantes, pais, mães e funcionários de escolas da região. A concentração do ato foi em frente ao Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa.
O ato contou também com o apoio e participação da União Sergipana dos Estudantes Secundaristas (USES), com a deputada estadual Ana Lúcia e com a presença do professor Carlos Cristhian, que em agosto de 2014, foi baleado por um aluno, na Escola Estadual Olga Barreto.
Durante o percurso do ato estudantes e professores entregaram panfletos e buscaram dialogar com a população sobre a necessidade de políticas efetivas de combate a violência nas escolas que não se fechem em medidas individualizadas focadas na repressão.
“Hoje a aula é na rua, é a aula do diálogo com a sociedade. Estudantes e professores não aguentam mais a falta de condição de trabalho, de aprendizagem e a violência, que o governo do estado insiste em tratar com medidas de caráter provisório, que só aparecem a cada nova tragédia. Segurança não é colocar vigilante armado na escola. Os ladrões entraram no Paulo Costa para roubar a arma do vigilante e ainda fizeram de reféns a coordenadora e a secretária. Então perguntamos: onde está a segurança? É necessário que seja feito um debate pedagógico, que envolva a comunidade escolar para buscar alternativas ao problema da violência no ambiente escolar”, colocou a presidente do SINTESE, professora Ângela Maria de Melo, durante o ato.
Bugio
As escolas estaduais localizadas no conjunto Bugio têm estruturas precárias. São carteiras quebradas, salas sem ventiladores, forro do teto danificado, matagal, água de má qualidade, banheiros imundos, quadras (quando elas de fato existem) com buracos no chão e sem cobertura, alimentação escola inadequada, entre outros tantos problemas que, infelizmente se tornaram rotina nas escolas estaduais de Sergipe.
“Esta é a violência do abandono. Uma violência que nega o direito a educação de qualidade, uma violência cometida pelo governo do estado contra crianças e jovens, filhos de trabalhadores. Não podemos mais aceitar que a escola pública pode ser feia, suja, não ter matériais didáticos e pedagógicos porque é escola para pobre. A educação é um direito e educação se faz não só com professor em sala de aula. O estado tem a obrigação de garantir estrutura, condições de ensino e aprendizagem, um espaço prazeroso para professores e estudantes. É disso que a nossa juventude precisa de educação de qualidade social, de arte, de esporte, de música, não de cadeia, não de escola feia”, avalia a vice-presidente do SINTESE Ivonete Cruz
“Fatos isolados”
Por mais que a Secretaria de Estado da Educação (SEED) insista em tampar o sol com a peneira e dizer que a violência nas escolas da rede estadual são fatos isolados que não fazem parte da realidade cotidiana, o mês de julho mostrou que quem está fora da realidade é a SEED. Em menos duas semanas, três escolas estaduais, localizadas em Aracaju, tiveram suas rotinas alteradas pela violência.
No dia 2 de julho, a diretora da Escola Estadual Senador Lourival Fontes, foi agredida por um aluno nas dependências da unidade de ensino. No dia 13 de julho, a diretora do Colégio Estadual Senador José Alves do Nascimento, foi agredida pela mãe de uma aluna. No dia 15 de julho, bandidos invadiram o Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa, fizeram de reféns a secretária e a coordenadora e levaram a arma do vigilante terceirizado.
“Temos a compreensão que as mazelas sociais se refletem nas escolas da rede estadual de Sergipe. Problemas sérios como o desemprego, a violência doméstica, o uso de drogas, a falta de políticas públicas de saúde, de educação, cultura e segurança, geram a violência social. Hoje, professor, estudantes e funcionário de escolas são vítimas do modelo atual de sociedade que vivemos. Afirmar que a violência nas escolas são fatos isolados é não encarar o problema de frente, é permitir que a situação se repita e se agrave”, coloca a presidente do SINTESE, professora Ângela Maria.