Professores e professoras aposentados redigem cartas ao governador para exigir pagamento de salário integral e dentro do mês

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“Contribuímos duramente toda a vida com o nosso trabalho para a formação de inúmeros alunos. Honramos com a nossa missão, agora o mínimo que exigimos é respeito ao nosso direito, queremos que os nosso salário seja pago em dia para horarmos nossos compromissos, preservando a nossa dignidade”.

Este é um trecho de uma das sete cartas escritas por professores e professoras aposentados da rede estadual de ensino, destinadas ao governador Jackson Barreto. As cartas foram redigidas durante plenária convocada pelo SINTESE, que ocorreu nesta quinta-feira, 10, no espaço da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, no bairro Grageru, em Aracaju.  

A plenária contou com a participação de professores e professoras aposentados que residem em Aracaju. Além de debater sobre a cruel e punitiva política do governo Jackson Barreto de atraso e parcelamento de salários de professores e professoras aposentados, a plenária também foi um espaço organizativo no qual os presente puderam conjuntamente pensar e traçar encaminhamentos e ações de luta.

Entre os encaminhamentos de luta surgiu a ideia das cartas. “Dividimos os presente em sete grupos e cada grupo construiu coletivamente uma carta. Nelas colocamos tudo o que estamos passando, toda a privação que estamos vivendo diante desta maldosa política de Jackson Barreto, que vem punindo professores e professoras aposentadas com atraso e parcelamento de salários”, explica a diretora do departamento de aposentados do SINTESE, professora Ana Geni.

Para a entrega das cartas escritas durante a plenária, os professores e professoras aposentados realizarão um ato no Palácio de Despachos, onde além de entregar as cartas buscarão audiência com o governador Jackson Barreto. As cartas serão entregues também ao Ministério Público Estadual.

Atrasos e parcelamentos

Humilhação. Este era o sentimento comum aos 130 professores e professoras aposentados que estiveram reunidos em plenária durante toda a quinta-feira. Após trabalhar 30, 33, 35 anos ou até mais, tudo que aqueles homens e mulheres esperavam era tranquilidade durante a aposentadoria. Mas esta tranquilidade tão almejada foi transformada em angustia, humilhação e desespero pelo governo Jackson Barreto.

Mês após mês professores e professoras aposentadas convivem com o fantasma da incerteza. Eles nunca sabem que dia seus proventos de aposentadoria serão depositados em suas contas. Esta situação teve início em 2015 e só se agravou nos últimos meses. Os salários de maio e de junho, além de terem sido pagos com atraso, fora do mês vigente, ainda foram parcelados em duas vezes.

O salário de julho ainda não foi pago, mas o governo anunciou que o parcelamento continua. A previsão é que os professores e professoras aposentados recebam parte de seus salários (até R$ 3 mil) no dia 12 de agosto. O restante do salário de julho será pago apenas no dia 23 de agosto.

“Estou perdida, não sei mais o que fazer. Estou escolhendo o que pagar e o que deixar para depois e pagar juros. O banco não quer saber se a culpa disso tudo é do governo do estado, no mês que vem os juros estarão lá na minha conta para eu pagar. Além do atraso e parcelamento de nossos salários, somos onerados com juros a pagar mês após mês. Esta situação tem tirado a minha paz. Vivo preocupada, angustiada, com medo de não conseguir honrar todos os meus compromissos. Não imagina que eu teria uma aposentadoria tão sofrida. Contribuímos com a previdência, contribuímos tantos anos com a nossa força de trabalho para a educação de crianças e jovens deste estado, fizemos a nossa parte e agora Jackson Barreto faz parecer que nada disso tem valor. Sinto-me humilhada”, narra com tristeza a professora aposentada, Jailde Professor.   

Perdas salarias

Assim como os professores e professoras que estão na ativa, os professores e professoras aposentados também sofrem com as perdas salarias oriundas do não cumprimento do reajuste do piso salarial do magistério por parte do governo Jackson Barreto.

Professores e professoras da rede estadual, da ativa e aposentados, estão há quatro anos (2012, 2015, 2016, 2017) sem reajuste salarial. Esta política nefasta de desvalorização faz com que professore e professoras hoje estejam em média entre 40 e 65 por cento mais pobres.

Atualmente uma professora com pós-graduação, que se aposentou ao final de sua carreira  deixa de ganhar todos os meses R$ 2.650,40.

As perdas são refletidas em todos os níveis de formação. Uma professora que se aposentou com nível médio deixa de receber todos os meses R$ 387,65; uma professora que se aposentou com nível superior deixa de receber R$ 2.197,85; uma professora que se aposentou com pós-graduação deixa de receber R$ 2.650,40; uma professora que se aposentou com mestrado deixa de receber R$ 2.903,96 e uma professora que se aposentou com doutorado deixa de receber R$ 3.585,14.

“Todos os meses o governo de Sergipe fica com dinheiro que deveria estar na conta de professores e professoras. Nós aposentadas estamos sofrendo em triplo: sofremos com o atraso no pagamento de nossos salários, sofremos com o parcelamento dos nossos salários e sofremos também com política de desvalorização e empobrecimento do magistério de Sergipe. O governo Jackson Barreto pisa e humilha o servidor aposentado. Mas isso não vai ficar assim, vamos para o enfretamento e continuaremos a tocar luta e mostrar para todo o povo, nos quatro cantos deste estado, as maldades de Jackson Barreto. A luta das professoras e professores aposentados continua ”, afirma a diretora do departamento de aposentados do SINTESE, professora Maria Luci Santos.

 Congresso

Durante a plenária foi discutido também o XVI Congresso Estadual de Educação  e tirado os delegados e delegadas que representarão os professores e professoras aposentados, da capital, no Congresso.

O XVI Congresso Estadual de Educação acontece  de 08 a 11 de novembro, no Iate Clube, em Aracaju.