Esta quinta-feira, 23, será marcada por dois atos contra a violência e a insegurança no ambiente escolar. Ambos acontecem em Aracaju. O primeiro ato será às 13h, no Colégio Estadual Santos Dumont, no bairro Atalaia. O segundo ato acontece às 15h, em frente ao Colégio Jornalista Paulo Costa, no conjunto Bugio.
Insegurança nas escolas estaduais
O mês de julho provou para a sociedade sergipana que a violência nas escolas da rede estadual não se trata de “fatos isolados”, como afirmou, por vezes, o secretário de estado da educação, Jorge Carvalho. Em menos de duas semanas três escolas estaduais, localizadas em Aracaju, tiveram suas rotinas alteradas pela violência.
No dia 2 de julho, a diretora da Escola Estadual Senador Lourival Fontes, localizada no bairro Industrial, foi agredida por um aluno nas dependências da unidade de ensino. No dia 13 de julho, a diretora do Colégio Estadual Senador José Alves do Nascimento, localizado no bairro Coqueiral, foi agredida pela mãe de uma aluna. No dia 15 de julho, bandidos invadiram o Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa, localizado no conjunto Bugio, fizeram de reféns a secretária e a coordenadora e levaram a arma do vigilante terceirizado.
Diante dos recorrentes casos de violência que têm afligido as escolas de Sergipe, os professores da rede estadual reunidos em assembleia, no último dia 16 de julho, deliberaram a realização de um ato, nesta quinta-feira, 23, em frente ao Colégio Jornalista Paulo Costa, no conjunto Bugio.
Para a presidente do SINTESE, professora Ângela Maria de Melo, as medidas que vêm sendo tomadas pela Secretaria de Estado da Educação (SEED) têm caráter provisório e só aparecem a cada nova tragédia.
“Não há um planejamento no qual o Estado cumpra com o seu papel no que tange a adoção de uma política efetiva de segurança. Tudo que vemos são medidas de caráter provisório, que são tomadas pelos órgãos responsáveis a cada nova tragédia”, coloca a professora Ângela Maria.
A presidente da SINTESE avalia que a violência nas escolas não pode ser debatida sem que se leve em consideração as graves questões sociais que estão inseridas nos contextos das comunidades escolares. Além disso, tal violência não pode ser tratada a partir de medidas individualizadas, focadas apenas na repressão.
“A escola não é uma ilha. Sabemos que os problemas sociais se refletem em nossas unidades de ensino. A violência social é fruto de problemas sérios como o desemprego, violência doméstica, uso de drogas, falta de políticas públicas voltadas para: saúde, educação, cultura, segurança, entre outras. E estes problemas presentes na sociedade também estão dentro das escolas. Hoje, professor, estudantes e funcionário de escolas são vítimas do atual modelo de sociedade que vivemos. As ações de violência que se repetem nas escolas da rede estadual têm deixado sequelas físicas e psicológicas, que nos marcam para o resto da vida”, reflete a presidente do SINTESE
Colégio Santos Dumont
Cansados da falta de estrutura, da falta de segurança e da sujeira, professores, estudante, mães e paisdo Colégio Estadual Santos Dumont, decidiram se mobilizar e fazer um ato para chamar a atenção da sociedade para o descaso que o governo do estado tem dedicado a comunidade escolar.
O Colégio lida com o quantitativo insuficiente de merendeiras, executores de serviços básicos e vigilantes, mesmo antes da greve dos servidores, os estudantes já sofriam com a falta de uma alimentação adequada, com sujeira e com falta de segurança na unidade de ensino.
A prova da insegurança vivida pela comunidade escolar foi no último dia 12 de junho, quando ladrões armados e encapuzados invadiram o Colégio no turno da noite, horário em que funciona na unidade de ensino o Pré-vestibular do governo do estado (Pré-SEED), e roubaram pertences dos estudantes. As aulas do Pré-SEED, no Colégio Estadual Santos Dumont, foram suspensas por mais de 15 dias, após o ocorrido muitos estudantes ficaram temerosos de retomar as aulas.
A professora de educação física do Colégio Estadual Santos Dumont, Maria Risonete dos Santos, diz que os estudantes recorrentemente sofrem com a falta de segurança tanto no entorno como dentro da unidade de ensino. “A situação no Colégio Estadual Santos Dumont é a pior possível. Estamos nos sentido inseguros e desamparados. O governo não mostra o que estamos passando”, coloca a professora.