Negar educação a jovens é uma conduta que não se espera de um governo, tão pouco de um órgão que cuida da educação em um estado. No entanto, esta foi a postura da Secretaria de Estado de Educação de Sergipe (SEED), ao tentar fechar o turno da noite da Escola Estadual Maria do Carmo Alves, localizado no conjunto Augusto Franco, em Aracaju.
A unidade de ensino é a única do bairro a ofertar a modalidade de Educação para Jovens e Adultos do Ensino Médio (EJAEM). As aulas do EJAEM seriam iniciadas na Escola Estadual Maria do Carmo Alves na última segunda-feira, 17, mas professores e estudantes foram surpreendidos quando chegaram à Escola e a direção os informou que as aulas haviam sido suspensas por ordem da SEED.
“Há demanda de estudantes para o turno da noite aqui na Escola, mas a SEED ignorou o fato completamente. Não houve nenhuma conversa prévia, simplesmente quando professores e estudante chegavam eram informados que o turno seria fechado por determinação da SEED. Esta é mais uma clara demonstração de arbitrariedade do órgão de educação do nosso estado”, conta o diretor do SINTESE e professor da Escola Maria do Carmo Alves, Francisco José dos Santos (conhecido com professor Chicão).
Na noite de terça-feira, 18, uma reunião foi feita na unidade de ensino entre os professores, o SINTESE e a Secretaria de Estado da Educação, representada pelas diretoras da Diretoria de Educação de Aracaju (DEA), Maria Lúcia de Góes, e do Departamento de Educação (DED), Gabriela da Cruz.
Após um longo debate sobre a importância de manter o funcionamento do turno da noite e do EJAEM na Escola, a diretora da DEA, colocou que o órgão irá permitir que o ano letivo do EJAEM seja iniciado. Porém, se houver um quantitativo menor do que 20 alunos por turma, no próximo semestre, o turno noite e as turmas de EJAEM serão fechados.
“A situação chega a tal absurdo que a SEED não propôs alternativas para tentar trazer mais estudantes para a Escola Estadual Maria do Carmo. Se quer falou em fazer Chamada Pública para fomentar novas matrículas. O que a SEED está fazendo é inviabilizar a educação de jovens da comunidade do Augusto Franco. Negar o direito de estudo a um jovem é crime, está previsto na Constituição Federal. Não vamos permitir que mais uma vez a SEED se coloque contra os jovens do nosso estado. A juventude trabalhadora tem o direito de estudar”, defende o diretor do departamento do Base Estadual do SINTESE, Roberto Silva.
Nesta quinta-feira, 20, às 19h, professores do Maria do Carmo Alves e o SINTESE se reunirão com os estudantes matriculados no EJAEM. O intuito é mobilizar a todos e realizar Chamada Pública no bairro Farolândia, com o objetivo de ampliar o número de matrículas no turno da noite.
“Para não permitir que o turno da noite seja fechado, estamos nos mobilizando para realizar Chamada Pública. Uma ação que na realidade deveria ser feita pela SEED, mas por tudo que vimos até agora se esperamos pelo órgão a escola irá parar de funcionar à noite e nossos jovens ficarão desamparados”, avalia o professor Chicão dos Santos.
O SINTESE já solicitou audiência com o Ministério Público Estadual para que o órgão fique a par da situação vivida pela comunidade da Escola Estadual Maria do Carmo Alves e tome medidas que impeçam a SEED de fechar o turno da noite.