Sem intérpretes de Libras centenas de alunos são prejudicados

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Ana Beatriz Arimatéa Sales tem 16 anos, é aluna do segundo

Alunos surdos da Escola Estadual John Kennedy — em Aracaju. — em Aracaju.
“Disseram que em dez dias resolveriam, mas até agora nada” Maria do Carmo Rosas Sales - avó de Ana Beatriz — em Aracaju.
“Disseram que em dez dias resolveriam, mas até agora nada” Maria do Carmo Rosas Sales - avó de Ana Beatriz — em Aracaju.

ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Gov. Djenal de Queiroz e está inscrita para fazer o ENEM em 2013, mas, segundo sua tia e avó talvez ela não vá fazer o exame que acontece nos dias 26 e 27 de outubro.

Ana Beatriz é surda e desde julho não consegue acompanhar totalmente as aulas em sua escola devido a falta de intérprete de LIBRAS. “Ela estava animada para fazer o ENEM e já estava escolhendo que carreira seguir, mas agora não sabemos se ela vai querer mais fazer”, disse Fabíola Rosas Sales, tia da adolescente.

“Disseram que em dez dias resolveriam, mas até agora nada”, disse Maria do Carmo Rosas, avó de Beatriz. A avó da adolescente fala da audiência que ocorreu dia 14 de agosto no Ministério Público. A promotora Cecília Nogueira Guimarães deu prazo de 10 dias para que houvesse uma solução e até agora nada.

Situação semelhante vive os 14 alunos da Escola Estadual John Kennedy. De acordo com a diretora da escola, Lícia Cristina, existiam 8 intérpretes no estabelecimento de ensino, isso sem contar com duas professoras que trabalham exclusivamente na Sala de Recursos, agora só há 1. A mãe de um dos alunos lamenta a situação. “Meu filho vem todos os dias para a escola, mas sem intérprete fica mais difícil para ele se concentrar nas aulas”, conta Maria das Dores Cruz de Oliveira, mãe de Maicon, 18 anos, aluno do 9º ano.

Os contratos firmados tiveram duração de dois anos e a maior parte deles já foi encerrada. Informações prestadas na audiência do dia 14 de agosto pela SEED dão conta de que havia 200 intérpretes/tradutores na rede estadual.

Segundo informações prestadas pela diretora da Divisão de Educação Especial – DIEESP da SEED, Maria Aparecida Nazário, a diretora do Departamento de Base Estadual, Cláudia Barreto, foi feita uma consulta a Procuradoria Geral do Estado sobre a possibilidade de se realizar um novo processo seletivo, mas até o momento a SEED não recebeu resposta. Enquanto isso os alunos sofrem.

De acordo com a DIEESP existem hoje aproximadamente 400 alunos que estão matriculados em várias escolas da capital e interior que apresentam surdez ou deficiência auditiva. Em Aracaju o maior número de alunos surdos está concentrado nas escolas John Kennedy e 11 de Agosto.

Para o sindicato tal situação é um desrespeito ao preceito constitucional do direito a educação. Os alunos estão sendo prejudicados pela falta de uma ação da SEED. “Esses alunos estão tendo o seu direito a educação negado e tendo vários problemas no processo de ensino-aprendizagem. A situação é grave e precisa ser resolvida com brevidade”, disse Claudia Barreto.