As professoras Ivonete Cruz e Leila Moraes, respectiva vice-presidenta e diretora do departamento de Educação do SINTESE participaram na manhã desta quarta-feira, 03, da terceira reunião da comissão que está debatendo alternativas pedagógicas e de segurança para dirimir a violência nas escolas ocorrida na Secretaria de Estado da Educação – SEED.
A primeira reunião contou com a participação somente do SINTESE, da SEED e da Secretaria de Segurança Pública – SSP para dar início ao debate em duas frentes de ações. Uma de caráter emergencial de prevenção e combate ao uso de drogas e do armamento nos arredores e dentro das escolas. Nesse momento foi apresentado pelos representantes da SSP o escopo de um projeto que se vinha sendo discutir a esse respeito. E outra, de longo a médio prazo que á a formulação de Projetos Políticos Pedagógicos com a participação de toda a comunidade escolar.
Na reunião o sindicato voltou a assinalar (já o tinha feito na audiência com a secretária de Educação) que é de fundamental importância à participação das demais secretarias de Estado que tratam de inclusão social, cultura e esporte, além de demais entidades que trabalham na contenção da violência.
A segunda reunião já contou com a participação de representantes das secretarias de Segurança Pública e Política para Mulheres, do Comitê Estadual pelo Desarmamento, Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente, Delegacia Especial de Proteção a Criança e ao Adolescente, representantes dos pais e responsáveis pelos estudantes e gestores das escolas estaduais Albano Franco e Rodrigues Dórea.
Foi deliberado a apresentação de um diagnóstico da questão da violência das escolas que compõem a Diretoria de Educação de Aracaju –DEA, bem como a apresentação por parte dos técnicos da SEED de programas e ações que de forma desarticulada tratam a questão da violência.
Todavia nesse terceiro encontro, a SEED ainda não apresentou de forma concreta as suas propostas de ações para iniciar a reversão desse problema que é externo, mas que nos últimos anos tem sido cada vez mais frequente dentro do ambiente escolar.
“O debate é necessário, mas é preciso que a Secretaria de Estado da Educação apresente seus planos de ação articulados, continuados e que sejam conhecidos pela comunidade escolar. É importante a criação de uma rede com a participação de todas as secretarias que estão direta ou indiretamente ligadas ao tema para apresentarem políticas públicas de Estado articuladas”, aponta Ivonete Cruz.
“É preciso que todos saibamos quais são as ações desenvolvidas pela secretaria, pois existe a possibilidade de vários destes projetos e programas estarem trabalhando no mesmo ponto, mas sem nenhuma articulação”, explanou Leila.
A falta de articulação foi mais uma vez destacada pela professora Ivonete. Para o SINTESE enquanto não houver uma efetiva articulação entre os departamentos da Secretaria de Estado da Educação que trabalham com a questão e com os demais organismos estatais, não será possível a construção de uma política pública efetiva, que trate não só das questões de segurança e prevenção ao uso de drogas e ao tráfico de armas, mas também que repense o modelo pedagógico.
“Somou-se uma conjuntura social complexa ao modelo de gestão adotado nos últimos anos pela Secretaria de Educação do Estado que não é calcada no diálogo, tal modelo associado a um vazio pedagógico criou-se ambientes escolares onde os atores sociais não dialogam entre si. Ou tomamos como meta a construção de uma política pública séria e que tenha continuidade ou daqui a pouco tempo estaremos de volta debatendo os mesmos temas”, sentenciou a vice-presidenta.
A próxima reunião será no dia 10, a partir das 8h na SEED e na pauta serão apresentados os projetos que a SEED desenvolve que tratam da questão e as demais secretarias apresentarão suas ações dentro de uma proposta apresentada pela Secretaria de Segurança Pública.
Considerando o número de escolas da rede estadual (368) essa proposta seria aplicada de forma experimental nas unidades de ensino que apresentam mais problemas e a partir delas estendidas para as demais.
Surgimento da comissão
A proposta da comissão foi apresentada pelo SINTESE no dia 14 de agosto em audiência com a secretária de Educação, Hortência Araújo. A audiência aconteceu após ato público em solidariedade ao professor Carlos Cristian (que foi alvejado por um estudante no dia 12 de agosto).
Participação dos gestores das escolas
A participação dos gestores não só nas reuniões ocorridas na SEED, mas também na que aconteceu no Quartel da Polícia Militar demonstram como as unidades escolares estão desamparadas não só no sentido da garantia da integridade física de estudantes, professores e funcionários, mas também em uma ação de capacitação, prevenção e debate pedagógico que deve ser encabeçada pela SEED, mas construída de forma coletiva com a participação da comunidade escolar.
A expectativa do SINTESE é que nessa terceira reunião os trabalhos tomem um encaminhamento mais ativo, de apresentação de propostas e cronograma de ações. O sindicato entende que a apresentação de situações vividas no ambiente escolar e o seu debate é necessário, mas que não pode ficar somente nisso, é preciso que o Estado como garantidor do bem estar social apresente políticas públicas concretas.