O Colégio Estadual Coronel José Joaquim Barbosa, em Siriri, é o único da cidade da rede estadual, mas nem isso faz com que a Secretaria de Estado de Educação (SEED) dê qualquer atenção à unidade de ensino. Entre os dias 20 e 28 de julho o Colégio teve suas aulas suspensas, pois ficou sem luz devido a problema em sua rede elétrica.
Para não prejudicar ainda mais o andamento do ano letivo, a direção da escola teve que improvisar fios e lâmpadas, fazer as famosas gambiarras, para o colégio não ficar na completa escuridão e para que as aulas voltassem a acontecer.
A falta de luz foi a gota d’água para a comunidade escolar que nesta terça-feira, 4, tomou as ruas de Siriri para protestar contra as péssimas condições do Colégio Estadual Coronel José Joaquim Barbosa. Professores e estudantes dialogaram com a população da cidade e mostraram a triste realidade vivida por eles diariamente.
A professora de português, Rosevânea Santos, contou que ensina há 18 anos no Colégio Estadual Coronel José Joaquim Barbosa e que hoje a unidade de ensino está em decadência. “O diretor do colégio já destinou diversos ofícios a Secretaria de Estado da Educação e a nossa Diretoria Regional de Educação [DRE-05] relatando a situação terrível que se encontra o nosso colégio, mas nada foi feito. Queremos uma escola de qualidade, mas nem isso a SEED nos garante. A SEED só quer saber de resultados, só que saber do IDEB [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]. Então eu pergunto: como vamos subir o IDEB se não temos uma escola de qualidade? Se não temos segurança? Se não temos estrutura?”, questionou com indignação a professora.
Problemas enfrentados
Os problemas com a parte elétrica do Colégio Estadual Coronel José Joaquim Barbosa já são recorrentes. O prédio que abriga a unidade de ensino é antigo e sua parte elétrica não suporta o uso dos equipamentos eletrônicos necessários para o bom funcionamento do Colégio. Devido a isso, a sala de informática não funciona, mais de 20 computadores novos estão parados porque caso mais de dois aparelhos sejam ligados ao mesmo tempo, toda a rede elétrica do colégio entra em pane e para de funcionar.
À noite os estudantes não podem usar a quadra de esportes porque não há como ligar os refletores. Desde o dia 20 de julho os ventiladores das salas de aula também estão sem poder ser usados.
Além da precariedade da parte elétrica, professores e estudantes enfrentam outros graves problemas. A sujeira se acumula pelo Colégio. Com a greve dos servidores não há quem limpe a unidade de ensino. O mau cheiro dos banheiros toma o corredor. Em vários cantos do colégio é possível ver garrafas, pacotes de biscoito e caixas de suco, que se acumulam.
Com a greve, a alimentação escolar também parou de ser servida. No máximo lanches prontos como broa e rocambole são oferecidos, vez por outra, aos estudantes.
Abandono
A sensação de abando da unidade de ensino é nítida ao caminhar por sua área externa. Próximo à quadra de esportes se vê muita sujeira e mato crescendo. Do lado oposto a quadra, em uma área aberta, lixo e galhos cortados de árvores compõem o cenário. No fundo do colégio há um local tomado por um enorme matagal e carteiras velhas, que é chamado pelos estudantes de ‘cemitério das carteiras’.
A biblioteca praticamente não funciona. É um ambiente empoeirado e pouco arejado. A maior parte dos livros são didáticos, usados pelos estudantes nas disciplinas curriculares, não há uma variedades de livros para pesquisa e leitura. Muitos destes livros ficam em pilhas, no chão da biblioteca.
O banheiro tem portas quebradas e vasos sem tampa. O mau cheiro e a sujeira tornam o ambiente insuportável e propício à contração de infecções.
O estudante do 3º ano do ensino médio e presidente do grêmio do Colégio Estadual Coronel José Joaquim Barbosa, André Melo, vê a situação com tristeza e descrença. “A situação do nosso colégio está precária. A merenda não é de qualidade. Os banheiros são horríveis e ainda para tornar tudo pior, estudamos sem luz. Não aguentamos mais tanto descaso. A Secretaria de Estado da Educação não faz nada para mudar esta realidade. Estamos abandonados e sem perspectiva de que algo vá melhorar”, desabafa.