Professores da rede pública de Sergipe e estudantes paralisaram suas nesta terça-feira, 11, (Dia Nacional dos Estudantes) e se juntaram a servidores públicos, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a movimentos sociais em uma grande marcha que tomou as ruas do centro de Aracaju. A ‘Caminha da Indignação’, como foi intitulada a marcha, saiu da Praça Camarino e seguiu até a Assembleia Legislativa de Sergipe.
Além de reivindicar educação de qualidade social, segurança nas escolas e condições dignas de trabalho, professores, estudantes e trabalhadores de todo o estado se uniram para dizer não a política de arrocho e parcelamento de salários promovida pelo governador Jackson Barreto.
Este mês o Governo do Estado pagou servidores e professores aposentados de forma parcelada. Uma conduta que prejudica a vida dos trabalhadores e que já havia sido usada pelo governo em outubro de 2014. Os servidores receberam parte do salário de julho no dia 1º de agosto e a outra parte nesta terça-feira, 11.
“Não é admissível que os servidores tenham seus salários parcelados, não aceitamos a política de Jackson Barreto. Os professores estão sem receber o reajuste do piso, os servidores estão sem seu plano de carreira. O que está acontecendo em Sergipe é uma clara política de desvalorização e criminalização do servidor público. Este ato é em defesa de direitos e por condições dignas de trabalho”, defendeu a presidente do SINTESE, professora Ângela Maria de Melo durante a marcha.
O vice-presidente da CUT, Plínio Pugliese, falou durante a marcha sobre a dificuldade de negociação e a má vontade política do governo do estado em dialogar com os servidores públicos. “Depois de nossas manifestações ao longo do ano, conseguimos apenas duas audiências com o vice-governador. Entra mês e sai mês e os trabalhadores não têm perspectivas de quando terão seus reajustes assegurados. O objetivo do governo é empurrar com a barriga esta situação, pois já passamos da metade do ano e não temos avanços nas negociações. Por isso, a CUT vem às ruas. Não vamos aceitar este tipo de desrespeito com a classe trabalhadora”, enfatizou.
Educação
Em Sergipe a rede estadual de educação enfrenta severos problemas. O Governo do Estado descumpre a lei, desrespeita direitos de professores e estudantes e relega a educação ao completo abandono.
Até a presente data o governo não concedeu aos professores da rede estadual o reajuste do piso salarial de 2015, descumprindo o estabelecido pela Lei Federal 11.738/2008, que determina o pagamento e reajuste do piso salarial aos professores da rede pública de todo Brasil, anualmente no mês de janeiro e dentro da carreira.
Para tornar a situação de desrespeito ainda mais grave o governou cortou sete dias de salários dos professores da rede estadual, durante o período de greve e mesmo com a volta dos professores às salas de aula, ainda não fez devolução do desconto.
A falta de segurança também é um dos graves problemas enfrentados por professores e estudantes das escolas públicas estaduais. No mês de julho, em menos de quinze dias três unidades de ensino em Aracaju tiveram suas rotinas alteradas pela violência.
No dia 2 de julho, a diretora da Escola Estadual Senador Lourival Fonte foi agredida por um aluno nas dependências da unidade de ensino. No dia 13 de julho, a diretora do Colégio Estadual Senador José Alves do Nascimento, foi agredida pela mãe de uma aluna. No dia 15 de julho, bandidos invadiram o Colégio Estadual Jornalista Paulo Costa, fizeram de reféns a secretária e a coordenadora e levaram a arma do vigilante terceirizado.
“O governo do estado insiste em afirma que os casos de violência são isolados e que não fazem parte do dia a dia das escolas. Enquanto isso, professores e estudantes permanecem acuados e com medo. O Governo do Estado não pensa em políticas efetivas de combate à violência que visem envolver os diversos atores sociais que compõem a comunidade escolar. O que o governo fez foi colocar vigilantes armados dentro de algumas escolas estaduais, uma ação que ao invés de trazer proteção torna as escolas alvo para bandidos, como foi o caso da Escola Estadual Paulo Costa”, lembra o diretor de Base Estadual do SINTESE, professor Roberto Silva.
Os estudantes e professores também enfrentam a violência do abando e da negação de diretos. A estrutura física das escolas da rede estadual é precária e não oferece condições dignas de ensino e aprendizagem. São salas de aula com carteiras quebradas, banheiros sujos, matagal, água de má qualidade, alimentação escolar inadequada, telhados danificados, redes elétricas antigas que não permitem o uso de computares e às vezes nem dos ventiladores dentro das salas de aula, faltam servidores (mesmo antes da greve da categoria), entre uma série de outros problemas que tronam o cenário da escola pública estadual de Sergipe desolador.
“Hoje é um dia de luta e reivindicação em nosso estado por uma educação pública de qualidade e contra o discurso falacioso do governo de que está tudo bem nas escolas da rede estadual. Não dá para admitir a escola abandonada, sem merendeiras, sem alimentação escolar e sem segurança. Pessoas estão sendo prejudicadas pela falta de planejamento do governo do estado dentro da educação. Vamos exigir do governo respeito aos nossos direitos e não sairemos das ruas até que estudantes e professores tenham o respeito que merecem”, colocou o presidente da União Sergipana de Estudantes Secundaristas, Jean Victor.
Durante sua fala no ato a vice-presidente do SINTESE, Ivonete Cruz, afirmou com tristeza que o que tem caracterizado a educação pública em Sergipe é a falta de respeito, a violência e a sujeira. “As nossas escolas estão caindo aos pedaços, são feias, sujas e não proporcionam condições de trabalho aos professores e de aprendizagem aos estudantes. Não só nós professores estamos sendo desrespeitados por este governo, mas também os trabalhadores de nossas escolas. Vivemos uma ausência de governo. Mas vamos continuar resistindo e lutando por nosso direito, por uma escola pública de qualidade social para os filhos e filhas dos trabalhadores de nosso estado”, afirmou.
Solidariedade
A deputada Estadual, professora Ana Lúcia e o vereador por Aracaju, Iran Barbosa também prestaram sua solidariedade aos professores, estudantes e demais servidores públicos do estado e colocaram mais uma vez seus mandados a disposição dos trabalhadores.