A dor do magistério de Propriá

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“Quando eu fui ao banco pegar a última parcela do salário de julho…Entrei em desespero!… Não tenho vergonha de dizer. Chorei muito! … eu não sei mais o que fazer da minha vida!”

Esse é um relato de uma professora da rede municipal de Propriá (que não quis se identificar) feito na última sexta-feira, 10, depois de receber os 20% restantes do salário do mês de julho.

Os educadores decidiram manter a greve iniciada no dia 17 de agosto, devido a falta de garantias da administração municipal em pagar os salários em dia e sem parcelamentos.

A categoria também deliberou uma nova agenda de lutas que começa nesta terça, 15, a partir das 8h com ato em frente ao Ministério Público às 19h, missa na catedral do município . Eles vão solicitar atuação do promotor. No dia 16 às 17h o magistério realiza um culto ecumênico no Conjunto Maria do Carmo.

Dia 17 a partir das 18h30 com concentração no Colégio Joana de Freitas o magistério fara uma via crúcis pelas ruas da cidade. Na próxima segunda, dia 21, Às 15h uma nova assembleia na Câmara de Vereadores.

Atrasos e parcelamentos

Há meses a administração municipal de Propriá tem feito o pagamento dos salários do magistério em atraso e de forma parcelada (em duas vezes), mas a partir do mês de julho a situação piorou.

Para deixar tudo ainda mais drástico, após reunião ocorrida na sexta-feira (11) entre membros da direção do SINTESE, da Câmara de Vereadores e da administração municipal, o prefeito José Américo envia ofício ao SINTESE propondo que os vencimentos do mês agosto sejam pagos no dia 30 de setembro e que os salários do mês de setembro serão pagos em até 10 parcelas a partir do mês de outubro. Os meses de outubro, novembro, dezembro e o 13º seriam pagos até 31 de dezembro deste ano.

Com essa “proposta” os professores decidiram em assembleia continuar o movimento grevista iniciado dia 17 de agosto. “Não há como retornar às salas de aula sem uma efetiva garantia de pagamento dos salários dentro do mês. Não há condição de trabalhar de barriga vazia”, aponta Sandra Moraes, diretora do Departamento de Assuntos das Bases Municipais do SINTESE.

Não há falta de recursos

Os dados dos relatórios de execução fiscal apresentados pelo município ao Tribunal de Contas dizem que há condições financeiras de pagar os salários dos professores e dos funcionários das escolas sem atrasos e utilizando-se de outros recursos da Educação é possível investir na melhoria das condições físicas e fornecimento de material didático para as escolas.

Análises feitas na folha de pagamento do mês de junho constataram várias irregularidades que, se não foram corrigidas, custarão aos cofres públicos de Propriá algo em torno dos R$870 mil por ano.