Assalto a Escola Municipal Zarria Gabriel Jasmim, no bairro Alecrim, em Estância, nesta segunda-feira, 24, por pouco não termina em uma grande tragédia. Por volta das 13h:30, dois homens armados entraram na escola, renderam professores e alunos e promoveram um arrastão nas salas de aula. Um estudante foi atingido por um tiro de raspão na cabeça disparado pelos bandidos durante o assalto.
Os ladrões chegaram a Escola de motocicleta e aproveitaram o momento que uma mãe saia da unidade de ensino para ter acesso à parte interna do prédio. As aulas do turno da tarde já haviam começado. Os bandidos foram até a secretaria e anunciaram o assalto. De armas em punho, rederam primeiro o diretor e um funcionário, depois seguiram para a cantina da escola onde renderam outras funcionárias e de lá partiram para as salas de aula.
Nas salas os ladrões ordenavam que professores e estudantes entregassem seus telefones celulares. Relatos de funcionários da escola dão conta de que o estudante atingido pelo tiro, no momento em que os ladrões pediram os celulares, por algum motivo, não entregou o seu de imediato. A situação gerou um descontrole entre os bandidos e um deles efetuou o disparo contra o estudante. O tiro atingiu a cabeça do jovem de raspão. O adolescente foi socorrido por guardas municipais e levado para o Hospital Regional Jessé de Andrade Fontes, em Estância. Ele passa bem e já está em casa com a família.
Após a ação, os bandidos saíram tranquilamente do prédio da escola. Eles fugiram do local em uma motocicleta, que foi encontrada pela polícia abandonada em um matagal. Até o momento a polícia não prendeu nenhum dos envolvidos. A direção da escola prestou boletim da ocorrência e o caso está sendo investigado pela Delegacia Regional de Estância.
VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS
A violência que permeia a sociedade, e que não vem sendo resolvida pelo estado, infelizmente, têm atravessado os muros das escolas e deixa vítimas na capital e no interior. Não há segurança para professores, estudantes e funcionários das escolas públicas de Sergipe. Ao passo que não há segurança, também não há ações efetivas por parte dos governos municipais e estadual que visem combater a violência nas escolas.
A coordenadora da subsede do SINTESE, na região Sul do Estado, professora Maria Augusta Alves de Oliveira, conta que as escolas municipais de Estância têm sido constantemente alvo de bandidos, principalmente no período da noite, pois não há vigilantes nas escolas. Além disso, aconteceram também assaltos a ônibus escolares.
“Tem sido comum a invasão de escolas por ladrões no período da noite, quando a unidade de ensino não está funcionando, porque não há vigilantes nas escolas. Os ladrões levam equipamentos, levam alimentos e vandalizam o prédio da escola. Estudantes da Escola Municipal Zarria Gabriel Jasmim, que moram nos povoados, foram assaltados dentro do ônibus escolar que os levam de casa para escola. Infelizmente a violência invadiu o ambiente escolar e pouco tem se feito para combatê-la. Tudo que vemos são medidas de caráter provisório, que são tomadas pelos órgãos responsáveis a cada novo caso”, coloca a professora Maria Augusta.
Longe de serem ilhas, as escolas públicas fazem parte da sociedade, refletem e são reflexos de suas alegrias e também de suas mazelas.
Diante disso, a necessidade de políticas efetivas de combate e prevenção à violência nas escolas é urgente. Políticas que envolvam todos os atores sociais que compõem a comunidade escolar, que resgatem a autoestima desta comunidade e que a façam ver a escola como um espaço de todos e para todos. Uma política que crie o sentimento de que a escola pertence à comunidade e que todos devem cuidar uns dos outros e da unidade de ensino.
Entretanto, as Secretarias Municipais de Educação e a Secretaria de Estado da Educação não fazem um planejamento no qual Estado e municípios cumpram com o seu papel no que tange a adoção de uma política efetiva de segurança.
Para a coordenadora da subsede do SINTESE, na região Sul, o caso ocorrido em Estância não pode ser tratado pelas autoridades como um caso isolado, uma vez que a violência das ruas está ultrapassando os muros das escolas e colocando em risco a vida de professores, estudante e funcionários.
“O arrastão ocorrido na escola aqui em Estância poderia ter tido um fim muito mais trágico, afinal o estudante tomou um tiro na cabeça, por sorte a bala pegou de raspão. Agora estão todos temerosos. Situações deste tipo deixam marcas nas pessoas que as vivem, marcas que não são apagadas do dia para noite. Em que estado emocional professores e estudante voltarão à escola? Qual segurança vão ter após viver um experiência terrível como esta? Como pais e mães vão se sentir ao mandar novamente seus filhos para a escola? A única coisa que podemos afirmar é: caso os governos municipal e estadual não se unam e não busquem empreender uma política séria de prevenção e combate a violência na escola, lamentavelmente veremos outros casos acontecerem” avalia a coordenadora do SINTESE, professora Maria Augusta Alves de Oliveira.