Professores de Carira protestam contra cortes de salários

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Com o corte nos salários, diversos professores não receberam nada

Professores da rede municipal de Carira tomaram as ruas da cidade em uma marcha para protestar Com o corte nos salários, diversos professores não receberam nadacontra os cortes ilegais em seus salários, do mês de junho, feitos pelo prefeito Diogo Machado. Educadores de todas as regiões de Sergipe também participaram do ato em Carira e prestaram sua solidariedade aos professores daquele município.  

Em uma ação arbitrária o prefeito Diogo Machado cortou o salário dos professores da rede municipal de Carira, após greve da categoria que durou 18 dias, entre os meses de maio e junho deste ano. O motivo da greve dos educadores são os quatro anos sem receber o reajuste do piso salarial, o que torna os professores de Carira os mais mal remunerados de Sergipe.

Marcha

A marcha percorreu as principais vias de Carira e buscou chamar atenção da população local para a trágica situação dos educadores carirenses.  A vice-presidente do SINTESE, Ivonete Cruz, relembrou a luta e a resistência dos professores no período da greve e apontou como o corte afeta a vida dos professores e também dos alunos.  

“Depois de um longo período de resistência, fazendo atos, ocupando prédios públicos, os professoresOs parlamentares Ana Lúcia e Iran Barbosa também prestaram solidariedade aos professores de Carira de Carira são obrigados pela justiça a voltar a salas de aula e ao voltarem tem seus salários cortados. O salário é um direito essencial do trabalhador e o prefeito Diogo Machado negou aos professores de Carira, deixando-os em uma situação gritante. O SINTESE buscou diminuir um pouco deste impacto distribuindo cestas alimentação aos professores. Ao cortar os salários, o prefeito prejudica também os alunos, pois impossibilita os professores a ministraram suas aulas, principalmente aqueles que trabalham nos povoados, pois sem dinheiro o professor não tem pagar o transporte”, destaca Ivonete Cruz.

Indignada com a crueldade do prefeito Diogo Machado a professora de matemática e membro da comissão de negociação do SINTESE em Carira, Fabiana Almeida Freitas, fez questão de relembrar a promessa de campanha feita pelo prefeito aos professores.

“Em sua campanha o prefeito Diogo Machado disse que na gestão dele professor não precisaria fazerA professora Fabiana Almeida Freitas exige que o prefeito devolva o salário dos professores greve para ter seus diretos assegurados. Agora eu pergunto: o que aconteceu com sua promessa prefeito? Cumpra o que prometeu. Ao tirar o salário dos professores o prefeito não está punindo só a categoria, mas toda a cidade. Sem salários os professores não podem honrar seus compromissos, não podem comparar alimentos. O comércio já está sentindo os impactos da ação de Diogo Machado. Por isso, digo e repito: Devolva o dinheiro dos professores Diogo Machado. Devolva o que não te pertence. Devolva o nosso dinheiro”, brada a professora, Fabiana Almeida Freitas.   

Marcaram presença na marcha a deputada estadual, professora Ana Lúcia, e vereador por Aracaju, professor Iran Barbosa. Desde o início da greve os dois parlamentares acompanham de perto as mobilizações dos professores de Carira e vêm dando todo o apoio necessário à categoria.  

Corte

O corte salarial feito pelo prefeito foi ilegal e desconsiderou o estabelecido pela liminar do Tribunal deProfessores de todas as regiões do estado participaram da marcha em Carira Justiça, que decretou o fim da greve dos professores de Carira.  No documento judicial os professores deveriam voltar a suas atividades até o dia 12 de junho, sobre pena de multa, caso a liminar não fosse atendida. Os professores acataram a decisão, encerraram a greve e voltaram às aulas no dia estabelecido pela justiça, logo não deveriam ter sido penalizados com cortes nos salários.

Mas Diogo Machado não se importou em infringir a lei e em um ato de vingança contra os professores cortou 20 dias de seus salários, mesmo a greve tendo durado 18 dias. Resultado: diversos professores não receberam nenhum tostão, já que possuíam financiamentos ou empréstimos que são descontados de forma direta na folha de pagamento.

Para amenizar os impactos deste bruto golpe, a coordenação da sub-sede Agreste do SINTESE (localizada em Itabaiana) distribui cestas alimentação aos professores de Carira, já que sem dinheiro, logo a mesa das famílias destes professores estaria vazia.  

Negociações

Há meses o SINTESE tenta negociar com Diogo Machado o pagamento do reajuste do piso salarial e dos passivos trabalhistas devidos pela prefeitura aos professores da rede municipal. No mês de maio houve uma expectativa de solucionar o problema. Estudo elaborado pelo SINTESE mostrava que o município de Carira, a partir do comprometimento dos recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), conseguiria atingir o valor atual do piso salarial do magistério, de forma parcelada, em novembro de 2014, caso pagasse mensalmente (de maio a novembro) percentuais variáveis em cima do vencimento dos professores.

Chegou-se a um entendimento e o projeto de lei que garantia o reajuste a recuperação da carreira já estava pronto e seria enviado a Câmara de Vereadores, mas o prefeito Diogo Machado mudou de ideia e retrocedeu nas negociações. Este retrocesso gerou a greve dos professores da rede municipal de Caria que durou 18 dias.

Justiça

O SINTESE já buscou intermediação do Ministério Público e do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe para que a situação dos salários dos professores seja resolvida. Até o momento 205 cestas alimentação foram distribuídas pelo sindicato entre os professores de Carira.

O delegado sindical de Carira, professor Gilvado Costa, afirma que as mobilizações irão continuar. “A categoria está unida. Sabemos que sem união não há conquista de direitos. Continuaremos sendo fortes e enquanto esta vergonhosa situação não for resolvida continuaremos fazendo atos, não só em Carira, mas também nos povoados. Os professores não irão se amedrontar diante do autoritarismo”, finaliza Givaldo.