Professores de Propriá marcham por direitos e por educação de qualidade social

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Com mais de 80 dias de greve, os professores da rede municipal de Propriá farão grande marcha pelas ruas da cidade em defesa da educação pública, nesta sexta-feira, 6. A concentração para a marcha será às 8h, na Avenida Arthur Melo, em frente ao CSU, próximo ao Fórum Municipal.

A marcha é fruto de uma construção conjunta entre professores, estudantes, pais e mães de diversas comunidades escolares presentes no município. A ação foi idealizada e construída, no final do mês de outubro, ao longo das oficinas promovidas pelos representantes do SINTESE em Propriá, que trazia a temática: ‘A escola que temos e a escola que queremos’.

Nestes espaços as comunidades escolares eram convidadas a refletir sobre a atual situação das escolas municipais, que em sua maioria estão sucateadas. A partir desta reflexão todos juntos traziam a tona o modelo de escola ideal para aquela comunidade, deste a estrutura física até a construção do projeto pedagógico.

Realidade de educação de Propriá

A prática ilegal e covarde de parcelamento e atraso de salários continua por parte do prefeito de Propriá, José Américo. Os professores receberam apenas 34 por cento do salário de setembro,isso significa dizer que um professor que recebe R$ 1.917,78 (mil novecentos e dezessete reais e setenta e oito centavos – valor atual do piso salarial do magistério) deixou de receber R$ 652, 05 (seiscentos e cinquenta e dois reais e cinco centavos) de salário.

Não há previsão para o pagamento do restante do salário de setembro, muito menos para o pagamento do salário de outubro.

O magistério de Propriá vive um dos momentos mais tristes de toda a sua história: salários atrasados e parcelados, condições precárias de trabalho, negação de direitos e perseguição política. O prefeito José Américo se recusa ainda a abrir canal de diálogo e negociação com a comissão do SINTESE.

“Salário representa dignidade, alimentação e vida para trabalhadores e trabalhadoras. Esta situação tem que acabar. Não estamos aqui pedindo favores ao prefeito, tudo que exigimos é respaldado por lei, é nosso direito, é direito de nossos estudantes. A greve segue firme até hoje porque nos recusamos a assistir de braços cruzados a educação de Propriá ser esfacelada e nossos direitos serem jogados no lixo. Por isso, convocamos toda a população de Propriá a participar desta marcha ao lado dos professores, pais e estudantes para juntos mostrarmos ao prefeito que direito não se retira, nem se nega e sim se respeita”, enfatiza a delegada sindical e professora da rede municipal de Propriá, Maria Glaucia Oliveira.

Atrasos de salários e outras dívidas

O atraso e parcelamento de salários é uma dura realidade na vida dos professores de Propriá, ao longo dos últimos meses. Antes os professores recebiam sempre no dia 30 do mês trabalhado. Sem qualquer motivo, o prefeito começou a pagar os salários dos professores de forma parcelada, parte no dia 10 (do mês subsequente) e o restante no dia 20. Agora os professores não sabem ao certo quando ou quanto receberão de salário.

Além dos atrasos e parcelamento, a prefeitura acumula também outras dívidas junto aos professores. O prefeito não pagou a remuneração de férias referente a junho de 2015,  retroativo do piso salarial de 2013 (janeiro a agosto) e retroativo do piso salarial de 2015 (janeiro).

Alimentação escolar

O cardápio fixado nas paredes das cozinhas das escolas de Propriá, que define a alimentação escolar na rede municipal, descreve uma alimentação balanceada, composta por proteínas, grãos, frutas e verduras.

No entanto, no dia a dia a realidade é bem diferente. A alimentação das escolas do município se resume a broa, biscoito, mingau e arroz doce. Uma alimentação rica em açúcar e com pouco valor nutricional, que descumpre as normas estabelecidas pelo Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Escolas e transporte escolar precários

As escolas da rede municipal estão em estado precário. Há uma urgente necessidade de reformas nos prédios das unidades de ensino para assegurar acesso e permanência dos estudantes.

Vale lembrar que a garantia de uma educação de qualidade perpassa por assegurar uma escola estruturada. Ninguém quer estudar em uma escola feia, suja, que não oferece as condições necessárias para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

Outro problema enfrentado pelos estudantes do município de Propriá é a má prestação do serviço de transporte escolar. O transporte não atende aos estudantes com regularidade, o que prejudica o cumprimento dos horários das aulas e o retorno destes estudantes a seus lares.