Descaso, abandono e mau gerenciamento. Estas são palavras que descrevem bem a situação da 
educação de Riachão do Dantas. São escolas com sérios problemas de estrutura, direitos negados e falta de diálogo na busca de soluções para todos estes problemas. Devido a isso, os professores da rede municipal estão em greve desde o dia 10 de agosto.
As escolas de Riachão do Dantas estão largadas à própria sorte. A sujeira e o mato tomam conta das unidades de ensino. As áreas comuns das escolas não oferecem espaços adequados para recreação e socialização dos estudantes. Faltam materiais didáticos e pedagógicos para o trabalho em sala de aula. Além disso, a alimentação escolar oferecida aos estudantes das escolas da rede municipal é de péssima qualidade.
Luta
Ao longo destes 11 dias de greve os professores de Riachão do Dantas vêm fazendo uma série de atos para buscar o apoio da população e denunciar a triste realidade das escolas do município. Os professores estão levando aos povoados uma exposição composta por banners que mostram as irregularidades na rede municipal.
Na última sexta-feira, 14, a exposição foi realizada na cidade de Riachão do Dantas. A prova da falta de
respeito da prefeitura para com os professores foi, que neste dia, o Secretário Municipal de Educação ameaçou o coordenador da subsede do SINTESE na região Centro Sul, professor Estefane Lindemberg.
“O secretário veio até a praça onde estávamos fazendo a exposição e disse que eu deveria tomar cuidado. Esta é uma postura inadmissível para um secretário, que deve trabalhar em favor do povo. Nossa greve e nossas ações são legítimas. Estamos lutando por direitos, por dignidade e por respeito à educação de Riachão do Dantas, respeito este que infelizmente não é assegurado pela atual gestão municipal”, avalia o coordenado do SINTESE.
Mesmo diante de ameaças e sem abertura de canal de diálogo e negociação, os professores continuam a se mobilizar. Na tarde desta sexta-feira, 21, os professores fazem ato na Câmara de Vereadores do município.
No dia 27 de agosto uma caravana de professores de Riachão do Dantas irá a Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (ALESE) pedir apoio aos deputados estaduais e intermediação nas negociações com o prefeito Ivanildo Macedo dos Santos (conhecido no município como Ivan). No dia 30 de agosto os professores farão nova exposição nos povoados Palmares e Forras.
Direitos negados
O desrespeito aos direitos dos professores também é outra marca registrada da prefeitura de Riachão do
Dantas. Até a presente data a prefeitura não concedeu aos professores o reajuste do piso salarial. A Lei que estabelece o pagamento do piso ao magistério público de todo Brasil (11.738/2008) é clara ao definir que o reajuste do piso deve ser concedido aos professores anualmente e sempre no mês de janeiro.
A prefeitura ainda acumula uma série de passivos trabalhistas junto aos professores. As férias de junho 2015 não foram pagas. O prefeito Ivan Macedo se comprometeu, em 2014, a pagar aos professores os retroativos do piso salarial dos anos 2012 (janeiro a março), 2013 (janeiro a setembro) e 2014 (janeiro e fevereiro).
A proposta feita pelo prefeito, e aceita pela categoria, consistia em efetuar o pagamento dos retroativos em 26 parcelas, podendo antecipar a quitação do débito. O pagamento começaria a ser feito no dia 30 de outubro de 2014 e seguiria até no máximo o dia 20 de dezembro de 2016. Mas até agora os professores estão a ver navios, pois nem um centavo ainda foi pago.
“Antes mesmo de iniciarmos a greve, o SINTESE enviou uma série de ofícios solicitando audiência com o prefeito Ivan Macedo. No entanto, tudo que os professores receberam do gestor municipal foi o silêncio. Os professores de Riachão do Dantas estão dispostos a discutir os problemas da educação púbica do município e abrir canal de diálogo e negociação com a prefeitura. No entanto, para isso, não irão abrir mão de seus direitos e do direito de seus alunos”, enfatiza o coordenado do SINTESE, Estefane Lindemberg.
