Nesta semana aconteceram dois casos de violência em escolas do interior do estado. O primeiro aconteceu na manhã de quarta-feira, 7, na Escola Estadual Felipe Tiago Gomes, em Maruim. O segundo caso ocorreu em Tobias Barreto, na noite da mesma quarta-feira, nas imediações da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nicodemo Falcão.
Longe de serem ilhas, as escolas públicas fazem parte da sociedade, refletem e são reflexos de suas alegrias e também de suas mazelas. A presidente da SINTESE, Ângela Maria de Melo, avalia que a violência nas escolas não pode ser debatida sem que se leve em consideração as graves questões sociais que estão inseridas nos contextos das comunidades escolares. Além disso, tal violência não pode ser tratada a partir de medidas individualizadas, focadas apenas na repressão.
“A escola não é uma ilha. Sabemos que os problemas sociais se refletem em nossas unidades de ensino. A violência social é fruto de problemas sérios como o desemprego, violência doméstica, uso de drogas, falta de políticas públicas voltadas para: saúde, educação, cultura, segurança, entre outras. E estes problemas presentes na sociedade também estão dentro das escolas. Hoje, professor, estudantes e funcionário de escolas são vítimas do atual modelo de sociedade que vivemos.”, reflete a presidente do SINTESE.
Os perigos para fora do portão
A violência nas escolas está dentro dos muros e além deles. O SINTESE recebe diversos relatos de unidades de ensino das redes municipais e estadual que já foram assaltadas e vandalizadas por várias vezes. Mas a violência de fora não atinge apenas para o prédio da escola e seus bens materiais, atingem também professores, estudantes e funcionários.
Em muitas localidades é comum os estudantes, professores e funcionários da escola se reunirem em grupos, sobretudo, no turno da noite para irem, em suposta segurança, para casa.
Em comunidades mais pobres, onde os direitos são visivelmente negados a violência externa é ainda maior. A escola pública acaba por se configurar, ali naquela comunidade, como uma das poucas representações do Estado, um Estado que muitas vezes nega, retinge direitos e oprime. Assim a violência torna-se uma resposta cruel ao afastamento de uma série de políticas públicas de proteção aos indivíduos e de prevenção à violência.
A cada nova tragédia um providência é tomada
Diante disso, a necessidade de políticas efetivas de combate e pervença a violência nas escolas são urgentes. Políticas que envolvam todos os atores sociais que compõem a comunidade escolar, que resgatem a autoestima desta comunidade e que a façam ver a escola como um espaço de todos e para todos. Uma política que crie o sentimento de que a escola pertence à comunidade e que todos devem cuidar uns dos outros e da unidade de ensino.
Entretanto, as Secretarias Municipais de Educação e a Secretaria de Estado da Educação não fazem um planejamento no qual Estado e municípios cumpram com o seu papel no que tange a adoção de uma política efetiva de segurança. Tudo que vemos são medidas de caráter provisório, que são tomadas pelos órgãos responsáveis a cada nova tragédia.
Maruim
Na Escola Estadual Felipe Tiago Gomes a situação envolve uma estudante de 15 anos, que cursa o 6º ano do ensino Fundamental. Durante a aula, a professora pediu à garota que fizesse em silêncio, pois ela estava atrapalhando o andamento da aula. A aluna não gostou de ser chamada a atenção e lançou uma carteira contra a professora. Por sorte a carteira não atingiu a docente.
A situação gerou tumulto na escola, o que fez com que a polícia e o conselho tutelar se deslocassem para a unidade de ensino. A estudante, que tentou agredir a professora, se recusou a sair da escola em companhia do conselho tutelar. No dia seguinte a adolescente voltou à escola e agrediu a coordenadora com um chute para poder entra nas dependências da unidade de ensino.
Quinze dias antes do ocorrido a mesma aluna havia ameaçado a diretora da Escola Estadual Felipe Tiago Gomes com um punhal. A diretora temerosa com o que poderia ocorrer saiu de férias.
“A questão aqui não é meramente criminalizar esta adolescente, todos na Escola são cientes de que esta jovem precisa de ajuda. Muitas vezes os nossos alunos chegam com problemas que nós, professores, não damos conta e não estamos preparados para resolver. A Secretaria de Estado da Educação não pensa em uma política efetiva de prevenção e combate a violência nas escolas, em conjunto com outras instituições e profissionais que lidam com a questão da violência em diversas esferas sociais, e que possam colaborar com o debate e com a criação de mecanismos para combater a violência na escola. Com isso situações que poderiam ser evitadas, se houvesse esta rede de proteção, acabam gerando uma cadeia violência na escola”, analisa a coordenadora da subsede do SINTESE na região do Vale do Cotinguiba e professora de Maruim, Emanuela Pereira.
Na próxima terça-feira, 13, às 8h:30 haverá uma audiência no Ministério Público Estadual de Maruim para tratar do caso.
A professora Emanuela Pereira contou ainda que a Diretoria Regional de Educação 4 (DRE 4 – diretoria responsável pelas escolas da região onde fica Maruim) estar a par do caso.
Tobias Barreto
Na noite de quarta-feira, 7, o professor Maurício Cardoso, saia da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nicodemo Falcão, em Tobias Barreto, no bairro, Padre Pedro, quando foi baleado por assaltantes.
Professores e funcionários costumavam sair juntos devido à falta de segurança e aos constantes assaltos nas imediações da escola. Naquela noite eles saíram divididos em quatro motocicletas.
De repente dois sujeitos aramados saíram da margem da rua e se colocaram no meio da mesma. O motociclista que estava na frente e viu toda a ação dos bandidos se assustou e acelerou. Logo atrás dele vinha o professor Maurício Cardoso, os bandidos atiraram e o tiro atingiu o professor Maurício no ombro e no queixo. O professor caiu da moto e os ladrões levaram o veículo.
A professora que estava de carona com o professor Maurício sofre escoriações. O professor Maurício Cardoso, foi internado no Hospital Cirurgia, Aracaju, ele passa bem e deve ter alta em breve.