Os trabalhadores e trabalhadoras da Infraero saíram do expediente para participar
Quem passava pelo aeroporto internacional de Cumbica por volta das 15h30, da última sexta-feira (07) viu uma manifestação com mais de 600 pessoas que protestavam contra a privatização daquele aeroporto, e não só daquele, mas de qualquer outro. O protesto foi realizado pela Central Única dosTrabalhadores (CUT), agora também conhecida como Central Única dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, para mostrar que o governo Dilma erra ao propor a venda dos aeroportos à iniciativa privada – tucanamente chamada de “concessão”.
O protesto em Cumbica teve três motivações: a CUT não concorda com a privatização do patrimônio público, e por isso discorda do governo Dilma nesta questão; a Central acabara de realizar sua 13ª Plenária Nacional na cidade de Guarulhos, com a participação de mais de 600 trabalhadores e trabalhadoras eleitos democraticamente para participar da Plenária, e, por fim, porque a CUT é feita de mobilização, e nada mais ao estilo desse povo guerreiro que tenta sem cessar transformar o Brasil numa sociedade onde a justiça social seja prevalente do que encerrar um encontro nacional com uma bela e boa mobilização.
E em Cumbica foi mesmo uma bela mobilização.
Um caminhão de som pintado de roxo já estava lá quando a delegação da Plenária chegou ao setor de desembarque do Terminal 2 do maior aeroporto do Brasil.
A imprensa costuma dizer que privatizar os aeroportos pode ser uma boa saída para evitar o caos nos aeroportos durante as Olimpíadas e a Copa do Mundo. A imprensa poderia até mesmo dizer, com a cara lívida, que o mundão de gente que ocupou na tarde desta sexta o Aeroporto de Cumbica seria um reflexo do “caos aéreo”.
Mas não é nada disso que eles dizem. A privatização já havia sido apresentada, nos anos 1990 marcados pelo governo tucano, como a solução que desenvolveria os serviços ao povo e ainda faria sobrar dinheiro.
É exatamente por isso que a CUT se opõe à privatização. Além de uma questão ideológica, ou seja, não é possível aceitar que o suor de um povo seja adquirido, a preço subsidiado por dinheiro público, por estrangeiros que aqui só querem amealhar lucros para seus acionistas além-mar, existe uma questão aparentemente comezinha que é garantir às pessoas um serviço de qualidade, coisa que a privatização não garantiu em setor algum. Os preços subiram, os serviços nem tanto.
O protesto que a CUT fez nesta sexta em Cumbica foi também motivado pelo fato de 7 de outubro ser considerado o Dia Mundial Pelo Trabalho Decente. Quem explica é o presidente da CUT, ao falar em cima do caminhão de som que estava no setor de desembarque do Terminal 2 de Cumbica:
“A luta contra a privatização é a luta por trabalho decente. Não existe trabalho decente num mundo com terceirização, não existe trabalho decente com privatização, não existe trabalho decente com precarização do trabalho”.
Muitos funcionários da Infraero saíram de seus locais de trabalho para acompanhar o protesto. Vanuzia Batista, ao ser questionada se a mobilização daria resultado, disse: “Se vai dar resultado a gente não sabe, mas a gente tem de lutar pra saber”.