Por meio de questionário aplicado em 15 mil domicílios em cinco estados e no Distrito Federal, o levantamento do IBGE revela que, para os brasileiros, o racismo está mais evidente no trabalho (71%), na relação com a polícia e com a Justiça (68,3%) e no convívio social (65%). De oito categorias, a escola foi citada por 59,3% dos entrevistados e as repartições públicas, por 51,3%.
O estudo também destaca que é na unidade da Federação com maior renda per capita do país (mais de cinco salários mínimos), o Distrito Federal, onde a população mais percebe o racismo. Lá, 10,9% dos entrevistados, na resposta aberta, se declarou “negra” – categoria que não é usada pelo IBGE.
No Amazonas, menos pessoas notam o problema (54,8%). No estado, também foi registrado o menor percentual de autodeclarados “brancos” (16,2%) e a maior proporção de “morenas” (49,2%), termo que assim como “negra” também não é usada pelo instituto para a classificação etnorracial.
Segundo a pesquisa, 96% das população sabe se autoclassificar, sendo que 65% seguem os critérios do IBGE. Para ele, o fato de uma parcela se definir “morena” é uma forma de evitar se assumir “preto” ou “parda”, categorias que somadas equivalem a “negros”. “Moreno é um termo para fugir da questão. Pode ser quase qualquer um, pode ser bronzeado de sol ou afrodescendente”, disse o pesquisador. No total, 21,7% dos entrevistados se declararam “morena” e 7,8%, negra.
A decisão de usar dados desagregados de raça nas pesquisas domiciliares pelo IBGE cumpre recomendações firmadas pelo Brasil na 3º Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul, em 2001.