Enquanto Lady Gaga parece acreditar que o significado de novidade se resume a lançar um single polêmico após o outro para não deixar a fama esfriar, Bjork dá uma aula de inovação para além de figurinos bizarros. “So quiet” desde o lançamento de “Volta” (2007), a cantora sai da cripta para lançar o seu oitavo álbum no próximo dia 27 de setembro, o que promete revolucionar a indústria fonográfica.
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Em “Biophilia”, a cantora islandesa conseguiu fundir em uma única plataforma tecnologia, interatividade, ciência e – claro – música. Um website programado em HTML5 é o ponto de partida do projeto, que engloba uma turnê de três anos (ela passará seis semana em cada uma das oito cidades escolhidas), um documentário de 90 minutos sobre o processo de criação e produção, e as músicas, formatadas uma a uma em dez diferentes aplicativos para iPhone e iPad.
A porta para um novo campo cutural?
O costume de pagar por música, um tanto perdido durante a era da pirataria, ganha um novo significado com o álbum de Bjork. Essas músicas-aplicativo não são apenas um recurso audiovisual, elas também viram jogos interativos e até instrumentos de mixagem, permitindo que cada ouvinte recrie a sua própria versão da faixa original e depois a compartilhe nas suas mídias sociais. Ou seja, você estará pagando por uma experiência muito além do tradicional.
Bjork não toca nenhum instrumento usual, como piano ou guitarra. Por isso, compôs boa parte do trabalho em um iPad, explorando bases eletrônicas e sons provenientes de games. Novos instrumentos musicais também foram desenvolvidos para o álbum e serão usados nos shows. Segundo Scott Snibe, artista interativo contratado pela cantora para desenvolver os aplicativos: “antes as pessoas tinham um disco grande na mão, o colocavam para ouvir, viam a capa, folheavam o encarte. Segurar um tablet é meio parecido com isso, a gente volta a ter algo especial. E foi isso que fizemos com ‘Biophilia’”, contou na coletiva do lançamento do primeiro single, “Crystalline”, durante o Festival Internacional de Manchester, que aconteceu no mês de junho, na Inglaterra.
A inspiração para tanta criatividade veio após a artista ler o livro do neurologista britânico Oliver Sashs, intitulado “Musicophilia”. As letras das novas canções de Bjork passam pela física do universo, explorando fenômenos como a relação entre o efeito da gravidade sobre corpos celestes e seres humanos, o DNA, a natureza da vida. Daí o nome do álbum, bem como a temática dos games, que prometem levar o usuário à experiencias como viagens em túneis 3D por dentro da música ou promover ataques virais à células que, durante o jogo, interrompe a faixa caso o inimigo seja contido. Com isso, apenas o usuário “perdedor” conseguir ouvir o som todo. Uma “viagem” espacial e tecnológica, literalmente.
Quem não pode mais esperar nem um segundo pelo lançamento oficial do dia 27, já pode começar baixando via iTunes o aplicativo principal “Cosmogony”, o único gratuito, que funciona como um guia do álbum, para saber quais as músicas que valem o investimento. Bjork, que já era considerada uma artista de vanguarda por sua linguagem pessoal e intrasferível expressada em músicas, performances e vídeoclipes icônicos, agora entra para a história do século 21 por criar algo realmente revolucionário em plena síndrome mundial da busca pelo “novo”.