Os ventos de manifestação popular, em especial com participação ativa das juventudes das periferias urbanas, não se limitaram a junho de 2013. Ao contrário, as mobilizações juvenis que movimentaram o Brasil durante o ano passado se mantém, ainda que sob novas formas, em 2014. As principais expressões desse momento são, sem dúvidas, os chamados “rolezinhos”. Práticas em que jovens, até então invisibilizados, decidiram ocupar espaços tidos como privilegiados para poucos para afirmar hábitos e estilos de vida próprios.
Assim como as manifestações de junho/2013, os rolezinhos escancararam, além de outras coisas, que as instituições do Estado democrático não sabem lidar com novidade e com conflitos sociais atuais. Uma dessas instituições que se vê em xeque diante das manifestações é o Poder Judiciário. Esse é o tema do artigo que abre a primeira edição de 2014 da Revista Paulo Freire. Discutindo a juridificação dos rolezinhos, o professor da Universidade de Brasília, Fábio de Sá e Silva, questiona: até que ponto, sob a égide desta Carta dita “cidadã”, é legítimo a particulares (as administrações e os frequentadores de Shoppings Centers) e especialmente ao Estado (por meio das polícias) hostilizarem manifestações como os rolezinhos? Não caberia ao Estado, ao invés disso, proteger ativamente essas formas de manifestação (cultural, política, identitária ou o que quer que sejam)?
Dos rolezinhos para a educação, a matéria de capa desta edição apresenta dados atuais de como o ensino superior no Brasil é marcado por uma forte concentração e domínio de investimentos de fundos internacionais. O texto revela que o novo modelo educacional hegemônico no país – em que os fundos de investimento assumiram um papel protagonista – pode afetar a já afetada qualidade dos cursos superiores no Brasil.
Como alertou o Presidente da CNTE, Roberto Franklin Leão, o domínio dos investimentos externos na educação superior é “um perigo muito grande para autonomia no processo de construção de conhecimento no nosso país. Essas universidades, na sua grande maioria, além de só visarem ao lucro e negociarem suas ações em bolsas de valores, não têm nenhum compromisso com o Brasil e nenhum compromisso em produzir conhecimento e fazer pesquisa”.
Também nesta primeira edição de 2014, trazemos um balanço das políticas educacionais em Sergipe no ano passado, a partir de uma análise das notas do Governo Estadual e das Prefeituras Municipais na “Prova Final”, instrumento que busca avaliar as políticas educacionais, a partir de cinco eixos estruturantes: valorização profissional; gestão democrática; qualidade social do ensino; garantia de direitos do Plano de Carreira e Estatuto; e condições de trabalho. A conclusão: a educação pública como uma prioridade, ao menos em Sergipe, não transpõe o discurso dos gestores públicos. E já adiantamos: ou os gestores assumem uma nova postura no trato com a educação pública em 2014 ou, como nos anos anteriores, as mobilizações dos professores e professoras só tendem a aumentar.
Um artigo do professor estanciano Joaldo Tavares sobre a física nuclear no mundo moderno, um texto do docente da Universidade de Brasília, Luiz Araújo, sobre os desafios para a luta pela aprovação do PNE em 2014 completam esta edição da Revista Paulo Freire. Além, como de costume, de muita poesia na página 18.
Boa leitura e um 2014 de lutas e sonhos!
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