Nós estudantes do estado de Sergipe, viemos por meio desta carta denunciar a situação precária em que se encontra a educação publica no nosso estado.
Não aguentamos mais viver com tanta insegurança no ambiente escolar, o medo ultrapassa os portões da escola e ocupa cadeiras que são deixadas vazias pelos estudantes, que acabam desistindo da escola por inúmeros fatores, escola essa pouco atrativa, murada e gradeada, que visivelmente não esta apta aos estudantes. Um modelo ditatorial de ensino que nos faz pensar ” pra quem a escola é feita?”, e questionar seu papel na formação dos nossos jovens, mas como nós estudantes como podendo mudar essa realidade? A resposta é evidente!
Desde que a democracia vem sendo atacada no nosso país, as entidades estudantis vem mostrando que o movimento estudantil não morreu e que toda aquela rebeldia de uma juventude que foi as ruas em campanhas essenciais pelo fim da ditadura, pela redemocratização do país, em defesa do nosso petróleo, e de direitos para a classe trabalhadora, esta mais presente do que nunca.
A juventude brasileira vem dando uma aula de democracia e cidadania nas ocupações de norte ao sul do nosso país, afrontando esse governo ilegítimo que não respeitou o voto de mais de 54 milhões de brasileiros, e que põe em risco os direitos conquistados através de muita luta pelos trabalhadores e trabalhadoras. Esse governo que está aliado às bancadas mais conservadoras, vem implementando o golpe em partes, atingindo diretamente os que mais precisam da assistência do estado, sem nenhum respeito ao povo, rasgando nossa constituição. O governo temerário com seu pacote de maldades e estragos permanentes, como a PEC55 (antiga 241) que congela investimentos em áreas sociais durante 20 anos, inclusive na educação, avança a passos largos impedindo a implementação do PNE e o uso dos 10% do PIB pra educação.
São tempos difíceis para os que sonham com um país mais justo, vivemos em estado de exceção, com a criminalização e ataques diários aos movimentos sociais, 64 esta se repetindo. Projetos como o da lei da mordaça, chamado de escola sem partido, na prática quer acabar com nosso direito ao pensamento crítico, impede que a escola se torne um espaço de debates de ideais, impede a nossa organização dentro da escola, e estudante organizado é ataque direto ao sistema desigual desse país. Com a ausência de debates e organização o ambiente escolar torna-se cada vez mais racista, homofóbico e machista. É notório que a mídia aplaude de pé essas propostas retrogradas do governo, cumprindo o papel de desinformação, sem alertar a população acerca das graves consequências que a educação vai sofrer.
Queremos deixar bem nítido, que o partido dos estudantes secundaristas é o da luta, e nós queremos discutir essas propostas de mudança na educação, é desrespeitoso aplicar a MP746 de reformulação do ensino médio sem diálogo com quem de fato vai ser atingido. Queremos debater os caminhos da educação com quem vive a realidade da escola pública, essa é a primeira vez desde a ditadura em que existe uma proposta de reformulação de ensino e esta não é debatida com estudantes e professores.
Não aceitaremos retrocessos e repudiamos a falta de diálogo com o governo federal, e em resposta ao abandono do estado democrático de direitos e a aos ataques diretos a educação, mais de 1200 escolas estão ocupadas em todo o país, o que é a prova mais viva que o estudante quer e está apto a debater os rumos da educação. Não aceitaremos as medidas impostas por esse governo ilegítimo, nem que a escola se torne um espaço anti-democrático, não abriremos mão do nosso direito à luta. Ocuparemos mais escolas, as redes, as ruas e todos os espaços em nome da democracia e por nenhum direito a menos, não aceitaremos o retrocesso. Somos estudantes secundaristas, mas podem nos chamar de resistência!
Assinam esta carta:
-USES: União Sergipana dos Estudantes Secundaristas
-UJS- União da Juventude Socialista
-Coletivo Quilombo
-Levante Popular da Juventude
-Coletivo ParaTodxs