Escolas recebem alimentos das Catadoras de Mangaba

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Há mais de 10 anos que as Catadoras de Mangaba do Estado de Sergipe se organizam em torno da luta em defesa das Comunidades Extrativistas. Hoje, são mais de 600 famílias em Sergipe que vivem da Cata da Mangaba, sendo em sua maioria,  Mulheres Negras, responsáveis pelo o extrativismo da fruta da restinga.

Nos dois últimos anos, as Catadoras de Mangaba, através da Associação das Catadoras de Mangaba e Indiaroba (ASCAMAI), firmaram parceria com o Programa Petrobras e Desenvolvimento e Cidadania e formularam o Projeto Catadoras de Mangaba Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe.

De lá para cá, diversas foram as oficinas de agroecologia, tecnologia social, segurança alimentar e beneficiamento de frutos que proporcionaram a produção dos alimentos das Catadoras de Mangaba. Hoje, são três linhas de alimentos produzidos: Frutos das Restinga, Frutos dos Quintais e Frutas Desidratadas.

Alimentação Escolar

Com o desenvolvimento da produção dos alimentos oriundos da Restinga, as Catadoras de Mangaba passaram a ofertar os produtos da Mangaba para a Merenda Escolar nos municípios sergipanos.

Hoje, os estudantes das escolas municipais de Japaratuba e Barra dos Coqueiros recebem diariamente, na merenda escolar, os alimentos produzidos pelas Extrativistas. Em Japaratuba, as Catadoras da comunidade Porteiras entregam, quinzenalmente, para as Escolas Municipais do município, a média de 4500 pacotes de biscoito de Mangaba.

Para Jaqueline dos Santos, Catadora de Mangaba da comunidade Porteiras, a venda dos alimentos para a Merenda Escolar é mais uma fonte importante de geração de renda para as famílias extrativistas. “O que é mais interessante é como nós mulheres (catadoras) estamos trabalhando juntas,  coletivamente. É dessa forma que garantimos a geração de renda para as nossas famílias”, afirma.

A Merenda Escolar, nacionalmente, faz parte do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o orçamento destinado para o programa neste ano de 2013 foi de R$ 3,5 bilhões, para beneficiar 43 milhões de estudantes da educação básica e de jovens e adultos.

Com a lei nº 11.947 de 16/06/2009, ficou estabelecido que,  no mínimo,  30% do valor total do orçamento deve ser destinado para a compra de alimentos oriundos da agricultura familiar.

Para o Engenheiro de Alimentos, André Souza,  a alimentação vinda da  agricultura familiar é a mais adequada para garantir a segurança alimentar e o valor nutritivo da merenda escolar.   “ A biodiversidade na produção dos produtos hortícolas oriundos da agricultura familiar contribui com o fornecimento de uma vasta gama de vitaminas e compostos funcionais. Alguns desses nutrientes são importantíssimos para a manutenção das atividades metabólicas no desenvolvimento das crianças e jovens”, explica o Engenheiro.

Outro munícipio sergipano beneficiado pelos alimentos das Catadoras de Mangaba é o munícipio da Barra dos Coqueiros.  Segundo a Catadora Silvana, da Comunidade Capuã, foi a partir deste ano que as escolas municipais passaram a receber, na merenda escolar, os alimentos da Mangaba. Hoje, as Extrativistas entregam mensalmente cerca de 3400 bolinhos de Mangaba.

Beneficiados nas Unidades Produtivas das Catadoras de Mangaba, os alimentos dos frutos da Restinga tem alto valor nutritivo e não faz o uso de agrotóxicos. Para Silvana Correia, a preocupação com a qualidade dos alimentos é fundamental para manutenção da história e a defesa das Mangabeiras .

“Garantir a qualidade dos nossos produtos nas escolas é importante pra divulgar ainda mais nossa história. As Catadoras e as Mangabeiras estão resistindo todo dia contra o agronegócio e os condomínios que estão destruindo toda restinga”, afirma.

Quando questionada sobre as perspectivas das Catadoras, Silvana é enfática no que se refere a distribuição dos alimentos da Mangaba na merenda escolar.

“Nosso objetivo é que cada município de Sergipe receba os nossos alimentos para serem inclusos na alimentação escolar. É assim que queremos expandir a preocupação e a importância das Mangabeiras na vida de centenas de famílias sergipanas”.