Resposta ao texto de Rodoval Ramalho no Jornal Cinform

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O senhor Rodorval Ramalho, professor da UFS, usou sua coluna respostarodovalramalhono Jornal semanal Cinform de 04 a 10 deste mês, Caderno 1, folha 2, no alto da sua arrogância e boçalidade, para atacar publicamente, num nível rés-do-chão, os trabalhadores dos serviço público, notadamente os professores e a liderança sindical dessa aguerrida categoria, em decorrência das greves organizadas pelas entidades sindicais, sob o pretexto de que as mesmas atende a interesse do Partido dos Trabalhadores. Além de mal informar os leitores desse jornal, segue a linha editorial difamatória da grande imprensa oligarca e reacionária, que tenta tornar suspeito tudo e todos que não rezam na sua cartilha ideológica. Para essa mídia, o único partido corrupto no país é o PT. Mas perguntamos ao Rodorval: como anda o escândalo do metrô em São Paulo? O escândalo vem de longa data, mas até agora nenhum político foi punido. Envolvem dois casos diferentes, mas com relações entre si: o Casol Alston, a multinacional francesa que teria subornado políticos ligados ao governo Alckmin para ganhar o contrato da expansão do metrô de SP, e o Caso Simiens, a empresa que admitiu ter formado cartel com outras 13 para fraudar as licitações do metrô de SP e do DF. A Simens entregou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma série de documentos que comprovam que o governo tucano tinha conhecimento da formação do cartel. Reportagem da Istoé estimou em R$ 425 milhões de reais os prejuízos para os cofres públicos. No Caso Alston, a PF indiciou, por corrupção passiva, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB), ex-ministro do governo FHC. E os desvios em Furnas/MG, a lista do HSBC e a Operação Zelote, que sonegou bilhões da Receita Federal, deixando no chinelo as denúncias de desvios na Petrobrás?

 

É preciso lembrá-lo de que a greve é direito constitucional, instrumento de luta legítima da classe trabalhadora. Historicamente, os trabalhadores utilizam, há no mínimo três séculos, desse importante instrumento para garantir e manter direitos. As greves, forçam os governantes e os empregadores a atender suas reivindicações ou, no mínimo, a lhes fazer concessões. Faz a absurda assertiva de que os dirigentes sindicais apostam no “quanto pior, melhor”. Os companheiros têm uma ética, não torcem contra o Brasil, não apostam no “quanto pior, melhor”, como afirma, de forma descabida, o sociólogo. Acusa os dirigentes sindicais de ganharem “prestígio sindical e político” com os movimentos grevistas para depois ocuparem cargos no Parlamento. É preciso dizer que a eleição de um líder sindical para o Congresso Nacional é extremamente legítimo. Assim como os empresários, ruralistas e outros segmentos da sociedade possuem o direito de elegerem deputados e senadores para representarem seus interesses no Congresso, os trabalhadores têm igualmente o direito de elegerem parlamentares comprometidos com a pauta e a luta dos mesmos.

 

Isso não representa nenhum demérito para esses líderes. Tais líderes que fazem a opção pela luta política em defesa da classe trabalhadora, como quaisquer outras pessoas, tem o direito constitucional, como cidadãos, se engajarem politicamente. Ademais, durante o processo eleitoral, a manifestação de apoio a esses candidatos por parte de uma categoria é um ato comum e democrático. Os trabalhadores elegem quem melhor representa suas lutas e ideais. Afirma ainda que os movimentos grevista e as eleições de líderes sindicais para o Parlamento – que ele chama pejorativamente de “vampirismo político” – “tem causado um mal incomensurável ao processo de construção de uma educação de qualidade”. Que disparate!

 

O sociólogo ignora que, o que dificulta a construção de uma educação de qualidade é a falta de prioridade, de investimento na educação por parte dos gestores públicos, falta de professores e uma infraestrutura precária que condenam milhões de alunos a uma educação de péssima qualidade, bem como a desvalorização dos professores pelos governantes que os submentem a receber baixos salários e a péssimas condições de trabalho. Ao asseverar que o sindicato leva sempre a “categoria a um beco sem saída”, esse sujeito agride nossa sensibilidade moral, pois sugere que os professores são manipulados, que não pensamos, que somos levados pela liderança sindical sem uma reflexão crítica, que, segundo ele, quer sempre obter dividendos políticos. Ora, senhor Ramalho, respeite essa categoria que pensa e sabe o que quer, que sabe debater e divergir, inclusive, muitas vezes de sua liderança. Mostrando, desse modo, que não é manipulada de forma alguma. Ao agir dessa maneira, tentando desqualificar a mobilização de uma categoria profissional de vanguarda no Estado de Sergipe e no Brasil, e com ataques a liderança do movimento sindical – passando ao largo do compromisso de informar com isenção os motivos das greves dos professores, o senhor Rodorval Ramalho mostra-se um coxinha reacionário, que faz o jogo da burguesia fedida, dada a sanha em defender abertamente os governos tucanos do Paraná e de São Paulo, que retiram e negam direitos dos trabalhadores – prática. Infelizmente, não exclusiva desse jornal e desse colunista. Acusa os sindicalistas de usarem os professores como “bucha de canhão” para atingir os governos do PSDB e “desviar a atenção dos crimes cometidos pelo PT”. Meu Deus! Quanta asneiras!! Isso é o cúmulo do contrassenso!!! A Psiquiatria clínica é clara: negação dos dados da experiência, somada a uma reconstrução da realidade pela fantasia chama-se DELÍRIO.

 

Portanto, esse sujeito está delirando. Recomendo um bom psiquiatra. O que lamento profundamente é que uma pessoa com uma concepção tão retrógrada e conservadora, seja albergado por um jornal que se pretende ser uma agência de informações. Lamento que muitos desavisados vão ler esta matéria de texto desqualificado, tomando-os como expressão de verdade. Deixo aqui o meu mais veemente repúdio ao que o senhor Rodorval Ramalho escreveu em sua lastimável coluna. Espero que ele permaneça na sua insignificância e os professores avancem na luta e nas consequentes conquistas de seus direitos, bem como na construção de uma educação de qualidade social para todos os nossos filhos.