O título deste artigo é o mesmo de um documentário que retrata o fenômeno social que tomou conta das ruas do estado mexicano de Oaxaca, em 2006. Naquele momento, professoras(es) iniciaram e lideraram manifestações públicas em defesa da educação pública e da justiça social.
Resguardados os diferentes contextos e proporções, Sergipe vive um momento semelhante. Em greve, as(os) professoras(es) da rede estadual vêm protagonizando a efervescência da luta da classe trabalhadora no estado.
Atos Públicos, Manifestações na Assembléia Legislativa, Marchas, Vigílias, Reuniões…Diversas ações massivas e de incidência política, que se ampliam no período grevista, estão sendo organizadas pelo SINTESE, com o objetivo de reivindicar que o Governador Marcelo Déda cumpra a lei e garanta o pagamento do piso salarial às(aos) professoras(es).
Mostrar um pouco de tanta verdade é também o objetivo do SINTESE com as mobilizações. A luta pelo piso salarial é uma luta pelo cumprimento da lei, uma luta por dignidade e respeito às(aos) professoras(es). Até o momento, as propostas apresentadas pelo Governo ou dividem a categoria (ao estabelecer revisão diferenciada para nível I e nível II) ou destroem a carreira (extinção do nível I do quadro permanente).
“A categoria do magistério é única e queremos reajuste para todos com respeito à carreira”, é o que afirma a Presidenta do SINTESE, Ângela Melo.
Outra verdade que precisa ser reafirmada é que a luta das(os) professoras(es) é maior. A luta tem como pano de fundo a luta por uma educação pública de qualidade e referenciada socialmente. Não é à toa que a educação é o primeiro direito social garantido na Constituição Federal de 88. Educação é o direito balizador de todos os outros direitos. Não há como pensar cidadãos emancipados cientes de seus direitos sem a Educação.
Bom é perceber que os estudantes estão atentos a isso e ficaram ao lado de seus mestres. Prova disso foi o abaixo-assinado organizado pelos discentes do Colégio Estadual Presidente Costa e Silva, se solidarizando à luta das(os) professoras(es) e reivindicando ao Governo o pagamento do piso salarial.
Tomo emprestadas as palavras da professora e Deputada Estadual Ana Lúcia (PT), ao falar dos impactos que o prejuízo às(aos) professoras(es) podem causar à sociedade.
“Prejudicar os professores é prejudicar a maioria, já que quando o magistério é prejudicado, quando os trabalhadores da saúde são prejudicados, os trabalhadores da segurança pública, os assistentes sociais são prejudicados, nós estamos prejudicando diretamente a população, porque eles são profissionais e estão atuando diretamente com a população no dia-a-dia, na labuta, recebendo esta população, principalmente a população pobre e desassistida. A população que o capitalismo gera em exploração é a que nós, servidores públicos, temos o contato diário. Então essa proposta fere o Plano de Carreira e divide a categoria”.
Por isso, temos que apoiar e divulgar a luta das(os) professoras(es) e pressionar o Governador Marcelo Déda, oriundo das classes populares, do Partido dos Trabalhadores, sobre qual a sua opção: ficar ao lado das(os) trabalhadoras(es) da educação ou continuar rasgando a lei e pisando no piso e na carreira das(os) professoras(es).
Paulo Victor Melo, jornalista