O quadro político que se desenha com o término das eleições 2012 em Sergipe deve servir para que a população trabalhadora possa fazer sérias reflexões. O fortalecimento da direita no Estado aponta dias difíceis para a classe trabalhadora que continuará penando com ausência de políticas públicas que, de fato, promovam inclusão social para todos com respeito aos direitos humanos.
Podemos perceber bem esse cenário com os prefeitos eleitos para o período de 2013 a 2016, com claro predomínio dos partidos de direita dominando o processo eleitoral no Estado, vejamos:
– PSD – 12 Prefeitos Eleitos
– PSC – 11 Prefeitos Eleitos
– PSB – 10 Prefeitos Eleitos
– PT – 07 Prefeitos Eleitos
– PMDB – 07 Prefeitos Eleitos
– DEMOCRATAS – 06 Prefeitos Eleitos
– PR – 06 Prefeitos Eleitos
– PDT – 05 Prefeitos Eleitos
– PSDB – 04 Prefeitos Eleitos
– PRB – 02 Prefeitos Eleitos
– PC do B – 01 Prefeito Eleito
– PT do B – 01 Prefeito Eleito
– PPS – 01 Prefeito Eleito
– PSL – 01 Prefeito Eleito
– PPL – 01 Prefeito Eleito
Uma rápida análise desse quadro político, podemos perceber a hegemonia da direita contralada pelos irmãos Amorim que controlam diversos partidos, aos quais conseguiram elegem vários gestores estaduais. O próprio Edvan Amorim afirmou no programa da Rede Ilha que vai ao ar das 06h as 09h, no dia 09 de outubro, que conseguiu eleger 47 prefeitos dos 75 eleitos, chamados, por ele, de aliados. Os Amorim (Edvan e Eduardo) representam hoje no Estado, a nova face da direita que incorporou outros partidos de direita como: Democratas e PSDB na sua lista de partidos controlados.
O que chama atenção dessa nova direita é a capacidade de absorver o discurso da esquerda como: valorização dos servidores, educação e saúde de qualidade, habitação para todos, transporte coletivo digno entre outros. Esse suposto transformismo dessa nova direita acaba confundindo a população com propostas de políticas públicas muito próximas daquelas que defendemos, porém os reais objetivos, ou seja, o que está por trás dessas propostas é aprofundar o modelo capitalista com aumento da concentração de riqueza e miséria.
A direita sempre teve do seu lado a mídia conservadora burguesa (grande maioria dos meios de comunicações) que esconde aquilo que não interessa que o povo saiba e exalta a sociedade do espetáculo. Além disso, essa mesma mídia tenta confundir a população com reportagens que visam colocar todos políticos no mesmo “saco”. Isso tem um viés ideológico para o povo, pois “se todos são iguais” continua com aqueles que já estão no poder há muito tempo. Esse cenário político pudemos observar em vários municípios sergipanos, inclusive Aracaju.
Entretanto, a esquerda precisa reagir à ofensiva da direita com ações que promova a construção de uma sociedade de iguais. As eleições precisam servir para que a esquerda sergipana possa repensar suas atuações nas gestões municipais de modo a fortalecer a democracia participativa. Esse, em nossa avaliação, é o elemento que a direita não defende e nunca defenderá, pois não quer nem gosta de ouvir o povo e não quer promover administração a partir das deliberações populares. Os partidos de esquerda e seus prefeitos precisam construir políticas que visem à valorização dos servidores e a gestão democrática da administração pública.
A democracia participativa passa pela construção do orçamento global onde as propostas deliberadas nos espaços democráticos são organizadas pela administração e transformam-se na base da construção da peça orçamentária. O orçamento participativo precisa ser a mola mestra que deve orientar uma gestão de esquerda, pois é nele que o povo sente-se ouvido e passa a defender a gestão.
A direita não defende esse modelo orçamentário, pois são nas peças orçamentárias onde paga-se as negociatas realizadas no período eleitoral. As peças orçamentárias, praticamente, resumem-se a obras que absorve as maiores somas de recursos. Com isso podemos compreender o porquê as construtoras financiam as campanhas eleitorais. A lógica atual de construção das peças orçamentárias foi formulada pelos Estados Unidos no período pós-segunda guerra com a reconstrução da economia europeia através do Plano Marshall. Os Estados Unidos precisava ter controle sobre os recursos que deveria ser gastos e estabeleceu rubricas pré-definidas. Defendemos o rompimento desse modelo e a construção do orçamento global, construído de baixo para cima, ou seja, a partir da realidade da sociedade.
O orçamento global da educação deve ser construído nas escolas através do Projeto Político Pedagógico de cada unidade de ensino, o da saúde deve ser construído nos postos de saúdes e hospitais, o da agricultura ouvindo os trabalhadores rurais com e sem terras, sempre abrindo espaços para a população em geral também opinar e deliberar. A partir dos orçamentos de cada setor deve ser construído o orçamento geral, ou seja, o orçamento global.
O modelo orçamentário atual precisa ser combatido, pois a direita continuará querendo ditar as regras e impondo ao povo um orçamento que seus “intelectuais de gabinete” acham que serve para o povo. Esse modelo tem apontado sempre para medidas de arrocho salarial dos servidores, concentração de riqueza e aumento da miséria, típico das cartilhas neoliberais. O quadro político de Sergipe é muito difícil, pois grande maioria dos vitoriosos são políticos oriundos de direita, cabendo aos poucos gestores de esquerda eleitos fazer a diferença, somente dessa forma poderemos combater a direita e a mídia que a apoia.