Em 08 de setembro de 2007, o SINTESE faz 30 anos. O que para muitos é um parâmetro de maturidade, para uma entidade socialista e sindical é uma firmação de resistência e dedicação permanentes aos ideais que sustentaram a sua criação.
A luta para construção de uma escola pública de qualidade, há 30 anos é prioridade para este sindicato. Para que isso seja possível, é preciso combater insistentemente todos aqueles que querem negar isso. Combater denunciando-os a sociedade, a Justiça, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, a Assembléia Legislativa, as Câmaras de Vereadores, a Imprensa e em todos os espaços possíveis. Essa ação combativa é necessária para possamos disputar governos que se preocupem em garantir uma escola pública sonhada por todos nós. A escola pública, pensada, construída e gestada com base na democracia participativa, com certeza será outra. Será uma escola sonhada para filhos e filhas das camadas populares. Uma escola com cores, gostos e sabores. A escola que o SINTESE sempre lutou para construir.
Década de 60
Surge a Associação dos Professores, em meados da década de 60, entidade dirigida por Agonalto Pacheco e que teve a sua documentação destruída durante Golpe Militar-Político-Empresarial de 1964. Após este período, a ação reivindicatória esteve reservada a atuação de grupos isolados.
Década de 70
No dia 08 de setembro de 1977 é fundada a APMESE (Associação de Profissionais do Magistério do Estado de Sergipe), uma entidade que nasce sob o signo das ações clientelísticas, que ainda não se preocupava em promover ações que possibilitassem o aumento do nível de consciência da classe trabalhadora.
Em 1979 surge um grupo de oposição à diretoria da APMESE, liderado pelo saudoso Diomedes Santos Silva, reunido sob a chapa de nome RENOVAÇÃO. Tentava-se já naquela ocasião transformar-se a associação numa entidade classista, voltada aos interesses e necessidades da categoria.
Década de 80
Em 1984 os professores assistem ao início de uma série de ações de resistência que mudariam radicalmente a forma de se conduzir as decisões políticas da associação. Nesse ano, o grupo que então fazia oposição à diretoria da APMESE conduz a primeira greve da história dos Educadores da rede estadual de Sergipe.
O movimento lutava pela equiparação salarial dos professores com os demais profissionais do Executivo e a aprovação do novo Estatuto como forma de garantir as conquistas a serem obtidas. Após dois dias de manifestações, a greve termina sem que o Governo de Estado atenda qualquer reivindicação. A diretoria da APMESE, que só aderira ao movimento por pressão da categoria, se viu forçada a renunciar, causando instabilidade e desgaste para a própria entidade.
Em outubro de 1986 um grupo de 300 professores decide criar o Centro Profissional de Ensino (CEPES) com a missão de retornar a luta do magistério a partir de uma perspectiva classista, aliando reivindicações à formação através estudos e debates sobre a prática pedagógica da rede pública do Estado de Sergipe. Os educadores reunidos no CEPES são os mesmos que historicamente se opuseram às sucessivas diretorias da APMESE. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela entidade, o Centro contribuiu para um salto visível de qualidade nas ações de luta da categoria.
Durante a greve de 1988, o então Governador, Antônio Carlos Valadares, reúne uma comissão constituída por representantes da APMESE, CEPES, OAB, Conselho Estadual de Educação, Magistratura e o Poder Executivo para reformular o Estatuto do Magistério Público Estadual. A proposta de reformulação foi entregue ao Governador em 14 de agosto e ficou engavetada. No dia 17 de setembro, durante o segundo Congresso da categoria, a APMESE transformou-se no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe – SINTESE.
Década de 90
pós uma disputa eleitoral acirrada, em 1992 assumem a direção da entidade os mesmos educadores que historicamente estiveram na oposição aos diversos quadros diretivos do Sindicato. A partir de agora o eixo de luta dos professores se basearia na proposição de políticas públicas na área da educação. O SINTESE se tornava então uma entidade que possuía um projeto de profissionalização para a categoria a qual representa e age de maneira interativa com a sociedade e com os segmentos organizados da classe trabalhadora.
Em 1993 já podia se perceber que as ações do SINTESE eram implementadas a partir de uma visão coletiva da gestão sindical, e tinha como diretriz a opinião da maioria dos educadores. Com a greve de maio e junho desse mesmo ano a categoria consegue retomar as negociações sobre o Estatuto do Magistério. Para isso é formada uma nova comissão, constituída por 06 representantes do Sindicato e por 06 representantes da Secretaria de Educação, conforme o decreto nº 13.817 de 27/7/93.
A palavra do ano de 1994 foi resistência. Após diversas ações de luta articuladas em assembléias, passeatas, manifestações, protestos e greves os professores obtiveram como resultado a aprovação da Lei Complementar nº 16194 que trata do Estatuto do Magistério, que garantiu conquistas significativas efetivadas em beneficio da categoria. Apesar disso, as emendas apresentadas pelo SINTESE em sua maioria foram rejeitadas pelo Governo da época e por deputados da bancada governista. O Sindicato ainda tentou negociar com o Governo as propostas de novas emendas durante a reformulação do ano de 1994, mas que também não foram contempladas.
Diante dos desafios de seguir denunciando toda a situação caótica que historicamente rege o Ensino Público no Estado de Sergipe, o SINTESE sempre procurou utilizar-se dos meios de comunicação para dialogar com todos os segmentos organizados da sociedade. Com esse objetivo surge em 1995 o “Jornal Intervalo”, primeiro veículo de comunicação oficial da entidade, uma das publicações informativas com maior número de exemplares do estado.
Em julho de 1998, os professores deflagaram uma paralisação intitulada de ‘Contra fotos não há argumentos’ em que mostravam à população fotografias das escolas em péssimas condições de funcionamento. É um embrião do que mais tarde se consolidou como o Perfil das Escolas, um relatório escrito e fotográfico sobre a situação das Escolas Públicas Estaduais e Municipais, que municia a discussão e as reivindicações dos professores para requerer melhorias de condição de trabalho.
Eventos como o Seminário “Escola: Espaço Privilegiado para a Aprendizagem” e a IV Conferencia Estadual de Educação, ambos em 1999, reafirmavam o SINTESE no papel de fomentador de iniciativas de formação que objetivam preencher lacunas deixadas pelo poder público.
Ainda em 99, no intuito de obter um contato direto com os pais de alunos e com a sociedade, o SINTESE realizou atos importantes como: “O SINTESE NA RUA”, em que professores e dirigentes viajaram para o interior do estado vestidos de becas e com rostos pintados dialogando com a população e a “VIA CRUCIS DO MAGISTÉRIO ESTADUAL”, que foram caminhadas luminosas pelos bairros de Aracaju e na Grande Aracaju.
No âmbito jurídico o SINTESE desempenhou um papel decisivo no sentido de desmascarar o foco de desmonte e desmantelamento da Escola Pública, instalado na SEED. Perdiam-se de vista as ações na justiça contra diversas prefeituras que, desrespeitando à legislação, atrasaram pagamentos de professores por vários meses e desrespeitam direitos adquiridos. O SINTESE conseguiu várias vitórias nesses processos.
Década de 2000
O novo milênio iniciava com o movimento grevista mais expressivo dos últimos anos, em maio de 2000, que contou com a adesão de mais de 90% dos professores do Estado.
Em 2003, após muito esperar pelas promessas de campanha não cumpridas pelo então Governador João Alves, os professores deliberaram por uma paralisação no dia 1º de abril, exatamente quando o governo completava 100 dias.
Paralelamente a toda essa luta, e como forma de investimento na formação profissional, política e sindical da categoria, o SINTESE promoveu, além da VI Conferência Estadual de Educação, diversos cursos, encontros e oficinas de formação na capital e no interior.
Após mais um processo eletivo, em 2004 assumem a direção do sindicato os membros da chapa RESISTÊNCIA E LUTA SEMPRE, formada pela junção de alguns membros da gestão anterior com novos companheiros, constituindo uma renovação de quase 50% no quadro de diretores. Entre outros compromissos a chapa defendia a transformação da sociedade lutando para assegurar a justiça social, baseada na solidariedade entre os que produzem as riquezas desse país e a elas não têm acesso.
Em abril desse ano, diante das tentativas fracassadas de negociação com a SEED, que só aceitava iniciar as discussões sobre data-base a partir de maio de 2004, os professores decidiram paralisar as atividades, por tempo indeterminado. Em termos de mobilização e resistência foi um movimento histórico.
Em resposta à intensidade do movimento, consegui uma liminar judicial que decidia pela ilegalidade da greve. Apesar do estardalhaço feito na mídia, os educadores continuaram firmes na luta, inclusive realizando, no dia 22 de abril, uma histórica passeata por justiça que contou com a participação de cerca de cinco mil pessoas.
Com o objetivo de amordaçar a organização dos professores, o Governo do Estado cortou ilegalmente o salário de professores. Em muitos casos os vencimentos foram zerados, aumentando a revolta e a indignação dos trabalhadores em educação que deram uma pronta resposta ao Governo.
No entanto, o movimento da categoria ressurgiu como um gigante, pois, a partir daí, as manifestações de solidariedade à nossa luta por parte da população passou a ser praticamente uma unanimidade. Alunos, pais, comerciários, donas de casa e os demais trabalhadores se uniram aos educadores em um momento de ampla histórico. Por meio de uma campanha de doações chegamos a arrecadar quase três toneladas de alimentos que foram distribuídos junto aos professores que passavam necessidades devido ao corte do salário.
Para encerrar o ano de 2004, diante das dificuldades enfrentadas pelo magistério público estadual e do não cumprimento da pauta de reivindicação dos educadores, o SINTESE realizou um ato no calçadão da Rua João Pessoa que representava o enterro simbólico do Governo João Alves. Foi uma manifestação em que percebemos claramente a insatisfação da população em relação a política educacional adotada pelo atual governo.
No ano de 2005 o sindicato começa uma nova fase nas atividades de comunicação, a partir da construção de uma Rede de Comunicadores Populares, numa parceria que se segue até hoje com o Núcleo Piratininga de Comunicação. Os professores com essa função têm a tarefa de defender os direitos do magistério e da sociedade nos meios de comunicação da capital e do interior de Sergipe. Uma das primeiras ações dessa rede é a produção de um boletim mensal para as sub-sedes, chamado “SINTESE Informa”. Que reuniu notícias das redes de ensino estadual e municipais de cada região.
Diante dos prejuízos que o Governo do Estado causou ao magistério, o SINTESE dedicou-se à campanha salarial para cobrar a correção dos salários dos professores, que foram reduzidos ao longo de anos. O movimento dos professores ocupou as ruas, conquistou outras categorias de servidores do estado, a sociedade sergipana e passou a incomodar o governador. A reação de João Alves ao fortalecimento da luta dos professores por melhores salários e condições de trabalho foi impor uma avaliação de desempenho discriminatória. Os educadores foram surpreendidos com a aplicação urgente dos questionários para avaliar apenas professores e alunos, e não, todo o sistema educacional.
Nesse período a formação dos educadores também foi intensificada. Eventos como as Oficinas Pedagógicas da Resistência e a VII Conferência Estadual promoveram a formação de quase 3 mil educadores. Durante a Conferência foram feitas análises sobre a influência das revistas, rádios, jornais e da televisão na vida da população, bem como no cotidiano das nossas escolas.
No mês de dezembro o SINTESE realizou mais uma vez a confraternização dos trabalhadores aposentados. Desta vez regida por um grande sonho que se tornava realidade: o coral do SINTESE fez sua primeira apresentação, e se transforma em mais um espaço de libertação dos trabalhadores através da música.
Finalizando o ano, os educadores mais uma vez foram às ruas para denunciar a situação de caos da política educacional no estado, protagonizando um ato que teve repercussão em todo Estado. Foi a reedição do enterro simbólico do Governo João Alves e de suas maldades, desta vez com uma grande participação dos educadores. Sob o aplauso da população os professores seguiram com o cortejo pelo centro da cidade.
Na primeira semana de 2006, a direção do SINTESE foi surpreendida com manchetes no rádio e nos jornais deturpando a ação do sindicato. Começava ali uma campanha orquestrada para destruir o SINTESE. Os atores escalados pelo governo estadual para cumprir este papel “atuavam” na assembléia legislativa, em rádios e em diversos veículos de comunicação do estado. Através de faixas e outdoors apócrifos que traziam agressividade contra a entidade, nunca um sindicato em Sergipe havia sido tão fortemente atacado.
No entanto, o SINTESE reagiu com firmeza aos ataques, e continuou com os enterros simbólicos nos municípios. Grandes manifestações foram realizadas pelo interior do estado contando com enorme respaldo da população.
A luta dos trabalhadores de redes municipais mereceu um capítulo a parte no ano de 2006. Houve definitivamente a incorporação da necessidade da luta para garantir a revisão salarial anual. Percebendo que só a luta garantiria as conquistas necessárias, os educadores de cada município foram às ruas e desaguaram um mar vermelho pelo estado de Sergipe.
As camisas utilizadas na campanha da rede estadual se multiplicaram no interior. A luta não cessou no Sertão, no Vale do Cotinguiba, na Região Metropolitana, no Baixo do São Francisco, na Região Sul , na Centro-Sul, e na Região do Agreste.
Também em 2006 o SINTESE permaneceu promovendo espaços para discussão e formação dos educadores, como XI Congresso Estadual e o inovador Projeto “O Magistério vai ao Cinema”, que por meio da exibição de filmes e debates proporcionou formação cultural, entretenimento e estimulou o debate sobre situações da vida social.
Em 2007, após um processo em que teve a participação de quase 17 mil professores, foi reeleita a Chapa Resistência e Luta Sempre, com uma expressiva votação que confirmou a opção pela continuidade desse grande projeto de luta e resistência que é o SINTESE por todos esses anos.
Estes 30 anos, infelizmente, não foram construídos apenas por vitórias. Por todos esses anos as derrotas também insistem em perfazer a nossa marcha e criar em nossas vidas perdas irreparáveis, deixando apenas a saudade e a marca de guerreiros e guerreiras que no meio desse caminho fizeram a passagem de tempo para uma outra vida.
A força do SINTESE vem do seu “exército” de lutadores, pois aprendemos a transformar as dificuldades em instrumento da lide cotidiana. Aprendemos que no Magistério não há espaço para a desistência. A nossa alternativa sempre será a resistência, porque resistindo é que sonhamos e sonhando é que lutamos para construir o mundo que almejamos.
O SINTESE é assim, a expressão da pluralidade do nosso povo. É aí que reside a nossa força. São lideranças e lutadores anônimos que não permitem que as nossas bandeiras deixem de tremular, uma força viva que vem de uma categoria profissional que não se cansa de ter esperança. Não se cansa de lutar.
Conheça alguns Projetos Desenvolvidos pelo SINTESE
Carregadoras de Sonhos – Numa ação inédita no País, o documentário longa-metragem foi produzido pelo Sindicato dos Professores de Sergipe (SINTESE), e mistura realismo e poesia e tem como tema principal a educação.Conta a história de quatro professoras durante um dia de trabalho e aborda vários aspectos, como transporte, condições de trabalho, alimentação, estrutura e também apresenta uma análise do sistema educacional feita pelas próprias professoras. O filme é dirigido pelo cineasta Deivison Fiúza, possui legendas em espanhol, francês e inglês, e já participou de mais de 60 festivais nacionais e internacionais de longas-metragens.
Assista aqui o trailer. http://www.youtube.com/watch?v=xGOvPWBMgJk
SINTESE Cultural – O projeto ‘SINTESE CULTURAL’ desenvolvido pelo sindicato através das modalidades Danças Folclóricas, Dança de Salão, Canto Coral, Teatro e Artes Pásticas teve início em 2009, com o objetivo de proporcionar aos professores filiados um momento coletivo de vivências, visando o fortalecimento da autoestima, o estímulo à pesquisa e o respeito às tradições e manifestações artístico-culturais.
Saiba Mais:
http://www.sintese.org.br/index.php?/Table/SINTESE-Cultural/
Saber e POESIA: Grupo que reúne Professores da Rede Pública Estadual e dos Municípios de Sergipe, reunindo a Força da Militância com a Sabedoria Poética traduzir para a sociedade os anseios e histórias da categoria.
Saiba Mais:
http://www.sintese.org.br/index.php?/Cultural/sintese-inaugura-coletivo-saber-e-poesia
Programa Hora da Verdade: O Projeto Hora da Verdade tem por objetivo desenvolver um produto radiofônico, produzido pelos próprios professores filiados ao SINTESE, numa perspectiva de emancipação social e na construção de um programa de rádio que tem como objetivo ampliar a voz dos diversos atores sociais. O projeto Hora da Verdade é construído em diversas regiões de Sergipe. A partir de várias etapas de formação, iniciando em janeiro de 2010, que se norteava desde as técnicas e a linguagem do rádio, passando por aspectos técnicos até chegarmos a importância política desse espaço.
Saiba Mais:
http://www.sintese.org.br/index.php?/Table/Programa-Hora-da-Verdade/
Rede de Comunicadores Populares: No ano de 2005 o SINTESE iniciou a base para um movimento que queria ampliar a capacidade de comunicação entre os professores e a comunidade. Eram os primeiros passos para a criação da REDE DE COMUNICADORES POPULARES DO SINTESE, uma iniciativa pioneira no meio sindical. Eles sentiam que a revolução não seria televisionada, e por isso tinham que gritar para o mundo as verdades e testemunhos do dia a dia dos trabalhadores do estado de Sergipe.
Saiba Mais:
http://www.sintese.org.br/index.php?/Cultural/a-hora-da-verdade-um-programa-para-o-povo-de-sergipe