Morreu aos 56 anos de idade de Steve Jobs, fundador junto com o amigo Steve Wozniak, de uma das empresas mais importantes das últimas décadas, a Apple. A morte de Jobs fez os meios de comunicações e as redes sociais encherem Jobs de elogios: visionário, gênio, comunicador e estudioso etc. Os produtos criados por Jobs mudaram a forma que as pessoas tinham de interagir com o mundo ao seu redor.
Na década de 1980 criou o Apple II, um computador pessoal realmente usável, simples, que não requeria conhecimento de eletrônica e informática. Além deste, como se já não fosse suficiente, inventou gadgets revolucionários como o iPad, o iPhone e o iPod. Cada um, à sua maneira, transformou o mercado, ditou tendências, criou nichos e necessidades. Sem falar em programas como o iTunes.
Essas inovações da empresa de Jobs o coloca como um dos maiores empresários da história. Em décadas ainda estaremos ouvindo falar dele, de como suas invenções foram revolucionárias, como transformaram o mundo. Sua genialidade e criatividade ainda serão pauta de livros de administração e os casos estudados em salas de aula mundo afora.
Entretanto, contraditoriamente as inovações tecnológicas da Apple, essa empresa mantém seus trabalhadores submetidos a jornadas de trabalho que lembram escravidão. Não são raros os suicídios na fábrica chinesa que produz estes caros e exclusivos gadgets. Reportagens abundam sobre as condições de vida e de trabalho desses funcionários, que, não raro, passam o dia em completo silêncio por falta do que falar. Sem vida cotidiana, sem assunto, sem conversa, sem interação com o colega. Quanta ironia! Os produtos que trouxeram mais interação são fabricados por aqueles que não têm um centímetro de vida social. Política da empresa, para aumentar a produtividade e, evidentemente, gerar mais lucros. Há dois anos, a companhia foi denunciada por manter operários trabalhando mais de 70 horas por semana.
A Apple, também, está sendo acusada por organizações que monitoram a exploração de trabalho infantil no mundo de explorar jovens com menos de 16 anos em pelo menos três fábricas que mantém na Ásia. As primeiras denúncias foram feitas pela China Labor Watch (CLW), uma organização com sede em Nova York que monitora o respeito aos direitos humanos na China. De acordo com a CLW, ao menos 62 trabalhadores adultos de uma integradora chinesa que fornece produtos para a Apple e Nokia foram flagrados trabalhando em condições desumanas e em ambiente rico em N-hexano, uma substância tóxica capaz, entre outras coisas, de causar degeneração muscular nos operários. De acordo com o jornal inglês Daily Telegraph, a Apple admitiu a ocorrência de trabalho infantil e pediu um relatório para identificar como isto ocorreu.
Na Ásia, a companhia mantém fábricas em Taiwan, China, Cingapura, Filipinas, Malásia e Tailândia. A empresa tem fábricas, também, na República Checa e Estados Unidos
Portanto, é preciso que os consumidores lembrem ao comprarem um produto da Apple dos milhares de trabalhadores asiáticos submetidos a jornadas de trabalho elevadas, baixos salários, negação de direitos trabalhistas e exploração de trabalho infantil praticados por essa empresa. Enquanto Steve Jobs é endeusado pelos meios de comunicações e políticos de todo mundo, esqueceram de falar da situação dos trabalhadores nas empresas Apple. Entretanto, parece que o importante é ter os iPhone e iPad ligados e funcionando… Assim é o capitalismo!