Para Ana Lúcia, escola precisa ser transformadora e democrática

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Deputada debateu com petistas os desafios e conquistas do PT na educação, em seminário no IFS. Ex-deputado Iran Barbosa também foi um dos debatedores

deabte-seminario_1603A deputada estadual e professora Ana Lúcia (PT) participou na última sexta-feira, 16/3, a convite do Setorial de Educação do Partido dos Trabalhadores, do seminário ‘Contribuições, Conquistas e Desafios do PT para a educação no século XXI’. Participaram também do seminário o professor e ex-deputado federal Iran Barbosa, a vereadora Rosângela Santana, e o deputado federal Rogério Carvalho, todos do PT. O evento foi realizado no Instituto Federal de Sergipe (IFS).

Primeiro a abrir a discussão e bastante aplaudido em suas análises, o professor Iran fez uma exposição resgatando todos os compromissos e bandeiras do partido em seu manifesto de fundação e nas resoluções de seus congressos, para chamar a atenção de que “não se pode aceitar que, chegando às administrações no Executivo, vemos muitos companheiros ignorar o que preconiza os documentos do nosso próprio partido, como a resolução do nosso 4º Congresso”, disse Iran, destacando que é fundamental levar a cabo a “radicalização” no tocante a formulação e execução das políticas de educação nos governos petistas.

“Precisamos radicalizar e fortalecer as políticas públicas da educação dentro do nosso partido e dos nossos governos. O PT tem uma contribuição gigantesca para a educação do Brasil e, por isso, precisamos aprofundar essas discussões, de forma mais radical, a ponto de que o educador participe mais da elaboração da política de educação do Estado e nos municípios em que o PT administra. Não podemos é aceitar que essas políticas sejam formuladas, dentro do nosso governo, por empresários da educação”, criticou o ex-deputado.

Iran fez duras críticas, principalmente pela falta de gestão democrática nas escolas estaduais, pela adoção por parte do governo do Estado do Índice Mares Guia de avaliação dos professores, e a recente aprovação e sanção da lei do Executivo que extingue o Nível Médio do quadro do magistério estadual para não pagar o reajuste do Piso Salarial Nacional a todos os professores.

Logo em seguida, a vereadora Rosângela Santana, que também é professora, falou sobre a necessidade de um novo plano de carreira para o magistério do município de Aracaju e sobre a necessidade da elaboração de um plano municipal de Educação “para definir qual é a escola onde vão estudar os filhos e filhas dos trabalhadores e das mulheres que não trabalham. Esse é um grande desafio”, colocou.

Espaço de transformação

Ana Lúcia defendeu que é preciso urgentemente superar os vários problemas no setor da educação para transformar a escola pública num espaço mais democrático e transformador. “Precisamos transformar as nossas escolas em espaços democráticos, de socialização do conhecimento e das ciências, de troca de saberes e consolidação da nossa identidade cultural”, disse.

Por meio de gráficos, a deputada expos dados educacionais da capital que apontam, entre outros problemas, o elevado índice de analfabetismo entre jovens e adultos e a queda do número de alunos matriculados nos últimos dez anos na rede municipal de ensino, especialmente o ensino fundamental. Para a deputada, um dos grandes desafios é combater o analfabetismo que, conforme números do IBGE, atinge 29.333 pessoas maiores de 15 anos na capital sergipana.

A parlamentar observou também a queda no número de matrícula em dez anos, saindo de 34.277 alunos em 2001 para 28.862 em 2011, queda verificada mais acentuadamente no ensino fundamental. “Nesse vácuo, o que tem crescido são as matrículas nas escolas privadas. Temos que retomar a chamada pública nas escolas, que não seja meramente mecânica, como fiz no período em que fui secretária de Educação do município, e que deu resultado”, disse, apontando os números da sua gestão, comprovando a elevação das matrículas após a chamada escolar.

Ana ressaltou que para avançar numa política estratégica onde a escola e a educação sejam ferramentas de transformação social, é preciso primeiramente a elaboração de um Plano Municipal de Educação, que ainda não foi feito. Ela lembrou que quando secretária municipal de Educação, contrário ao que havia dito a vereadora Rosângela em sua fala, deixou iniciada a discussão do plano, em função de que o Plano Nacional havia sido aprovado e precisava que os estados e municípios iniciassem os seus debates. “O problema é que não se deu continuidade”, frisou.

Por fim, destacando levantamento feito pelo seu mandato por meio de uma enquete social realizada em 20 bairros de Aracaju, a deputada e professora concluindo que um dos pontos mais tocado na enquete, principalmente nos bairros mais populares, é que a escola precisa dialogar com as famílias.

“Esse é um eixo fundamental para nós, do Partido dos Trabalhadores, estar ouvindo a população. Não dá é para estarmos empurrando para as nossas crianças e jovens pacotes de adestramento, pensados pela rede privada e pela elite, que querem orientar a política de educação. Os nossos professores têm competência e inteligência para construir um projeto pedagógico próprio, discutindo coletivamente, como um método de reflexão e ação”, defendeu.

“A escola pública não pode ser reprodutora de um projeto desumano e elitizante, que meramente reproduzir o capital, e com espaço nos nossos governos. Isso nós não podemos aceitar”, concluiu,

Romper com o sistema

O deputado Rogério Carvalho resumiu-se a fazer uma reflexão sobre o compromisso do Partido dos Trabalhadores com a educação e defendeu o rompimento do Estado com a política educacional tradicional. “O nosso desafio é criar um sistema público de educação que seja referência. Não podemos nos conformar com um sistema que alfabetize cumprindo a tarefa que as elites delegaram. Temos que radicalizar e romper com este sistema”, observou.