Desde a segunda-feira, 5, professores filiados ao SINTESE têm aproveitado as oficinas para acúmulos a sua formação profissional. Como não poderia deixar de ser, a pedagogia é trabalhada numa perspectiva crítica e transformadora, modelo defendido pelos oficineiros Tânia Regina Laurindo, Corinta e João Wanderley Geraldi entre outros.
A Oficina “Pedagogia Freinet e Alfabetização” aponta para um viés educacional emancipatório, a partir da compreensão das particularidades dos indivíduos. Segundo, Tânia Laurindo, doutoranda da Universidade Federal de São Carlos, Freinet está presente nos princípios pedagógicos tais como autonomia, trabalho e cooperação. E completa: “atividades como estas são fundamentais, pois são eles (os professores) que precisam conhecer esses métodos. Freinet defende educação para o povo e pelo povo”.
Corinta Geraldi, facilitadora da oficina que discutia a questão curricular, afirma que o Estado deixa a desejar. Não investe em capacitação permanente dos professores, que desatualizados exercem mal o seu papel. A oficina levantou as alternativas para a construção de uma educação de qualidade, sendo formação e autonomia do professor os pontos mais ressaltados.
Em breve conversa durante o intervalo do almoço, momento em que fazia a avaliação do espaço (por sinal bastante positiva), Corinta mencionou que a luta agora deve ser para que medidas aprovadas por lei – caso da implantação da história da África nos currículos das escolas básicas – sejam efetivadas. Além de enfatizar a importância de uma análise crítica e contextualizada do processo de apredizagem.
A Escola Vai ao Cinema – a temática apresentada pelo professor da Unicamp, João Wanderley Geraldi, trabalha em cima do vazio produzido pelo salto ocorrido no processo de escolarização. Ele explica: “filhos de pais analfabetos tornaram-se professores, chegaram ao nível superior, mas etapas importantes para a formação foram puladas, não há uma continuidade histórica, social e familiar. É nessa perspectiva que trabalha a oficina”.
Para a construção de um panorama de cultura que preencha esses vazios criados, algumas ferramentas podem ser inseridas na educação. O cinema é tido um instrumento ao abordar temas referentes ao processo educacional. Tudo sendo trabalhado numa via de mão dupla – a escola retratada no cinema e o cinema inserido na escola.
Outro ponto bastante debatido durante as oficinas é o cerceamento da liberdade do professor. Os governos adotam programas e pacotes que ferem a autonomia dos educadores (impedidos de participar das escolhas) e limita o aprendizado das crianças, já que livros didáticos como os do programa Alfa e Beto são insuficientes para alfabetização correta dos alunos. “É cruel o que fazemos com nossas crianças. Programas como esses precisam ser banidos das escolas” critica Sônia Meire de Jesus, professora da Universidade Federal de Sergipe, que ministrou a oficina “Processos de Alfabetização no Ensino Fundamental”.