A rede municipal de ensino de São Cristóvão está arrasada por uma enorme lista de problemas que interfere diretamente no trabalho dos professores e no aprendizado dos alunos. O professor Erineto Viera dos Santos, Diretor de Bases Municipais do Sintese, explica que para não serem atingidos pelas deficiências das escolas municipais, os alunos têm migrado em massa para colégios da rede estadual e muito preferem viajar diariamente até Aracaju para estudar.
Com o intuito de reverter este quadro e chamar a atenção da população e do poder público para a questão, os educadores do município estão construindo um ato público na próxima quinta e sexta-feira, dias 7 e 8, datas em que realizarão uma paralisação de advertência.
Na quinta-feira, dia 7, a concentração para o ato público está marcada para as 8h da manhã, na Praça da Matriz, sede do município. A manifestação da sexta-feira, dia 8, também está marcada para as 8h, e a concentração será no Terminal da UFS, que fica no bairro Eduardo Gomes, Conjunto Rosa Else.
SEM ESTÍMULO
A maioria das escolas está acomodada em casas alugadas, que além de serem antigas não têm boa estrutura física para o ensino. Muitos colégios estão sem merenda escolar, e todos os estudantes – crianças e adolescentes em fase de crescimento – precisam desta alimentação. A falta de material didático é outro obstáculo para o aprendizado, e uma realidade com a qual professores e estudantes da rede municipal têm convivido.
Sem estímulo e atrativos, a rede municipal agrega um numero cada vez menor de alunos, o que forma um círculo vicioso, pois o município acaba recebendo menos verbas e incentivos. Atualmente a proporção é de 7.600 estudantes para 400 professores, e uma má distribuição de alunos e profissionais que acarreta em sobrecarga para alguns professores e vagas ociosas em outras unidades.
O professor Erineto explica que a relação aluno/professor do município é de 19 alunos por educador, sendo que a proporção equilibrada e desejável é de 25 alunos por professor. “É preciso melhorar esses estabelecimentos de ensino para atender minimamente aos estudantes matriculados e atrair mais alunos”, avalia o professor.
PROFESSORES NO SERASA
Além de lidar com a falta de condições para o trabalho, os professores da rede municipal de São Cristóvão sofrem constantemente com o atraso no pagamento de seus salários, e precisam se adaptar à realidade da falta de dinheiro, o que tanto pesa no orçamento familiar dos educadores.
O pagamento das férias de julho até o presente momento não aconteceu. E nem o pagamento da retroatividade salarial nacional profissional referente ao ano de 2009, cuja primeira parcela deveria ser paga no mês de agosto deste ano.
Como se não bastassem todos os problemas que a falta do pagamento previsto causa, os professores da rede municipal de ensino de São Cristóvão estão com seus nomes negativados no SPC e no SERASA porque a prefeitura não pagou os empréstimos consignados junto à Caixa Econômica Federal que são descontados dos contra-cheques dos professores.