CAIC Ministro Armando Rollemberg: o provisório virou cotidiano

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Portão de entrada do CAIC Armando Rollemberg

Construído em 1996, o Centro de Aprendizagem e Integração Portão de entrada do CAIC Armando Rollembergde Cursos Ministro Armando Rollemberg já não existe mais. Com a estrutura em ruína, as crianças desta escola desde 2009 assistem às aulas em um prédio alugado na capital sergipana, no bairro Siqueira Campos.

Pais e mães dos alunos cobram respostas, mas permanece a dúvida de quando o CAIC Ministro Armando Rollemberg reocupará seu local de origem, a cidade Nossa Senhora do Socorro – comunidade, diga-se de passagem – que sofre com a falta de vaga nas escolas públicas.

Na manhã desta segunda-feira, 22, a inquietação dos professores foi posta na mesa de reunião que contou com a participação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica (Sintese) e da Diretoria Regional de Educação (da Grande Aracaju) – DRE 8.

Novamente foram apresentados elementos como falta de verba e a vagareza do processo licitatório (necessário em qualquer obra pública). Mas a cobrança no novo prédio não era tão expressamente o foco principal da reunião.

Acontece que havia intenção de a Secretaria do Estado da Educação (Seed) remanejar a escola para o bairro Marcos Freire 2, onde funciona o CAIC Joel Silveira. O motivo seria haver espaços ociosos neste estabelecimento de ensino.

A solução apresentada à Seed por pelo professor e diretor da DRE 8, Everaldo Fontes, conhecido por Gaspeu, não resolve o problema. Já se vão quase três anos desde a implosão do CAIC Armando Rollemberg e não há uma previsão quanto à reconstrução. Sobre o assunto o diretor disse: eu mesmo não sei como está a situação.

Os primeiros problemas surgiram com os constantes furtos de equipamentos da escola. Nesse Professores cobram respostas período, várias denúncias e boletins de ocorrência foram feitos. Amélia, diretora da instituição, desabafou, “cansei de entrar em delegacia. Toda semana eu estava lá, correndo perigo e sendo ameaçada por prestar queixa”. A professora Maria do Carmo Antonino completou o relato da colega afirmando que “não foi por falta de aviso. Toda vez que a escola era roubada nós íamos até a Seed e ninguém nos ouvia”. A falta de investimento e manutenção somente agravou o quadro. Em abril de 2009, um jovem de 16 anos morreu ao ser atingindo pela laje que desabou. O prédio já em ruínas e oferecendo riscos à população teve de ser demolido.

Pingue-pongue

O curioso é que em matéria publicada no ano de 2008 pelo Jornal da Cidade e reproduzida no portal da Secretaria da Educação, constava o seguinte informe: A previsão de investimentos para a reforma geral dessas 87 escolas é de R$ 40 milhões (…). As próximas 10 escolas a serem contempladas são: Escola Estadual Professora Áurea Melo e Dom Luciano, em Aracaju, Colégio Estadual Senador Valter Franco, em Estância, Colégio Estadual Abelardo B. do Rosário, em Tobias Barreto, Colégio Estadual Elizier Porto, em Itabaiana, Colégio Estadual General Calazans, em Dores, Colégio Estadual João Dias Guimarães, em São Francisco, Colégio Estadual Eulina Batista de Melo, em Nossa Senhora de Lourdes, CAIC Ministro Armando.

Os professores estranham a omissão do estado e dos órgãos responsáveis por executar as políticas para a melhoria da educação pública. Em vez da reforma, veio a promessa de uma nova mudança. “É um pingue-pongue o que fazem com a gente. O que se está oferecendo (espaço físico do CAIC Joel Silveira) é pior ou igual ao que tínhamos antes”, contestou a professora Maria do Carmo.

Resultados

O saldo desses anos de espera não é nada positivo para o sistema público de ensino. O número de matrícula da escola foi reduzido pela metade. O motivo foi a segurança. As crianças saem todos os dias de suas casas em N.S. do Socorro para vir estudar em Aracaju. Por mais que haja um cuidado no transporte, é um risco a mais e ainda por cima, desnecessário. A queda de matriculados resultou em devolução de cinco professores para a Diretoria Regional da Educação. A equipe docente teme que esse fator se agrave.

Saídas

O diretor do dep. de Base Estadual do Sintese, Roberto Silva Santos, lamentou os erros cometidos e os impasses que ainda persistem. “O clima não é bom e, inclusive, está na hora de reunir mães e pais dos alunos e explicar a situação”, propôs. O diretor do DRE 8 se responsabilizou em conversar com o secretário da educação, Belivaldo Chagas, e explicar que os professores não querem outra mudança.

Para garantir a celeridade do processo e a reconstrução do CAIC Armando Rollemberg, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação vai acionar o Ministério Público Estadual em Nossa Senhora do Socorro para uma audiência pública sobre as problemáticas enfrentadas por estudantes, professores e pais e mães dos alunos.

Veja o que sobrou do CAIC Armando Rollemberg em Nossa Senhora do Socorro:

Escola virou terreno baldio

Escadaria do CAIC Armando Rollemberg