A Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, localizada no bairro Santa Tereza, em Aracaju, abriu as portas na tarde desta terça-feira, 29, para que toda a comunidade escolar pudesse participar da primeira etapa do projeto de prevenção e combate a ações violentas na escola.
Neste primeiro momento foram realizadas oficinas com professores, funcionários da escola, estudantes e suas famílias, com intuito de discutir a temática violência na escola de forma pedagógica e não criminalizadora.
As oficinas foram ministradas pelos psicólogos e assistentes sociais do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e pela equipe de redução de danos da Unidade de Saúde do bairro Santa Tereza. Ao todo foram oferecidas a comunidade escolar três oficinas, segmentadas para cada público: professores e funcionários, familiares e estudantes.
Na oficina para professores e funcionários do Alceu Amoroso Lima foi trabalhado o uso do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como instrumento pedagógico de acolhimento. O espaço foi facilitado pela assistente social, Maria José Batista, e pela professora aposentada Dilene Santos.
A partir da discussão do ECA, as facilitadora abordaram como a educação e o reconhecimento da criança e do adolescente como sujeito de direito podem mudar a vida destas crianças e jovens. Foi apresentado também aos professores e funcionários o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.
Este Sistema é formado pela articulação e integração das instâncias públicas governamentais e da sociedade civil na aplicação de instrumentos normativos e no funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e controle para a efetivação dos direitos da criança e do adolescente, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e Municipal.
“Muitas vezes a criança tem demandas que a escola sozinha não dá conta de resolver. Por isso, é necessário que a direção da escola, o corpo docente e os funcionários saibam quem são os outros profissionais que podem colaborar e trazer soluções a problemas que extrapolam os muros da escola, mas que podem se reverberar em ações violentas dentro do ambiente escolar. Apresentamos durante a oficina este elenco de atores e instituições que podem estar junto da escola para fazer o trabalho de enfretamento e prevenção à violência”, contou a assistente social, Maria José Batista.
Oficinas para estudantes e para a família
Na oficina voltada aos estudantes foram debatidos os tipos de violência mais comuns praticadas dentro da escola. A intenção da oficina foi mostrar aos estudantes que eles podem transformar a escola em um espaço melhor para todos e desta manheira transforma a realidade ao seu redor.
Já a oficina com as famílias teve a intenção de despertar o protagonismo da família no processo educativo e mostrar a importância da integração e da efetiva participação familiar na construção de um ambiente escolar saudável.
Para o professor do Alceu Amoroso Lima e diretor do SINTESE, Roberto Silva, o projeto traz a oportunidade de formação de uma rede para debater e pensar a violência na escola longe dos padrões meramente criminalizadores, em uma perspectiva pedagógica e de reconhecimento de direitos.
“Percebemos a necessidade urgente de criar uma rede que envolva a comunidade escolar, instituições e profissionais que trabalham com a violência dentro dos mais diversos espaços sociais. A Secretaria de Estado da Educação [SEED], órgão que tem a obrigação de desenvolver projetos que visem combater e prevenir a violência no ambiente escolar, infelizmente age de forma incipiente. Diante disso, sentimos a necessidade de construir parcerias e em conjunto com a comunidade escolar encontrar caminhos e soluções”, destacou o diretor do SINTESE, professor Roberto Silva.
Outras etapas
Estão previstas outras duas etapas do projeto na Escola Estadual Alceu Amoroso. A segunda etapa visa dar vazão aos resultados obtidos nas oficinas. Neste sentido, a Escola irá realizar o ‘Festival de Cultura, Arte, Música e Esporte da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima’.
O Festival será um espaço lúdico onde as discussões postas nas oficinas serão trabalhadas e transformadas em produtos que abordam a temática ‘Violência na escola’, na perspectiva de transformação e superação.
Para finalizar o projeto a Escola pretende publicar um livro com as produções feitas pela comunidade escolar durante as oficinas e o Festival. A escola irá procurar a SEGRASE (Serviço Gráfico de Sergipe) para pedir que este material seja publicado pela gráfica do Estado. A equipe pedagógica espera contar com o apoio do Governo do Estado, nesta que será uma produção inédita em Sergipe.
O projeto
A ideia do projeto surgiu dos professores da Escola Estadual Alceu Amoroso Lima com o intuito de encontrar caminhos para prevenir e combater ações violentas dentro da escola, já que a SEED não tem um trabalho efetivo neste sentido.
Em março deste ano os professores e a coordenação pedagógica da Escola se reuniram com Associação de Moradores do Santa Tereza, assistentes sociais e psicólogas do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e a equipe de redução de danos da Unidade de Saúde do bairro.
A intenção da equipe pedagógica da Escola foi unir forças e levar para dentro da unidade de ensino instituições e entidades que lidam com a questão da violência em diversas esferas sociais, e que possam colaborar com o debate e com a criação de mecanismos para combater a violência na escola.