Na manhã desta sexta-feira, o diretor do dep. de base estadual do Sintese, Roberto Silva, esteve na Escola Amélia Leite. A instituição é uma das unidades responsáveis pela educação da rede estadual, com pouco mais de 300 alunos matriculados e onde trabalham, preocupados, 23 professores. A aflição é por conta da ameaça de fechamento fruto de conflitos pessoais.
Segundo as professoras, o prédio deveria ser ocupado por uma média de 160 crianças, mas a orientação da Secretaria do Estado da Educação (Seed) foi para que mais vagas por séries fossem ofertadas. Resultado: salas de aula pequenas, abafadas e superlotadas. Nem mesmo o refeitório consegue comportar a demanda de estudantes, que têm de fazer as refeições sentados no chão.
Os problemas não param por aí. Há muito tempo a escola deixou de receber os repasses de recursos para garantir uma estrutura mínima de funcionamento, deixando de dispor, por exemplo, de funcionários de serviços gerais – mesmo estando cadastrada na rede e “recebendo” verbas do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Atividades como limpeza da escola e preparo de merenda são feitas pelos educadores, mães de alunos e até mesmo pelos pequenos. Uma ‘cotinha’ feita pelos professores é que garante o pagamento da faxineira. A recusa de permanecerem arcando com o papel do estado levou a decisão, tomada esta semana pela diretoria, de dispensar a ajudante.
O ambiente é sujo. Os banheiros tem um odor insuportável e coloca em risco a saúde das crianças. Ao passar pelo pátio, uma professora denuncia que a água oferecida às meninas e aos meninos vem torneira. Num outro corredor duas portas trancadas chamaram atenção: são banheiros construídos depois de uma reforma concedida pela Gincana “Mãos Amigas”, organizada pela TV Sergipe, afiliada da rede Globo. Finalizada a obra, os banheiros foram trancados por ordens da direção e não podem ser utilizados pelos estudantes ou professores.
Problemas pessoais x ataques coletivos
O que mais revolta a comunidade escolar é que a decisão de fechamento não é vontade coletiva, mas resultado de discussões entre a diretora Maria Isabel e a secretária adjunta da Seed, Hortência Maria Pereira Araujo. A escola tem um contrato de comodato e utiliza o prédio da entidade, mas é de direito público e, portanto, de responsabilidade do estado a sua manutenção. “Somos contra o fechamento da escola, problemas pessoais não podem interferir na administração pública”, defendeu Roberto Silva.
Nos dias 26 e 27, representantes da Seed e da Diretoria de Educação de Aracaju (DEA) estarão na escola. Onde se reunirão primeiro com os educadores e posteriormente com as mães e os pais dos alunos. A intenção de fechar a Escola Amélia Leite é clara, inclusive o inventário já está pronto. Professores, sindicato e comunidade não são favoráveis ao que está posto.