No início do mês de dezembro aconteceu a primeira audiência envolvendo o professor Jonas Vidal e o prefeito de Boquim Jean Carlos Nascimento de Oliveira. O prefeito processa judicialmente o professor Jonas após o educador ter denunciado em seu perfil no Facebook que o gestor municipal preteria os servidores efetivos (deixando-os sem reajuste salarial e condições de trabalho) e favor dos ocupantes dos cargos comissionados que tiveram até 200% de aumento.
“Durante a audiência, o advogado do prefeito sugeriu que eu me retratasse. E eu não vou me retratar, porque não houve ofensa nem agressão. O que fiz foi uma crítica, o que vou continuar fazendo enquanto houver motivos para isso”, declarou o professor Jonas Vidal. Como não houve acordo entre as partes, o caso terá nova audiência no dia 10 de fevereiro.
Entenda o caso
O professor participou no mês de setembro de ato promovido pelo SINTESE, pela Central Única dos Trabalhadores e pela Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal e com participação de vários sindicatos que denunciava os constantes atrasos de salários, além dos desmandos no uso dos recursos públicos, além da política de desvalorização dos servidores públicos municipais. Para o sindicato o professor Jonas expressou o seu pensamento em um contexto de luta onde denunciava a falta de compromisso do atual gestor municipal de Boquim com os servidores públicos municipais.
Numa tentativa de calar a voz do professor e intimidar a categoria, o prefeito impetrou ação judicial. O sindicato considera autoritária e truculenta a forma com que o prefeito tenta calar a voz não só de Jonas, mas de todos aqueles que denunciam os problemas por quais passam os servidores públicos boquineses.
“O prefeito Jean Carlos age como verdadeiro censurador e tenta na justiça intimidar a voz do sindicato uma vez que atinge diretamente uma liderança legitimamente escolhida em assembleia pela categoria que com coragem e coerência vem lutando pelo direito do magistério e pela melhoria das escolas para as crianças boquinenses”, aponta José de Jesus, professor da rede municipal de Boquim e membro da coordenação da sub-sede Centro Sul do SINTESE.
A luta travada entre professores e gestão municipal é árdua. A administração de Jean Carlos utiliza-se de vários mecanismos para atacar o magistério. Através de decreto já tentou suspender direitos conquistados pelos professores.
O magistério de Boquim também denuncia a falta de transparência da gestão municipal com o gasto dos recursos da Educação. Há incongruências na prestação de contas com relação aos gastos com Educação. Enquanto em ofício destinado ao sindicato informa que utiliza a totalidade dos recursos para o pagamento de salários, com isso negando o pagamento de outros direitos, ao Tribunal de Contas informa que usa 87% dos recursos.
É lamentável ver que após quase 30 anos de redemocratização do país ainda há gestores que não aceitam críticas e buscam todos os meios para criminalizar àqueles que denunciam os problemas vividos em seus municípios. A liberdade de expressão é uma garantia constitucional conquistada com muita luta. “Não se agrediu a pessoa do prefeito, mas a gestão pública”, disse a vice-presidenta do SINTESE, Ivonete Cruz.
Com informações da ASCOM do mandato da deputada estadual Ana Lúcia.