Professores vão à Assembleia Legislativa para conquistar apoios na luta
pela melhoria da educação no município
Há dois meses sem receber salário, os professores de Carira foram até a Assembleia Legislativa para denunciar a situação caótica em que se encontra a educação no município sergipano situado a 112 quilômetros de Aracaju. A deputada e professora Ana Lúcia usou a tribuna para apresentar dados do IBGE, do MEC e do PNUD que revelam um quadro preocupante. Ela se comprometeu de agendar uma audiência com o promotor Orlando Rochadel para apresentar o diagnóstico da educação.
A queda de matrículas do município tem provocado uma enorme diminuição da arrecadação, a ponto de Carira perder mensalmente R$ 318.364,55 de repasse. Ana Lúcia informou que só 4,4% dos estudantes matriculados estão cursando o Ensino Médio na idade/série correta. A taxa de reprovação no primeiro ano escolar chega a 28,1%, e 40% das crianças de Carira com idade entre 6 e 9 anos está fora da escola. “Isto fere a Constituição”, alertou. A desestruturação do ensino em Carira reflete no baixo Índice de Desenvolvimento Humano, de 0,581, enquanto o Índice de Desenvolvimento Infantil ainda é mais reduzido, chegando a 0,490.
A deputada e professora Ana Lúcia acredita que o apoio de todos os parlamentares e da sociedade é crucial para encontrar uma solução. “A situação é extremamente grave. precisamos mobilizar não só os deputados, mas buscar uma alternativa junto ao Tribunal de Contas e o Ministério Público, porque há uma dívida com os professores que há dois meses estão sem receber salário, e também não receberam o 13º de 2008 e de 2010”, divulgou.
O professor Edjanio da Silva explicou que os dados mostram o resultado de seguidas administrações municipais que nunca priorizaram a educação. “Sempre enfrentamos problemas, mas nada foi tão grave quanto o que estamos vivenciando nesta gestão municipal. Além dos cortes dos salários, das dívidas, ainda somos perseguidos e recebemos ameaças constantes de demissão”, desabafou o professor.
Ana Lúcia acrescentou que os professores de Carira ainda tiveram um corte em sua remuneração através de uma lei ordinária que reduz sua carga horária de 160 e 200 horas para 125 horas. A partir deste Projeto de Lei, a categoria perdeu praticamente a metade de sua remuneração, pois houve abatimento no salário, refletindo em todas as gratificações. Todos os problemas levaram, no dia 31 de outubro, à decretação da greve dos professores por tempo indeterminado.
Além de piorar o quadro da educação no município de Carira, a suspensão do pagamento dos professores é uma medida administrativa que está repercutindo em toda a cidade, pois não há dinheiro para circular entre comerciantes e feirantes.
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