A tarde do primeiro dia de Conferência Estadual foi dedicada a discussão sobre análise de conjuntura. Alípio Freire, jornalista e membro do conselho editorial do jornal Brasil de Fato, e Valter Pomar, membro do diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e secretário-executivo do Fórum de São Paulo, aproveitaram o momento para falar da atual política econômica mundial, a crise do capitalismo, as possibilidades de ascensão da classe trabalhadora e a construção de um novo modelo.
Valter Pomar alerta para a queda do neoliberalismo que passou a ser mais perceptível a partir de 2007. Além de ressaltar uma mudança na geopolítica mundial que deixa de ter como centro econômico e político os Estados Unidos e a Europa e se desloca, sobretudo, para o oriente. E alerta, “momentos de crise podem resultar em algo pior do que aquilo que temos hoje se a Europa e o império norte-americano contornarem a situação”. Para o dirigente Pomar é importante estar atento a quatro questões: mobilizações na Grécia, eleições nos Estados Unidos, crescimento da China e à integração dos países da América Latina.
De acordo com Pomar, as medidas tomadas pelo governo Lula e pela atual presidenta Dilma para reverter os efeitos da crise econômica no Brasil são acertadas. Destacando o investimento no mercado interno e o papel do estado na Economia. Mas, existem impasses. O pagamento da dívida interna aos bancos ocorre em detrimento de mais investimentos para saúde, educação, remuneração dos trabalhadores.
O jornalista Alípio Freire defende que as saídas às crises são sempre radicalizadas, seja à esquerda ou à direita. E destaca que uma das grandes preocupações quanto aos Estados Unidos é que o país tem uma capacidade militar assustadora. Elemento utilizado para impor suas vontades políticas. Alípio ressaltou a necessidade da construção de um projeto de resistência baseado no socialismo para derrotar o capitalismo e evitar que esse sistema crie novas artimanhas.
Em referência aos processos atuais, o jornalista lembrou-se da banalização da criminalização dos pobres, dos movimentos sociais, dos trabalhadores, explorados e oprimidos. Um debate necessário para quem defende a classe trabalhadora. “Nós não podemos transferir para o estado nenhum poder de vida sobre qualquer cidadão”, enfatizou Alípio.
Comissão da Verdade e da Justiça
A Comissão da Verdade e da Justiça e a luta pela abertura dos arquivos da ditadura civil-militar tanto para Valter Pomar quanto para Alípio Freire foi ressaltada como meta fundamental para o passado, o presente e o nosso futuro. Punir torturadores, reparar os danos e evitar que se repitam é tarefa de todos.
Na atual conjuntura é preciso também discutir os valores que estão sendo reproduzidos na sociedade e repensar uma nova cultura. Pomar defendeu a necessidade de politização da juventude como uma das saídas para a transformação social, que para ele precisa ser intolerante com as desigualdades sociais e defensora da diversidade e não o oposto ou a apatia que vemos hoje.
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