Distribuição de conhecimento é debatida por professora portuguesa

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Para a professora Drª Rosa Nunes a problemática da distribuição do conhecimento é vista como ponto crítico da democracia

“Seria muita ingenuidade esperar que a classe dominante desenvolvesse uma forma de educação Para a professora Drª Rosa Nunes a problemática da distribuição do conhecimento é vista como ponto crítico da democraciaque permitisse as classes dominadas perceber as injustiças sociais de forma crítica”. Parafraseando Paulo Freire, a Professora da Universidade do Porto (Portugal), Drª Rosa Nunes, deu início a sua palestra ‘Distribuição do Conhecimento e Escola Democrática’, nesta sexta-feira, 18, último dia da XI Conferência Estadual de Educação.

Em sua explanação a professora falou sobre a problemática da distribuição do conhecimento entendida como o ponto crítico da democracia. Rosa Nunes destacou alguns aspectos que estruturam a paisagem de ameaças e que desafiam os professores como profissionais e cidadãos. São eles: a divisão social do trabalho no sistema capitalista, e nela inscritas as classificações escolares, e patologização/medicação da educação. Rosa focalizou-se particularmente no primeiro aspecto.

Rosa Nunes fez uma reflexão sobre o lugar dos afetos na própria concepção do conhecimento. Fazendo um percurso até ao modo de produção capitalista, mais concretamente da produção“No mundo capitalista não escolhe quem quer, escolhe quem pode”, coloca Rosa industrial, a partir da década de 60. A professora descreveu o modo como os patrões desta época passaram a perceber a relação entre o papel da formação e do conhecimento com o aumento da produtividade do operário. Com isso, os patrões passaram a apoiar os operários na aquisição de conhecimento técnico, em contexto do trabalho. Dentro deste processo a professora apontou a reação de alguns operários na busca por conhecimento emancipatório com resposta a esta “generosidade” dos patrões.

A professora portuguesa falou ainda sobre o papel da linguagem na manutenção das relações de poder que garante o status quo e aproveitou para desconstruir o conhecimento útil, ao modo da produção capitalista, designando-o de conhecimento utilitário.

Finalizou a palestras referindo-se ao papel da classificação escolar. Esclareceu o auditório sobre o conceito de ‘Racismo da Inteligência’, do sociólogo francês Pierre Bourdieu. “O Racismo da Inteligência é uma das formas mais sutis de segregação e por isso, difícil de ser evitado. Transforma a diferença de classes em diferença de inteligência. Impera um silêncio. Não de alguém que é impedido de dizer o que queria, mas o silêncio de alguém que não tem como dizer aquilo que deveria”, afirmou a professora Rosa Nunes.