Usando de uma expressão tipicamente gaúcha, o professor Gaudêncio Frigotto conclamou os professores a resistirem a orquestração montada pelos representantes da classe dominante brasileira para derrubar a educação pública. “O professor não deve aceitar a situação em que o papel da sua centralidade é desmantelado”, afirma.
Na palestra “Democracia e participação popular no contexto de indeterminação da política e mercantilização da educação pública” Frigotto tratou do processo de desmobilização da sociedade brasileira orquestrado pelas classes dominantes e como isso possibilitou a expansão da transformação da educação em mais um produto.
A exemplo de Emir Sader, Gaudêncio Frigotto também fez duras críticas a classe dominante brasileira. Para ele a burguesia brasileira não é nacionalista e faz questão de ser subserviente aos ditames estadunidenses, pois não completou seu papel revolucionário como em outros países capitalistas. “Não dá para compor com as classes dominantes, pois no Brasil essas alianças vão engolir aqueles que querem transformar o Brasil em uma nação”, disse.
Gaudêncio, como era de se esperar, não trouxe receitas prontas para reverter o processo de “anomia política” que tomou conta do país, mas reforçou que os educadores não devem se deixar vender, por mais tentadoras que sejam as oportunidades oferecidas. O educador deve manter sua autoria em sala de aula e não deixar-se influenciar pelas “facilidades” oferecidas pelos pacotes instrucionais. A resistência é a chave para reverter esse processo e recuperar a centralidade do professor.