A superação dos tempos difíceis dependerá da capacidade de resistência das camadas populares

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A unidade da classe trabalhadora e a resistência como formas de combater as ações do governo golpista Michel Temer e da elite burguesa brasileira permearam as falas dos conferencistas João Wanderley Geraldi da Unicamp e Valter Pomar da Universidade Federal do ABC na fala de abertura da XIII Conferência Estadual dos Trabalhadores em Educação na noite da última quarta, 16, no Iate Clube de Aracaju.

Valter Pomar fez uma análise de conjuntura abordando o aspecto internacional e nacional. Para ele vivemos tempos difíceis, principalmente para os trabalhadores da Educação e da Saúde, pois estamos em um momento histórico em que o capitalismo é mais capitalismo que nunca.

Ele abordou também sobre o populismo de direita que é uma situação vivida não somente no Brasil, mas no resto do mundo vide a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e o aumento da influência de partidos ultraconservadores na França, Alemanha e em demais países europeus e que isso não se deve somente a ofensiva da direita, mas também a dificuldades enfrentadas pela esquerda.

“Mais e mais trabalhadores votam na direita, mas não somente pelo discurso apresentado por eles, mas também por culpa da esquerda que não consegue atrair o trabalhador para votar nela. Para barrar a direita violenta é preciso uma esquerda combativa.”, afirmou Valter Pomar.

Sobre a situação brasileira ele reafirmou que as ações do governo golpista de Michel Temer (MP 746, PEC 55, Lei da Mordaça, PL 4567) são as confirmações dos motivos do impeachment de Dilma Rousseff, pois o que Temer a elite brasileira defendem é o alinhamento do Brasil aos interesses dos Estados Unidos, a redução das liberdades democráticas e consequentemente da redução dos salários da classe trabalhadora e da sua capacidade de resistência.

 “Pelas próximas décadas veremos uma crise social crescente que vai ser enfrentada pelo governo golpista com a repressão, pois se todas essas ações forem concretizadas o Brasil voltará aos anos de 1920 quando era basicamente uma fazenda e uma mina, fornecendo somente alimentos e minérios para o restante do mundo”, aponta.

Todo esse cenário só será revertido a partir da capacidade de resistência das camadas populares na defesa do direito de liberdade e organização e com a vinculação da luta econômica e política.

Valter Pomar também lembrou que já se viveu tempos semelhantes e que a capacidade de luta e resistência da classe trabalhadora superou-os, mas avisa que na próxima vez em que superarmos tempos difíceis, não podemos deixar os instrumentos (Comunicação, Judiciário e Legislativo) nas mãos da direita para que eles não virem o jogo. “Não dá para ser complacente e tolerante com a classe dominante brasileira, pois ela só quer o fim da classe trabalhadora”.

“Vivemos tempos de medo que beiram o terror”

Para João Wanderley Geraldi, da Unicamp vivemos uma época em que o medo permeia as ações. E esse medo, fomentado pela elite dominante (o 1% da população mundial que possui mais que 3 bilhões de pessoas) faz com que pobre lute contra o pobre.

Ele fez um percurso histórico em que os acontecimentos estão mostrando que os sistemas mundiais estão caindo, principalmente os Estados Unidos. A nação que arvora ser a mais democrática e se denominou polícia do mundo vem perdendo o seu lugar. “O império estadunidense está caindo e para cair ele vai jogar muita bomba tanto no sentido físico quanto no simbólico. Os impérios quando caem produzem caos” aponta. Esse caos é o enriquecimento imediato de alguns e empobrecimento de muitos.

Ele lembrou que para a direita voltar a ser efetivamente dominante ela precisa implantar um Estado vigilante e policialesco e ao fomentar medo, todos acabam a pensar que a segurança para todos é uma benesse.

Ao tratar do Brasil, João Wanderley fez duras críticas a elite brasileira. “A elite brasileira é uma elite burra e atrasada, pois quer nos impor um governo neoliberal, onde as riquezas naturais só servem para ser vendidas. Onde o Estado não é mais um intermediador de conflitos, mas sim deixa-los a cargo do mercado”, afirmou.

Mesmo com todo o pessimismo, o professor doutor da Unicamp colocou que a resistência é necessária, afinal  “os frutos da terra são comuns e são de todos”.